Recitar daimoku para ser feliz

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 13/04/2019 12:10

Valéria é uma mulher forte e determinada que, encorajada pela prática budista, rompeu o próprio destino e decidiu ser verdadeiramente feliz. No coração, ela mantém o desejo de avançar a cada dia inspirando as pessoas ao redor.

Valéria da Silva Brito, resp. pela DF da Comunidade Jardim Icaraí e vice-resp. pelo grupo Zenshin da RM Niterói, CSMRJ, CGERJ.

Reprodução/Foto-RN176 Acima, Valéria no Parque da Cidade, em Niterói, RJ, região para onde se mudou com a família recentemente: “É um dos lugares mais belos do mundo!”, afirma

Cresci em meio às atividades da BSGI por conta dos incentivos da minha mãe, Anailde, sobre a prática da fé. Esse direcionamento foi crucial para mim, pois aos 28 anos, enfrentei o grande desafio da minha vida.

Eu estava num mar de sofrimentos, separada, com um filho pequeno, com depressão e transtorno do pânico. Senti que havia chegado ao meu limite. No entanto, mantive a esperança no coração e me lembrei da frase de um escrito de Nichiren Daishonin “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando o Nam-myoho-renge-kyo independentemente do que aconteça” (CEND, v. I, p. 713).

Naquele momento consegui resgatar minha individualidade, minha dignidade como mulher e segui novamente a estrada que eu amo, da qual jamais fugirei, que é o kosen-rufu.

Mudar a vida

Minha mãe conheceu o Budismo de Nichiren Daishonin em 1983 e recebeu o Gohonzon no ano seguinte. Isso aconteceu com o apoio de uma vizinha que, ao ver seu sofrimento, recomendou que se ela quisesse ser feliz e transformar a sua situação deveria recitar Nam-myoho-renge-kyo.

Tínhamos pouca harmonia em casa e muitos problemas financeiros, pois meu pai era viciado em jogos de azar e quase não trabalhava, gastando o pouco que tínhamos nos carteados noturnos. Mesmo sem estudo, minha mãe, trabalhava na feira vendendo bolsas e artigos do gênero para complementar o orçamento. Eu tinha 6 anos e a acompanhava no trabalho, e por diversas vezes dormi em caixotes de feira.

Nós morávamos em São Gonçalo, RJ, e minha avó paterna que morava no mesmo quintal, sofria de esquizofrenia e tinha ataques súbitos. Ela se tornava agressiva e  precisou ser internada várias vezes. Foi em meio a tudo isso que recebemos o Gohonzon. E eu, mesmo pequena, sabia que o budismo era tudo o que tínhamos para nos fortalecer.

Minha mãe orava intensamente para dar um fim àquela situação; logo notamos sua mudança interior. Motivada, ela resolveu fazer um curso de cabeleireira.

Nesse ínterim, meu pai decidiu iniciar a prática budista e participava timidamente das atividades.

Tempos depois, minha mãe conseguiu finalmente ter uma profissão e abriu um salão de cabeleireiros em casa. Que vitória!

Enfrentar desafios

Como eu fazia parte do Grupo 2001 (atual Divisão dos Estudantes da BSGI), aprendi que podia colaborar com a família. Assim, aos 9 anos cuidava de todas as tarefas domésticas para que meus pais pudessem trabalhar.

Atuei como líder na organização de base e fiz parte da banda Asas da Paz Kotekitai. Em 1993, encontrei-me com Ikeda sensei no Centro Cultural do Rio de Janeiro, e os momentos que vivi estão guardados em meu coração! Mesmo com dificuldades, eu me desenvolvi, me tornei feliz e sonhadora. Vislumbrava um futuro brilhante.

Quando estava com 16 anos meus pais se separaram, mas sem brigas ou desarmonia. Com nosso apoio, meu pai recebeu o Gohonzon. Quatro anos depois ele faleceu serenamente, encerrando sua missão com dignidade.

Na época, eu tinha 20 anos, e namorava o pai do meu filho, Caio, que nasceu em 2002. Nós morávamos juntos e eu estava completamente apaixonada. Sem perceber, perdi a noção de mim mesma e meu senso de missão. Acreditava que somente vivendo esse amor em toda a sua intensidade poderia ser feliz.

Não abandonei a prática budista, mas a escuridão fundamental se fez presente. Como viver um amor sem medidas é viver numa corda bamba sem proteção, logo surgiram as brigas, os problemas financeiros, as decepções, e a ilusão do amor pleno virou um inferno numa realidade nada sonhadora.

Decidida a ser feliz, eu me separei desse homem que tanto amava. Logo após, enfrentei muitos desafios, pois fui morar sozinha e travei uma luta árdua para manter meu filho enquanto quitava as imensas dívidas contraídas no divórcio. Entrei em depressão e manifestei transtorno do pânico. Esgotei todas as forças, mas precisava seguir em frente.

Certeza da vitória

Renovei minha decisão, e na organização passei a oferecer minha casa para a realização das atividades. Com o desejo de expandir o budismo na localidade, auxiliei muitas pessoas a iniciar a prática.

Nessa fase, senti plenamente que os direcionamentos do nosso querido mestre, Daisaku Ikeda, surgiram como um guia. Quanta gratidão! Em meio às lágrimas nas noites que passei em claro, foi em suas palavras que encontrei as respostas para a transformação do destino.

Reprodução/Foto-RN176 Da esq. para a dir., Caio; a Sra. Anailde; Valéria; o marido, Marcone; e a filha, Giovanna

Fortaleci o coração, e a cada dia vencia uma nova batalha. Concluí a faculdade de publicidade, propaganda e marketing, fiz pós-graduação na Universidade Federal Fluminense e comecei a estudar inglês.

Por meio dos estudos, consegui me desenvolver profissionalmente e fui contratada por uma multinacional farmacêutica. Com isso, conquistei independência financeira e pude custear os estudos do meu filho.

Em certo momento, senti que podia começar um novo relacionamento. Eu tinha 34 anos e queria ter uma família. Mas, desta vez, queria que fosse diferente e recitei firme daimoku determinada a romper o carma.

Em 2010, conheci meu marido, Marcone, e nós nos casamos há oito anos. Hoje sei o que é olhar junto com outra pessoa para a mesma direção. E meu filho e meu marido têm uma relação de pai e filho, com amor, carinho e respeito.

Vida realizada

Meu marido e eu resolvemos ter um filho. Ao fazer alguns exames, descobri que tinha um mioma uterino. Voltei para casa chorando e diante do Gohonzon decidi vencer novamente.

Passei por três cirurgias entre 2013 e 2016, rompi meus limites, e sobretudo, mantive o intenso desejo de ser mãe. Depois de cinco anos, com a ajuda de médicos especialistas, em abril de 2016 engravidei naturalmente aos 41 anos de uma bela menina.

Vivi intensamente minha gravidez. Atuava firme na organização, ensinando o budismo para as pessoas visando a expansão da comunidade, que logo passou a ter mais de 120 famílias divididas em quatro blocos!

Giovanna nasceu em dezembro de 2017. Que felicidade!

No entanto, durante o parto, soubemos que ela tinha má-formação dos pés. O tratamento consistia em realizar sete trocas de gesso, cirurgia e colocação de órtese corretiva até que ela completasse 3 anos. Além disso, teríamos de cobrir os custos sem reembolso do plano de saúde.

Quando trouxe minha filha para casa com gesso, meu coração ficou em pedaços. Liguei para minha mãe que, como uma rainha, me acalmou e me encorajou. A  partir dali recitei daimoku com todas as minhas forças para que a cirurgia não fosse necessária.

Na penúltima consulta antes da operação, o médico manipulou várias vezes o pezinho da Giovanna e constatou que não seria preciso fazer a intervenção cirúrgica. E em vez de sete gessos, ela utilizou apenas quatro. Apesar da recuperação delicada e adaptação da órtese, Giovanna está engatinhando e dando os primeiros passos. Vitória!

Sem dúvida, transformei o veneno em remédio! O budismo fez despertar a coragem em meu coração e meu juramento é viver com o ardente espírito de cumprir minha missão atuando pela verdade e pela justiça junto com Ikeda sensei!