ROTANEWS176 E POR BBC NEWS 29/01/2023 07:13
Reprodução/Foto-RN176 Brasil, que já chegou a ser considerada a sétima maior economia do mundo, hoje está fora do top 10 – GETTY IMAGES
Responder à pergunta do título não é fácil.
Pode-se ter alguma ideia de quais são, mas não muito precisa. E, afinal, de que tipo de riqueza estamos falando?
Bom, a medida que costuma ser usada é o Produto Interno Bruto, ou PIB, que é a soma da produção de bens e serviços de um país em um determinado período e é tomado como indicador para refletir a riqueza de uma região.
É um dos indicadores mais conhecidos e usados na economia e, entre outras coisas, ajuda os governos a saber quanto vão receber de impostos e, portanto, quanto podem gastar em serviços como saúde e educação.
Então, embora muitos critiquem usar PIB como medida de riqueza, vamos com esse, pelo menos por enquanto, para matar a curiosidade.
Em contagem regressiva, com os dados de outubro de 2022 do Fundo Monetário Internacional e do Visual Capitalist, aqui estão eles (veja se algum te surpreende):
- Itália, com US$ 1,997 trilhão
- Rússia, com US$ 2,113 trilhões
- Canadá, com US$ 2,2 trilhões
- França, com US$ 2,778 trilhões
- Reino Unido, com US$ 3,199 trilhões
- Índia, com US$ 3,469 trilhões
- Alemanha, com US$ 4,031 trilhões
- Japão, com US$ 4,301 trilhões
E agora, um grande salto de US$ 14 trilhões e alguns bilhões!
- China, com US$ 18,321 trilhões
E o último, quase US$ 8 tri a mais!
- Estados Unidos, com US$ 25.035 trilhões
O Brasil, que já chegou a figurar como sétima maior economia do mundo em tamanho de PIB, hoje está fora do top 10.
Mas o que esses números nos dizem?
Algo, mas, de nenhuma maneira, tudo.
Como apontam alguns dos críticos do PIB, a chave está na terceira palavra de seu nome.
Reprodução/Foto-RN176 Na década de 1930, a intenção do PIB era encontrar uma forma de medir a economia como um todo para ter uma ferramenta que o ajudasse a sair da Grande Depressão – GETTY IMAGES
Nem mesmo seu criador, o economista americano Simon Kuznets, se orgulhava dela.
Sua intenção, na década de 1930, era encontrar uma forma de medir a economia como um todo para ter uma ferramenta que ajudasse países a sair da Grande Depressão.
A ideia era avaliar o que realmente era produtivo, ou seja, encontrar o que realmente trazia bem-estar. Mas antes que conseguisse encontrar uma medida mais adequada que o PIB, estourou a Segunda Guerra Mundial e as prioridades mudaram: a questão urgente não era o bem-estar, mas a vida, e armas eram necessárias para defendê-la.
Para o influente economista britânico John Maynard Keynes, era essencial saber o que a economia podia produzir e qual era o mínimo que as pessoas precisavam consumir, para saber quanto sobrava para financiar a guerra.
Outro tipo de cálculo era necessário, então o foco dessa medida mudou.
E assim ficou.
Após a guerra, os Estados Unidos precisavam saber como estavam os beneficiários de sua ajuda à reconstrução, então todos começaram a usar o PIB.
Foi então ampliado graças às Nações Unidas e tornou-se o padrão global.
Por cabeça
A medida de bem-estar econômico que Kuznets queria criar acabou sendo uma medida de atividade na economia.
A diferença é que tem muita coisa que não é boa para a sociedade, mas é boa para a economia. Então produzir, por exemplo, algo que salve a vida de crianças conta tanto quanto produzir balas para armas que as matam.
Também não mede qualidade, apenas quantidade.
Reprodução/Foto-RN176 Kuznets queria fazer algo muito diferente. Aqui está ele, em 1971, recebendo o Prêmio Nobel de Economia – GETTY IMAGES
Quando você paga uma passagem de trem, por exemplo, que conta no cálculo do PIB, não conta se o trem que você está pegando está em ruínas, cheio de gente, com um serviço ruim e sujo. Ou se é um trem bala, que chegou no horário e está bem conservado.
Além disso, também não diz nada sobre a distribuição da riqueza: um país pode ter um PIB alto, mas também muita desigualdade.
Observe o quanto a lista muda se a medida for o PIB per capita, que mede a relação entre a renda nacional (via PIB em um determinado período) e o número de habitantes do local.
Embora também não reflita a realidade, dá, segundo os especialistas, uma ideia mais próxima do bem-estar socioeconômico.
Segundo o mapa atual do FMI (2023), os 10 mais ricos desse ranking são…
- Luxemburgo
- Singapura
- Irlanda
- Catar
- Macau
- Suíça
- Noruega
- Emirados Árabes Unidos
- 9.Brunei
- Estados Unidos
Nenhum dos países da primeira lista aparece nela, exceto os Estados Unidos, que, apesar de ter a maior economia do mundo, respondendo por cerca de 20% do PIB global, está em 10º lugar.
Sobre o número 1…
Luxemburgo, um dos menores países do planeta, tanto em área quanto em população, é o país mais rico do mundo de acordo com esse ranking específico.
Reprodução/Foto-RN176 O alto desempenho de Luxemburgo se deve, em parte, pelo fato de que cidadãos de países vizinhos como França, Alemanha e Bélgica, trabalham no país, mas não moram nele – GETTY IMAGES
É o maior centro bancário do mundo: mais de 200 bancos e 1.000 fundos de investimento operam em sua capital.
Com uma das forças de trabalho mais educadas e entre as mais altamente qualificadas do mundo, atendendo às demandas de corporações multinacionais, Luxemburgo é enriquecido por uma mistura de indústrias e uma economia de importação e exportação baseada em serviços financeiros.
Também possui pequenas e médias empresas, além de um pequeno, mas próspero setor agrícola.
Seu alto desempenho se deve, em parte, pelo fato de que cidadãos de países vizinhos como França, Alemanha e Bélgica, trabalham no país, mas não moram nele. Portanto, contribuem para o crescimento do PIB, mas não são incluídos no cálculo per capita.
Luxemburgo atrai empresários estrangeiros com impostos preferenciais. Segundo os jornais Le Monde e Süddeutsche Zeitung, 90% das empresas registradas no país são de propriedade de estrangeiros.
E, para os funcionários, altos salários.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa Econômica de Luxemburgo, o salário mínimo no país é de US$ 2.488 (R$ 12.648) mensais. Portanto, qualquer trabalhador não qualificado pode contar com esse valor.
A hora de US$ 14,40 (R$ 73,26) é quase o dobro do salário mínimo federal de US$ 7,25 (R$ 36,89) nos EUA, o país que lidera a lista acima, e perde apenas para o salário mínimo da Austrália (US$ 14,54 por hora, ou R$ 73,98), o mais alto de 2022.
O salário médio é de US$ 5.380 (R$ 27.370) por mês, mas especialistas que trabalham em bancos, seguradoras, setor de energia e tecnologia da informação ganham muito mais do que isso.
E a América Latina?
Bem, você tem que descer um pouco nessas listas para encontrar um país da região da América Latina e Caribe.
No PIB per capita, os primeiros a aparecer são a Guiana sul-americana e a ilha caribenha de Aruba, seguidas – quatro posições depois – por Porto Rico. Panamá, Trinidad e Tobago, Chile e Uruguai aparecem posteriormente… Mas aí já estamos na posição 66.
Nas listas em que os países latino-americanos aparecem no top 10 estão as de “Os mais ricos em recursos naturais”, com o Brasil e a Venezuela nas posições 7 e 10, respectivamente (com Rússia e Estados Unidos no topo).
E, claro, muitas vezes nas listas de países mais bonitos.
Esta reportagem foi inicialmente publicada em – https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64286109