VÍDEO: DA HABILIDADE DE VIH! –
ROTANEWS176 E POR DELAS 22/08/2021 06:00 Por Camila Cetrone
Com mais de 350 mil seguidores, Vih Bueno, já foi reconhecida por nomes como Ana Botafogo e IZA; conheça sua história
Reprodução/Foto-RN176 A bailarina Vih Bueno, 17, bomba na web com suas coreografias – Divulgação
RESUMO
- A bailarina Vih Bueno se tornou sucesso nas redes
- Vih nasceu sem os braços, mas isso não a impediu de dançar
- Bailarina é reconhecida por artistas e academias de dança importantes
- Vih começou a dançar aos 5 anos; ela conta sobre adaptação e apoio da família
Foi durante a pandemia do novo coronavírus, um momento em que sonhos ficaram adormecidos ou colocados em pausa, que a estrela da bailarina Vitória Bueno, 17, brilhou mais forte. Em 2020, Vih, como é chamada, começou a gravar vídeos para suas redes sociais e viralizou por executar passos de balé. Se em agosto daquele ano ela comemorava a marca de mil seguidores, hoje ela ultrapassou a marca de 350 mil.
No período de um ano, ela não se tornou conhecida apenas pelos admiradores da dança, mas se tornou queridinha de celebridades e bailarinas renomadas no mundo todo. Ao iG Delas, ela conta que já foi notada por Lázaro Ramos e pela cantora IZA — que compartilhou um vídeo de Vih dançando sua música “Gueto” nas ruas da Avenida Paulista, em São Paulo.
Reprodução/Foto-RN176 Com mais de 350 mil seguidores, a visibilidade de Vih teve um “boom” durante a pandemia. Foto: Divulgação
No início deste ano, ela foi convidada ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, onde recebeu mensagens das bailarinas Ana Botafogo e Ingrid Silva, brasileiras reconhecidas internacionalmente. “Eu nunca imaginei que eu, tão nova, conquistaria tudo que conquistei hoje, que conheceria essas pessoas e que seria reconhecida por elas. É um misto de emoções, me sinto muito feliz e grata”, conta Vih ao iG Delas.
Ao contrário do que pode parecer, o sucesso de Vih começou muito antes do ano de 2020. Em 2019, ela recebeu medalhas de prata e ouro de uma das escolas de balé mais importantes do mundo, a Royal Academy of Dance.
Reprodução/Foto-RN176 Vih começou a dançar aos 5 anos; ela nasceu sem os braços, o que nunca foi um impeditivo para dançar. Foto: Divulgação
Vih, que nasceu sem os braços, dança desde os cinco anos de idade. Seu talento foi descoberto na fisioterapia. “Sempre gostei muito de dançar. Nas sessões de fisioterapia eu ficava lá dançando. Não sabia porque eu dançava, mas só fazia isso”, conta.
Os movimentos chamaram atenção da fisioterapeuta, que conversou com a mãe de Vih sobre a possibilidade de a dança ser uma ferramenta importante para seu desenvolvimento. O encaminhamento foi dado porque a profissional se lembrou do caso famoso de Jessica Cox, a primeira piloto de avião sem braços licenciada no mundo, que foi bailarina na infância e adolescência.
“Minha mãe conversou comigo, me explicou tudo e me levou para uma aula experimental. A gente não conhecia o balé e ela estava receosa porque viu que exigia muito dos braços”, lembra Vih. No entanto, ela também se recorda de ficar encantada no momento em que chegou na academia de dança. “Entrei na sala e fiquei apaixonada. Tinha um adesivo com uma bailarina, com estrelinhas… Foi amor à primeira vista”, afirma.
Ela começou a dançar pela Academia Ândrea Falsarella, sua professora até hoje. “Sempre fui tratada com naturalidade”. A tática usada por Ândrea para treinar Vih foi a de fazê-la imaginar que os braços dela estavam ali (algo que a bailarina chama de braços imaginários) e acompanhá-los com o olhar. Ela também replicava os movimentos que outras bailarinas faziam.
Reprodução/Foto-RN176 Vih já foi reconhecida por Ana Botafogo e Ingrid Silva, além de Lázaro Ramos e IZA. Foto: Divulgação
Isso tudo a auxiliou a encontrar seu próprio equilíbrio e habilidades. Além do balé, ela também tem se aperfeiçoado no jazz e no sapateado. “Eu amo as três coisas. Costumo falar que cada uma das modalidades me faz ter uma conexão diferente com meu corpo. Me sinto muito bem fazendo os três”, diz. Seria uma missão tão difícil quanto escolher um filho preferido.
Devido ao acolhimento por parte das professoras e todas as técnicas usadas para treiná-la, Vih já afirmou diversas vezes que os braços acabam não fazendo falta. Essa sensação também é a mesma do público que a assiste. Aliás, ela afirma que é comum que pessoas que a assistem dizerem que são capazes de ver seus braços mesmo que eles não estejam lá.
Mesmo diante disso, como qualquer bailarina, Vih teve alguns obstáculos. Ela lembra da dificuldade nas aulas de ponta — ou seja, conseguir equilibrar todo corpo nas pontas dos pés. “Eu tinha esse sonho de aprender e usar a sapatilha de ponta, só que tinha uma insegurança e um medo ali porque eu não sabia como ia ser. É um passo que exige muita força e muita técnica”, explica.
Reprodução/Foto-RN176 Além do balé, Vih também dança jazz e sapateado e diz que cada um a permite experimentar seu corpo de maneira diferente. Foto: Divulgação
No entanto, os receios foram passando depois que ela colocou a sapatilha no pé.A jovem percebeu que precisaria se esforçar para conseguir fazer os passos, assim como as outras alunas também precisavam. “Subir nela pela primeira vez foi o momento mais feliz da minha vida naquele período”, lembra.
Vih afirma que todo treino valeu a pena: hoje ela tem um solo na sapatilha e já se apresentou em conjunto com o passo. “Foi um momento desafiador em que vi que eu conseguiria se eu realmente quisesse”.
“Dancei como se fosse minha última aula de balé”
Vih conta que o apoio de suas famílias – a de sangue e a que fez com as bailarinas e instrutoras – foi fundamental para seu sucesso na dança. Um marco disso foi quando ela realizou o exame da Royal Academy of Dance e foi avaliada por uma professora de outro país. “Sou uma pessoa muito ansiosa. Treinei bastante, mas sempre bate aquele medinho, não sabia como ela ia me avaliar por ser de outro lugar”.
Na época, uma das pessoas que mais a tranquilizou foi seu avô, que faleceu meses depois desse exame. “Ele me falou: ‘Vitória, entrega na mão de Deus, confia. Faz o que você sabe’. Entrei na sala onde o exame aconteceria e dancei como se fosse minha última aula de balé. Dei o meu melhor”, diz.
Ela lembra que chorou muito quando sua professora revelou que ela tinha passado com as medalhas mais altas. No entanto, o que mais marca até hoje são as palavras do avô, que a deu segurança não apenas para esse exame, mas para todas as suas apresentações.
“Meu avô era meu melhor amigo, meu confidente, a pessoa com quem eu orava junto. Ele falava que Deus tinha um futuro brilhante para mim, que conheceria várias pessoas e lugares através da dança. Lembro que aquela conversa foi muito importante para mim e me acalmou”, conta.
Ela aponta a fala do avô para o momento que está vivendo atualmente. No momento da entrevista ao iG Delas, Vih estava em meio a sua primeira viagem internacional, na Colômbia. Foi a primeira vez que ela viajou de avião.
Reprodução/Foto-RN176 “A gente pode tudo. A gente só não pode desisti”, diz Vih Bueno. Foto: Divulgação
Além do balé, Vih também trabalhado como modelo. Ela tornou embaixadora de duas marcas de figurino para bailarinas: a Evidence Ballet e a Atelie Vanessa Ballet.
“Desde meu primeiro vídeo para cá muitas coisas aconteceram, conquistei vários sonhos. Mesmo assim, ainda é tudo muito novo para mim, mas estou feliz. Recebo muitas mensagens dizendo que sou uma inspiração e que pelo meu perfil eu estou ajudando pessoas, salvando vidas. Isso não tem preço”, reflete.
A cada mensagem que recebe, ela sente a vibração e a torcida das pessoas. “Elas sonham comigo, é uma coisa muito mágica”. Se Vih pudesse retribuir o carinho e aconselhar pessoas a seguirem seus sonhos, ela encorajaria cada uma a não desistir.
“Se a pessoa, menina ou menino, tem algum sonho em qualquer área, busque por ele. Lute, se esforce bastante, se dedique. Independente da dificuldade, seja uma deficiência ou outro obstáculo, a gente pode tudo. A gente só não pode desistir”.
RN176; Veja habilidades da bailarina Vitória Bueno em sua forma clássica de bailar. Deixe o seu comentário da destreza Vih?