Satélite brilhante tem como objetivo lembrar as pessoas da imensidão do universo. Iniciativa gera revolta entre astrônomos e astrofísicos.
ROTANEWS176 E DW 26/01/2018 16:25
Ao olhar para o céu durante a noite, não estranhe se por acaso vir um objeto resplandecente semelhante a um globo de uma discoteca.
Reprodução/Foto-RN176 O satélite Humanity Star e seu idealizador, o neozelandês Peter Beck Foto: DW / Deutsche Welle
A startup de pesquisas espaciais Rocket Lab, com sede na Califórnia, lançou nesta semana um foguete a partir de uma remota fazenda Nova Zelândia. O primeiro lançamento realizado em solo neozelandês foi amplamente comemorado em todo o país. O diretor executivo da startup, Peter Beck, afirmou se tratar de um avanço “quase sem precedentes” na exploração comercial do espaço.
Mais tarde, foi revelado que além de carregar satélites convencionais, o foguete transportava secretamente uma esfera coberta de espelhos chamada Humanity Star, que, segundo o neozelandês Beck, será o objeto mais brilhante no céu noturno nos próximos meses.
A Humanity Star é uma esfera geodésica de fibra de carbono com 65 painéis refletores, projetada para girar rapidamente e refletir a luz solar para a Terra. Espera-se que complete a órbita do planeta a cada 90 minutos num padrão elíptico, viajando em velocidade 27 vezes superior à do som.
“O objetivo é fazer com que as pessoas olhem para o alto e se deem conta de que estão numa rocha localizada num universo imenso”, afirmou Beck.
Seu desejo é que o satélite sirva para que as pessoas possam olhar além de seus problemas cotidianos e enfrentar desafios maiores, como as mudanças climáticas e a escassez de recursos no planeta. Por isso, Beck se opôs à comparação de seu satélite a um simples globo de discoteca. “Mas, na verdade, é sim uma gigante bola de espelhos”, admitiu.
“Grafite espacial”
Muitos astrofísicos condenaram a iniciativa do neozelandês. A poluição causada pela luz é uma das grandes preocupações dos cientistas que estudam as estrelas, e a introdução de uma esfera brilhante na órbita terrestre não foi bem recebida.
“Esse caso, por si só, não é tão grave, mas a ideia de que se torne algo comum, especialmente em larga escala, deixará muitos astrônomos no olho da rua”, disse o astrofísico Richard Easther da Universidade de Auckland, na Austrália. “Posso entender a exuberância desse tipo de coisa, mas tenho a sensação de que eles não perceberam que as pessoas podem ver um lado ruim nisso”, afirmou ao jornal The Guardian.
Caleb Scharf, diretor de astrobiologia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, foi ainda mais longe ao escrever na revista científica Scientific American que “a maioria de nós não acharia bonitinho se eu colocasse luzes estroboscópicas intensas num urso polar, ou gravasse o slogan de minha empresa nos perigosos pontos mais altos do Everest”.
“Encravar uma esfera reluzente e brilhante no céu me parece um abuso semelhante. É sem dúvida um lembrete de nosso frágil lugar no universo, porque infesta a mesma coisa que tenta urgentemente celebrar”, ressaltou o pesquisador.
Mike Brown, astrônomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia agradeceu ironicamente a Rocket Lab por ser a pioneira em levar ao espaço “grafite de longa duração”.
A Humanity Star deverá ficar em órbita durante nove meses. O satélite deve se desintegrar durante a reentrada na atmosfera. Beck havia dito que planeja enviar ao espaço no futuro outros satélites desse tipo, mas que aguardaria para ver a reação das pessoas. Resta saber se a revolta demonstrada por astrônomos e astro
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