ROTANEWS176 15/03/2025 12:05 ENTREVISTA DIRETO DA REDAÇÃO DO JORNAL SEIKYO SHIMBUN Por Seikyo Shimbun
Reprodução/Foto-RN176 Encontro de Orlando Bloom com o mestre da vida, Daisaku Ikeda (província de Nagano, jul. 2006). Ele foi um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente era o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional — Foto: Seikyo Press
SEIKYO SHIMBUN
O ator Orlando Bloom protagonizou diversos filmes de Hollywood, tais como O Senhor dos Anéis e a série Piratas do Caribe. Com sua elegância e habilidade artística, cativou fãs no mundo inteiro. Em setembro do ano passado [2024], ele foi entrevistado pelo canal Buddhability distribuído pela SGI-Estados Unidos por meio de podcasts (serviços de distribuição de áudio) e pelo YouTube. Falou abertamente sobre o que o inspirou a praticar o budismo, como também sobre o seu encontro com Ikeda sensei.
Confira entrevista de Orlando Bloom publicada no Seikyo Shimbun de 1o de janeiro de 2025:
Qual foi a principal motivação para iniciar a prática budista?
Orlando Bloom: Querendo me tornar ator, deixei minha cidade natal aos 16 anos e mudei para Londres. Precisei estudar pintura para o exame na escola de arte dramática que estava frequentando. Na ocasião, o artista que me ensinou era membro da SGI.
Certo dia, visitando a casa dele, ouvi, do quarto ao lado, uma voz recitando Nam-myoho-renge-kyo. Quando lhe perguntei o que estava fazendo, ele me disse: “Estou recitando daimoku para que você seja bem-sucedido no exame”. Ao indagá-lo se o Nam-myoho-renge-kyo servia para isso, ele me respondeu: “Sim”. Acreditei em suas palavras e comecei a recitar daimoku junto com ele. Explicou-me sobre o Gohonzon e me transmitiu as orientações de Ikeda sensei. Diferentemente da imagem de religião que tinha até então, era bastante lógico, fácil de entender e prático.
Na época, fazia tudo o que qualquer indivíduo desejando ser ator deveria fazer. Mesmo assim, parecia faltar algo. Estava em busca de uma filosofia que pudesse ser o roteiro da minha vida. O que me convenceu, do fundo do coração, foi o pensamento de que era minha a responsabilidade de me fazer brilhar ao máximo, e de não depender dos outros para meu crescimento. A recitação do daimoku é a prática da revolução humana para mudar o coração por meio do aprimoramento da nossa própria vida. Aos meus 16 anos, nem sequer tinha pensado nas palavras “sabedoria”, “coragem” e “compaixão” ditas pelo presidente Ikeda. Entendi perfeitamente que a prática do budismo era o roteiro certo para minha vida.
Quando se formou na escola de arte dramática, conquistou a vitória com um grande trabalho (papel do elfo Legolas em O Senhor dos Anéis).
Orlando Bloom: Sim, aquilo foi realmente incrível. Foi um momento de sonho. Mais que beliscar as bochechas, era o sentimento de querer “bater a cabeça na parede”, imaginando: “Espere um pouco. O que está acontecendo?”.
Reprodução/Foto-RN176 Orlando Bloom com sua noiva, a cantora Katy Perry, em frente ao Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu, Tóquio, Japão (jan. 2025). Foto: reprodução Instagram
Durante o período da escola de teatro, passei por diversas audições, atuando nas peças, mas sempre me sentia inseguro, pensando se conseguiria me sair bem, ou se não esqueceria dos textos das falas. Nessas circunstâncias, recitava daimoku.
Os membros da Soka Gakkai costumam falar em “cumprir a missão pelo kosen-rufu”. Kosen-rufu significa “criar valor”. Se estou criando valor, então, por meio do papel mais adequado para mim, tenho a oportunidade de criar valor para a sociedade.
O elfo Legolas, meu papel, era uma figura imortal; não era deste mundo. Porém, pensei que deveria retratá-lo como um ser humano real, e não um personagem distante deste mundo. Como ele também era forte em combate, pesquisei vários filmes, inclusive o do japonês Akira Kurosawa. Orei incessantemente para que pudesse cumprir a minha missão. Não tenho a menor dúvida de que isso fez com que eu conseguisse superar aquele momento.
Depois disso, no entanto, na metade final da minha fase dos 20 aos 30 anos, passei por uma situação que pode ser chamada de “olho do furacão” da minha carreira. Sofri intensas críticas e ridicularizações. A prática da fé era minha única esperança, e continuei recitando daimoku. A passagem do Gosho que estudei naquela ocasião foi “Pessoas sábias são assim chamadas porque não são levadas pelos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer”.1 Então, decidi: “Está bem. Em vez de ser influenciado pelos outros, eu me tornarei uma pessoa sábia”. Mesmo quando os outros tentavam me influenciar, estava feliz por ter uma diretriz para a qual deveria retornar. Misticamente, o fato de não ser influenciado pela prosperidade, declínio, elogios ou críticas proporcionou-me uma oportunidade para eu continuar crescendo. Por trás de todo o cenário, havia sempre a recitação do daimoku. Seja participando de uma cerimônia de premiação, indo a uma audição, seja encontrando-me com um diretor, havia sempre o daimoku nos momentos que se tornaram a base da minha carreira.
Em julho de 2006, aconteceu o encontro com Ikeda sensei no Japão.
Orlando Bloom: Ao chegar ao Centro de Treinamento de Nagano, desci do carro e Ikeda sensei me aguardava com os braços levantados com sinal de “V”. Naquele momento, fui tomado por uma profunda emoção, como se fosse atingido por um relâmpago. Embora me encontrasse pela primeira vez com ele, senti como se eu fosse alguém que já o conhecesse há muito tempo, vivendo juntos desde o remoto passado. Fiquei tão agitado que corri até ele e o abracei.
Em um cartão, escrevi sobre os meus sentimentos em relação ao Mestre e enviei para ele:
Estimado Mestre,
Empunhando a espada do Sutra do Lótus, fazendo da sinceridade o meu modelo, considerando-o como meu mestre, e fazendo da força do bem de todo o universo, o meu aliado, objetivarei o kosen-rufu…
Ao receber o cartão, sensei afirmou:
Nós somos companheiros. Eternos companheiros.
O importante é viver até o fim de forma autêntica. O Sr. Orlando Bloom está conduzindo sua vida exatamente dessa maneira. Viver somente como um ator, e pelo trabalho, é levar uma vida habitual. O senhor está vivendo verdadeiramente em prol das pessoas, da sociedade, e do budismo, que é a eterna filosofia. Esse aspecto é nobre. É o modo de vida do mais alto valor.
Reprodução/Foto-RN176 ator interage com estudantes da Ucrânia durante uma visita ao país como Embaixador da Boa Vontade do Unicef (abr. 2016)
Foi um encontro no qual experimentei a sensação de ter sido confiado a mim o bastão invisível de mestre para discípulo.
Porém, o que eu sinto agora, relembrando aquele momento, é que, embora estivesse presente naquele local, na verdade, não importa quem tivesse sido. O fato de o Mestre, Daisaku Ikeda, ter falado comigo, um discípulo, foi um encontro para encorajar todos os seus discípulos. Só percebi isso depois.
Por favor, uma mensagem final.
Orlando Bloom: A prática do budismo é maravilhosa por considerar que todas as pessoas possuem o potencial do estado de buda. Sensei me ensinou isso. Os responsáveis pela nossa vida somos sempre nós próprios. Mesmo que esteja em uma circunstância de inferno ou de asura, a pessoa pode mudar a si por meio da prática da fé e elevar sua condição de vida.
Qualquer pessoa está sujeita a fracassos. Não é por ser budista que não cometa erros. Entretanto, se possuir uma filosofia chamada prática do budismo, mesmo que tenha algum fracasso, a pessoa pode se levantar novamente a partir daí. No daimoku, existe a sabedoria para superar quaisquer dificuldades, transformando veneno em remédio. Se puser em prática com toda a seriedade, poderá vencer na vida infalivelmente. Em uma época conturbada como a de hoje, o budismo nos oferece a indicação do caminho mais certeiro.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 53, 2017.Orlando Bloom
Nascido em 13 de janeiro de 1977, em Cantuária, Inglaterra. Ao se formar na prestigiosa Guildhall School of Music and Drama (Escola de Música e Teatro Guildhall), conseguiu o papel do mestre arqueiro Legolas na série O Senhor dos Anéis. Posteriormente, atuou em diversos filmes populares, tais como a série Piratas do Caribe. É Embaixador da Boa Vontade do Unicef.
Assista
Ao vídeo da entrevista de Orlando Bloom para o podcast Buddhability. Clique aqui .
FONTE: JORNAL SEIKYO SHIMBUN