Quem criou a bomba atômica?

ROTANEWS176 21/07/2023 13h58                                                                                                                              Por Daniele Cavalcante

A criação da bomba atômica envolveu vários cientistas e físicos teóricos célebres entre as décadas de 1930 e 1940, mas quem fez a maior contribuição?

 

A invenção da bomba atômica é geralmente atribuída ao físico teórico Julius Robert Oppenheimer, mas a arma nuclear teve outros nomes importantes por trás de sua criação. As maiores contribuições para a teoria que permitiu o desenvolvimento do dispositivo foram aquelas dos físicos Leo Szilard e Enrico Fermi, mas muitos outros cientistas também tiveram papel importante.

Quem inventou a bomba atômica?

Não existe apenas um cientista que possa receber todos os créditos pela invenção da bomba atômica. Durante mais de uma década, vários físicos teóricos e estudiosos da recém-inaugurada área da física quântica contribuíram para novas descobertas que se tornaram cruciais para o desenvolvimento da arma nuclear.

Talvez possamos definir um ponto inicial em 1932, quando James Chadwick descobriu e provou a existência do nêutron, a partícula do núcleo atômico, e recebeu o Prêmio Nobel da Física pelo trabalho.

Reprodução/Foto-RN176 A equação de Einstein apresenta a relação entre massa e energia (Imagem: Reprodução/Domínio Público/Wikimedia Commons) Foto: Canaltech

Logo em seguida, cientistas da Universidade de Cambridge avançaram na física nuclear ao dividir o núcleo de um átomo de lítio pelo bombardeamento com prótons.

A equação de Albert Einstein

O experimento confirmou que a separação das partículas nucleares libera enorme quantidade de energia, uma previsão feita por Albert Einstein em sua equação E = mc², uma das equações fundamentais da Teoria da Relatividade.

Ela descreve a relação entre massa e energia, ou seja, que quantidades de massa (representadas por m) têm grandes quantidades de energia (E). A equação diz ainda que a velocidade da luz é uma constante que revela a energia que deve existir em uma quantidade de matéria determinada.

Reprodução/Foto-RN176 Foto: United States Department of Energy / Canaltech

Inspirado relação de equivalência massa-energia proposta por Einstein e por descobertas mais recentes, Leo Szilard, um judeu nascido na Hungria que fugiu da Alemanha para o Reino Unido, decidiu encontrar meios de usar essa energia.

Leo Szilard não estava sozinho. Sua maior motivação junto a seus colegas na criação de uma arma nuclear era o temor de que os nazistas atingissem esse objetivo antes dos países aliados durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Cientistas refugiados dos regimes fascistas alertavam que o perigo era real, e pressionaram o governo dos Estados Unidos a investir em uma cruzada para criar a primeira bomba nuclear do mundo antes que fosse tarde demais.

Outros cientistas por trás da bomba atômica

Szilard estava convencido de que um núcleo atômico dividido em duas partes liberaria energia e iniciaria uma reação em cadeia que iria gerar ainda mais energia, mas seus esforços em provar o conceito fracassaram. Foi em 1938 que os físicos alemães Otto Hahn e Fritz Strassman conseguiram bombardear átomos de urânio com nêutrons. No final da reação, eles encontraram vestígios de bário.

Naquele ano, Hahn e Strassman transmitiram suas descobertas para a química austríaca Lise Meitner, que percebeu que o núcleo de urânio estava se dividindo em duas partes aproximadamente iguais, e batizou o processo de fissão. Em seguida, o físico italiano Enrico Fermi descobriu que a fissão do urânio liberava nêutrons secundários, capazes de fazer a reação em cadeia acontecer.

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Essa era a peça que faltava para a ideia de Szilard funcionar. O físico se juntou a Fermi, e a dupla trabalhou na ideia: calcularam que um quilo de urânio geraria energia equivalente a 20.000 toneladas de TNT e perceberam que o mundo estava a caminho de um destino sombrio. Afinal, se não criassem a arma, os alemães o fariam.

O enriquecimento de urânio

Foi apenas em 1940 que os alemães refugiados Rudolf Peierls e Otto Frisch, que contribuíam com os países aliados, descobriram como produzir grandes quantidades de urânio-235, o isótopo instável com o qual a fissão nuclear pode acontecer com maior facilidade. O processo ficou conhecido como enriquecimento de urânio.

A descoberta levou os cientistas a pressionarem o governo britânico, membro dos países aliados, a levar a sério os riscos da “‘superbomba radioativa” que poderia ser desenvolvida pela Alemanha de Adolf Hitler. Isso resultou no início do projeto Tube Alloys que, mais tarde, foi integrado ao Projeto Manhattan.

O pai da bomba atômica

Julius Robert Oppenheimer também contribuiu com as teorias sobre a bomba nuclear, mas seu papel mais significativo foi como diretor de laboratório do Projeto Manhattan, que levou a teoria à prática. O físico conduziu diversas pesquisas feitas simultaneamente para encontrar rapidamente as melhores técnicas de produção da bomba e de enriquecimento do urânio.

O bombardeio de Pearl Harbor, em dezembro de 1941, foi a faísca que acendeu a aceleração dos avanços da equipe do Projeto Manhattan. Um ano depois, em 2 de dezembro de 1942, a equipe de Fermi conseguiu realizar a reação em cadeia no interior de Chicago Pile-1, um reator experimental.

Trinity, a primeira bomba atômica

Sob a direção de Oppenheimer, a primeira bomba atômica, batizada de Trinity, foi contruída e testada com sucesso em uma área próxima a Alamogordo, no Novo México. A explosão produziu uma onda de choque sentida a 160 km de distância e uma nuvem em formato de cogumelo, com 12,1 km de altura. Ela era do mesmo tipo da bomba Fat Man, detonada sobre a cidade japonesa Nagasaki em 1945.

Se por um lado a teoria da energia nuclear foi concebida por um trabalho construído ao longo dos anos, Oppenheimer liderou a força tarefa para determinar a viabilidade da bomba e desenvolvê-la ao lado de vários cientistas. Ao dirigir um projeto enorme distribuído em 30 localidades diferentes e transformar o conceito em um objeto real, Oppenheimer fez por merecer o título de pai da bomba atômica.

O mundo após as primeiras bombas atômicas

Em 16 de julho de 1945, os Estados Unidos detonaram a primeira bomba nuclear do mundo no deserto do Novo México. O teste foi a prova final e terrível de que a energia nuclear poderia ser transformada em arma, e levou Robert Oppenheimer a relembrar uma passagem da escritura hindu Bhagavad Gita: “Eu me tornei a morte, o destruidor de mundos”.

Os ataques às cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão, logo após a explosão da Trinity, iniciaram uma corrida nuclear aberta e o Projeto Manhattan continuou conduzindo testes de novas bombas nucleares durante as Operação Crossroads. Ela foi uma sequência de testes nucleares conduzidos pelos Estados Unidos em 1946, com um atmosférico, e o outro, aquático.

Estima-se que hoje existam 9.576 armas atômicas no mundo.

Países com bombas atômicas confirmadas

  • Estados Unidos
  • Rússia
  • Reino Unido
  • França
  • China

Países que declararam posse de armas nucleares

  • Índia
  • Paquistão
  • Coreia do Norte

Por fim, Israel é apontado como dono de uma arma nuclear, mas a informação não foi confirmada.

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