ROTANEWS176 E POR IG 05/07/2018 21:16 Por André Jalonetsky
O arsenal e farta munição, seriam enviado pelo crime organizado paulista para apoiar facções criminosas no Rio Grande do Norte
Reprodução/foto-RN176 Um Fuzil 7.62, quatro pistolas 9mm, 1.440 munições e R$8.400,00 apreendidos com as duas criminosos – foto: ROTA / Divulgação
Após esconder um fuzil 7.62 de combate, quatro pistolas 9mm e 1.440 cartuchos de munição, as duas mulheres entraram no Renault Scenic prata e rumaram calmamente para a rodovia Fernão Dias. Por volta do meio dia, na altura de Mairiporã, a tranquilidade delas foi interrompida pela ROTA.
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Um dias antes, nesta segunda-feira (2), as duas criminosas fizeram uma viagem de ônibus de 320 quilômetros entre Ribeirão Preto e a Rodoviária do Tietê, e ao chegar, pegaram um Renault Scenic prata no estacionamento. Naquele momento elas estavam a menos de 4 quilômetros do Quartel da ROTA , no dia seguinte estariam a menos de 4 centímetros de um Pelotão completo de PMs das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar.
“Sem Sáida”
Reprodução/foto-RN176 “Sem Saída”. Momento em que PM de ROTA houve os detalhes da operação, confessados por uma das criminosas – foto: ROTA / Divulgação
Após dirigir cerca de 20 quilômetros, as criminosos chegaram em São Caetano, onde passaram a noite num hotel.
No dia seguinte, terça-feira (3), rumaram para a Zona Leste de São Paulo e entregaram o carro para um membro da quadrilha que o abasteceu com o as armas e munições do compartimento secreto.
“Na terça-feira de manhã, recebemos uma denuncia anônima sobre um carro cinza que iria passar pela Rodovia Fernão Dias, com duas mulheres transportando armamento pesado”.
“Após uma breve checagem dos fatos, reuni meu Pelotão e desenhamos um plano de interceptação”.
Espalhei as viaturas pelo primeiro trecho da rodovia, todas em movimento e em contato uma com a outra. Por volta do meio dia localizamos o alvo e convergimos”. Relata o Tenente PM Figueira, Comandante de Pelotão.
Viatura cinza com “R”branco na porta
Não deve ser muito agradável transportar um arsenal de combate no seu carro, e perceber que ao seu lado há uma viatura cinza da Polícia Militar, com uma enorme letra “R” branca pintada na porta. A coisa piora quando você nota que o espelho retrovisor está completo, de canto a canto, pela imagem da outra dessas viaturas com “R” na porta, te seguindo.
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Quando a Renault Scenic parou, o pior pesadelo de qualquer criminoso se materializou: cinco viaturas cercaram o carro e vinte PMs de ROTA desembarcaram para investigar.
Reprodução/foto-RN176 Momento em que os Policiais Militares de ROTA conseguem acionar o complexo sistema de abertura do esconderijo das armas e munições e retirar a parte superior do painel do carro – foto: ROTA / Divulgação
“Assim que localizamos o carro suspeito na rodovia e nos aproximamos, era visível o nervosismo das duas ocupantes, e por isso decidimos pedir para pararem. Na revista, encontramos R$8.400,00 em espécie, e após várias contradições, elas confessaram ter sido contratadas, por R$10 mil cada uma, para transportar as armas até Natal, no Rio Grande do Norte. Disseram que o dinheiro encontrado era para despesas dos cinco dias da viagem de ida, e para as passagens de avião de volta”, continua relatando o Tenente Figueira.
Um fuzil 7.62 é vendido por cerca de R$ 50 mil no mercado do terrorismo urbano. Ao ser disparada, sua munição possui tanta energia que facilmente fura a porta de um carro, atinge o motorista e o passageiro, e ainda passa pela outra porta. Como a velocidade da bala é supersônica, os dois ocupantes do carro vão morrer antes de conseguir ouvir o barulho do tiro!
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Carro Cofre
Levando-se em conta o custo do fuzil, e de que cada uma das pistolas 9mm vale R$ 10 mil, mais as centenas de munições, a compra e transformação do carro, e salário e despesas das mulas, essa operação deu um prejuízo ao crime cerca de R$150 mil, além de tirar de circulação armas de alto poder ofensivo, salvando dezenas de vidas.
Essa ocorrência do Pelotão do Tenente Figueira merece destaque por dois fatos. O primeiro é a visível expansão territorial do crime organizado paulista para outros estados. Essa é uma ameaça real e imediata, uma nítida prioridade para os terroristas urbanos, e que por isso mesmo também deve ser encarada como prioridade pelo poder público.
O segundo é o complexo e engenhoso mecanismo que o crime construiu para esconder as armas e munições, transformando o Scenic no que é conhecido como “carro-cofre”. Para ter acesso ao esconderijo, é necessário executar as ações abaixo, na seguinte sequencia:
- Ligar o ar-condicionado
- Ligar o desembaçador do vidro traseiro
- Abrir a janela elétrica traseira do lado direito até o fim
- Pisar no pedal do freio
Só então os PMs de ROTA conseguiram soltar toda a parte superior do painel, ganhando aceso ao compartimento secreto.