ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/12/2020 11:03
CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Origem”, volume 29
PARTE 47
Às 20 horas do dia 9 de fevereiro, foi realizado um jantar de recepção oferecido pelo presidente do jornal Indian Express, R. N. Goenka, à comitiva em um hotel de Nova Délhi. Indian Express era um dos melhores periódicos da Índia.
Na recepção, compareceram diversos intelectuais, entre os quais o ministro das Relações Exteriores, Atal Bihari Vajpayee, às vésperas de sua viagem à China, e o ministro de Informações e Comunicações, Lal Krishna Advani. Foi uma noite de agradável diálogo envolto por sinceridade.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI
O presidente Goenka era um homem da imprensa de forte espírito e de mente aberta. Pela sua alegria e por suas risadas incessantes, era difícil imaginar que já estivesse com mais de 70 anos. Sua forma enérgica de conversar indicava seu espírito de luta indomável. Por ocasião do desembarque da comitiva na Índia, ele também foi recepcioná-los no aeroporto a despeito do horário avançado da noite. Ele nasceu no estado de Bihar, na região leste da Índia, em abril de 1904. Na juventude, integrou o movimento de Gandhi com a disposição de conquistar vitoriosamente a independência da Índia do domínio da Inglaterra. Fazendo do seu jornal Indian Express uma arma, persistiu na luta, expondo diversas mentiras inventadas pela Inglaterra.
Mesmo depois da independência da Índia, houve uma época em que o presidente Goenka foi fortemente pressionado pelo jornal oficial do governo. Porém, ele nunca se rendeu a essas pressões, e persistiu sempre como um homem da imprensa que expressa sua visão e manteve sua posição e seus princípios.
Quando Shin’ichi lhe perguntou sobre o que teria impulsionado a vitória em romper tais condições adversas, o presidente respondeu com peito estufado:
— É a obrigação em relação às pessoas! O jornal não é algo que pertence somente a mim, mas ele existe para o bem das pessoas. Sou meramente alguém que foi confiado e recebeu as credenciais das pessoas; ou seja, sou um representante. E, portanto, para corresponder às pessoas, nunca pude me render e nem me submeter à vontade dos governantes.
A missão de uma pessoa da imprensa está em recolher a voz do povo, e lutar correspondendo aos corações invisíveis.
O poder das autoridades que tentam privar a liberdade de espírito começa tentando arrebatar a liberdade de expressão e de manifestação. Permitir que isso aconteça corresponde a abandonar o espírito humano.
E quando perguntado sobre o lema de sua vida, ele respondeu:
— Jamais deve ser destruído. Deve ser sempre construtivo. Esse é o princípio de minha vida.
PARTE 48
Quando parecia estar em um intervalo da recepção, o presidente Goenka disse a Shin’ichi com ar de muita humildade:
— Sinto muito e peço sinceras desculpas, mas preciso me retirar um pouco antes, pois tenho de ir ao casamento da minha neta.
O dia seguinte seria a festa de casamento de sua amada neta e ele viajaria em um trem noturno até o local. Shin’ichi soube que o casamento na Índia é realizado de forma magnífica e as comemorações começam cerca de uma semana antes da cerimônia propriamente dita. Nessas circunstâncias, ele disponibilizou seu tempo até a noite anterior à cerimônia do casamento para recepcioná-los.
Shin’ichi sentiu ter se encontrado com o lado humano do presidente, e pensou fortemente que deveria retribuir à lealdade dele da mesma maneira.
Na tarde do dia 10, Shin’ichi e comitiva visitaram o Museu Nacional da Índia situado na Avenida Janpath, em Nova Délhi. Começando pela idade da pedra, estavam expostas peças escavadas dos sítios arqueológicos Harapa e Mohenjo-daro da Civilização do Vale do Indo, como também patrimônios culturais de diversas épocas, como do rei Ashoka, do império Máuria, do rei Kanishka, do império Kushan, e do império Gupta. Eram todos objetos extremamente preciosos, tais como esculturas, desenhos, moedas, armas, tecidos, joias e obras de arte tradicionais, entre outros.
Após visitar as dependências do museu, Shin’ichi manteve encontro com o seu diretor M. R. Banerjee. Envolvido em pesquisas arqueológicas por longo tempo, realizando o trabalho de descoberta de patrimônios culturais, o diretor afirmou, semicerrando os olhos:
— Realizando as escavações, o que me deixou mais feliz foi o fato de ter descoberto que, no passado, a Índia já havia produzido artefatos de ferro. E assim, ficou claro que no país houve uma época áurea do ferro.
O trabalho de escavação exige muita paciência e persistência. Porém, por meio deste trabalho, elucida-se, passo a passo, a história da humanidade.
Josei Toda costumava dizer: “Descubram os valores humanos”. Essa também é realmente uma tarefa consistente e de muita persistência que requer muitos diálogos e visitas familiares. Mas a descoberta do tesouro chamado “valores humanos” torna-se a luz dourada a abrir o futuro do kosen-rufu.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.