ROTANEWS176 E POR SAÚDEEMDIA 14/10/2022 15h10
Médicas explicam como uma alimentação desbalanceada pode danificar os rins. Saiba quais os melhores cardápios
Reprodução/Foto-RN176 Quais as melhores dietas para a saúde dos rins? Especialistas respondem Foto: Shutterstock / Saúde em Dia
Dietas não são feitas apenas para emagrecer. Elas, na verdade, ajudam a manter uma alimentação equilibrada e previnem diversos problemas de saúde, como doenças cardíacas, derrames e problemas renais. Portanto, alguns cardápios específicos podem ajudar a melhorar a saúde dos rins.
Novas diretrizes desenvolvidas pela American Heart Association e American College of Cardiology enfatizam que uma dieta saudável e nutritiva pode desempenhar um papel importante na redução do risco de ataque cardíaco e derrame. Além disso, também ajuda a “reduzir ou reverter” a obesidade, colesterol alto, diabetes e pressão alta – todos considerados fatores de risco para doenças cardíacas e renais.
Dietas indicadas para a saúde dos rins
“A dieta mediterrânea ou a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) são as mais recomendadas para pacientes que já têm ou querem evitar problemas cardíacos e renais”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
A especialista destaca que os rins são órgãos muito complexos e sensíveis a qualquer mudança na estrutura química do sangue. Por isso, o estilo de vida influencia significativamente a sua integridade e funcionalidade. “A progressão da doença renal é, normalmente, silenciosa. Portanto é necessário que se aposte na prevenção, com análises sanguíneas e urinárias regulares”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Segundo a Dra. Caroline, a alimentação saudável, como a dieta DASH, comprovadamente reduz a formação de pedras nos rins, além de diminuir a chance de diabetes e de pressão alta, grandes vilões para a saúde renal. “A dieta DASH é baseada na alta ingestão de frutas, verduras, vegetais, nozes, legumes, laticínios desnatados, grãos integrais e na baixa ingestão de açúcares e carnes vermelhas ou processadas. Nessas dietas, são recomendadas proteínas vegetais ou animais, desde que sejam magras (de preferência peixe)”, indica a nutróloga.
Apesar de terem as mesmas bases, a dieta DASH permite mais fontes de proteína de laticínios com baixo teor de gordura e cortes de carne e aves. Ao contrário da dieta mediterrânea, que não é uma dieta específica, mas um reflexo dos hábitos alimentares comuns nos vários países que fazem fronteira com o Mar Mediterrâneo. “Ambos os planos evitam alimentos ricos em gordura saturada e trans, que as diretrizes também desencorajam para proteger os rins e o coração”, afirma a Dra. Caroline.
Proteínas e os rins
Quanto às proteínas, é necessário ter cuidado com os excessos: “A ingestão proteica em excesso influencia a hemodinâmica renal, resultando em sobrecarga, devido ao aumento da taxa de filtração glomerular. A dieta hiperproteica também parece aumentar o volume renal e o peso do rim. Também se sabe que um elevado consumo de proteínas predispõe à formação de cálculos renais”, alerta a médica nefrologista.
A Dra. Marcella explica que o consumo diário de proteínas deve ser individualizado e específico, tendo como base idade da pessoa, o gênero, a prática de atividade física, a profissão, o estado de saúde e os objetivos pessoais. As necessidades diárias podem ir de 0,6 a 2g por quilograma ao dia e dependem de vários fatores, aponta a especialista.
O caso do veganismo
As médicas enfatizam que é necessário ter atenção com o cardápio quando o paciente é vegano. “Alguns veganos que evitam carne, laticínios e outros produtos de origem animal não estão fazendo seleções inteligentes quando enchem seus pratos de frituras ou carboidratos refinados, como pão branco, macarrão, arroz branco e muitos alimentos ultraprocessados”, adverte a médica nutróloga.
Isso porque esses alimentos, em excesso, podem levar ao desenvolvimento de diabetes e problemas como resistência à insulina. O açúcar em excesso causa maior inflamação, com consequente risco de diabetes, o maior fator de risco para doença renal crônica no mundo. “A resistência à insulina (condição típica do diabetes tipo 2) causa o estreitamento de vasos e retenção de sódio e água pelo organismo. Além disso, causa também o endurecimento dos vasos sanguíneos, o que pode lesar os rins”, explica Caroline.
“O mais importante é ter uma dieta mais variada e equilibrada possível, com boas fontes de gorduras boas, carboidratos complexos (com mais fibras). E, no caso do veganismo, proteínas vegetais devem ser combinadas para fornecer os aminoácidos necessários, preferindo sempre os alimentos in natura”, destaca a médica nutróloga.
- Dentre os alimentos que beneficiam os rins, a médica nefrologista cita:
- Frutas cítricas, como limão e laranja.Isso porque eles previnem a formação de cristais nos rins;
- Melão.A fruta é rica em citrato, o que ajuda a dissolver esses cristais;
- Leite e derivados e folhas escuras.Alimentos ricos em cálcio contribuem para a saúde dos rins. “A falta de cálcio na dieta pode estimular a formação de pedras. Ao contrário do que se pensava, o paciente com cálculo deve ingerir uma quantidade normal de alimentos com cálcio por dia, de 1000 a 1200 mg por dia (3 a 4 porções de lácteos)”, explica a médica nefrologista.
Cuidado com o sódio
As especialistas alertam sobre a importância de controlar a quantidade de sódio ingerida.”O sal é a maior causa de hipertensão arterial. Além de causar retenção de líquidos, o sal causa estreitamento das arteríolas, com consequente elevação da pressão arterial. A hipertensão de longa data lesa os rins e seus diversos vasos, como acontece no coração e no cérebro”, adverte a Dra Caroline. Dados recentes mostram que o sódio também modula o funcionamento de células imunológicas, o que causa inflamação no organismo, aponta a médica.
“Sabemos que o brasileiro adulto ingere em média 12g de sódio diariamente, mais que o dobro recomendado. Portanto, para a população em geral, a orientação de reduzir o consumo de sal é correta. Em muitas situações, esta quantidade deve ser ainda menor, sempre com orientação médica”, acrescenta a Dra. Marcella.
Por fim, a médica nefrologista lembra que doenças metabólicas (obesidade e diabetes) e intestinais (Doença de Crohn, Doença Celíaca e Síndrome do Intestino Curto) precisam de tratamento (inclusive alimentar), já que também predispõem quadros de problemas renais. “Uma dieta adequada é fundamental na prevenção dos cálculos, pois a composição da urina está diretamente relacionada com a alimentação”, finaliza a Dra. Caroline.