Superar as diferenças em prol de um mundo pacífico

ROTANEWS176 07/06/2025 09:20

NOVA REVOLUÇÃO HUMANA  

Por Ho Goku

Capítulo “Juramento Seigan”, volume 30

                                                                                                                                              

Reprodução/Foto-RN176 Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

PARTE 41

Quem provoca a guerra é o ser humano. Portanto, não há guerra que o ser humano não consiga terminar. Com essa forte convicção, Shin’ichi Yamamoto realizou sua segunda visita à China. O primeiro-ministro Zhou Enlai desejava muito encontrá-lo e, mesmo internado, deixando de lado as recomendações médicas, ele o recebeu no hospital onde passava por tratamento.

Shin’ichi sentiu que seu forte desejo pela paz entre China e União Soviética havia com certeza atingido o coração do primeiro-ministro Zhou.

O líder chinês estava convencido de que o mundo se movia em direção à amizade entre os povos.1

Na década de 1970, observou-se uma redução gradual das tensões internacionais, mas quando as forças soviéticas invadiram o Afeganistão em apoio ao regime pró União Soviética, em 1979, as nações ocidentais as condenaram duramente. Em protesto, na Olimpíada de 1980 em Moscou, houve boicote de muitos países ocidentais.

Como retaliação, os países aliados da União Soviética boicotaram a Olimpíada de Los Angeles de 1984, como protesto contra a invasão americana a Granada, pequeno país caribenho, em 1983. Parecia uma volta ao passado, criando uma situação denominada “Nova Guerra Fria”.

Para superar o conflito entre as duas partes, Shin’ichi continuou seus esforços em se encontrar e dialogar com os líderes dos Estados Unidos e da União Soviética, apresentando diversas propostas concretas, tais como a realização de encontros de cúpula dos dois países, escolhendo um local apropriado, por exemplo, a Suíça.

O presidente soviético Mikhail Gorbachev teve papel de grande relevância para pôr fim à Guerra Fria. Em 1985, assumindo como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, implementou novas políticas de glasnost (abertura) e perestroika (reforma), conduzindo a nação a uma grande transformação, do sistema estritamente comunista rumo à maior liberalização.

Defendendo o programa de “novo pensamento”, Gorbachev empenhou-se para melhorar as relações com os países do Ocidente propondo e promovendo a redução de armas. Em novembro de 1985, as portas que estavam fechadas por mais de seis anos foram abertas, e as conversações entre a cúpula dos Estados Unidos e a da União Soviética foram realizadas em Genebra. Ao ouvir essas notícias, Shin’ichi sentiu que finalmente a época havia chegado. Seu desejo acalentado há muito tempo se realizava.

Quando ambos os lados visam seriamente à paz, podem-se superar as diferenças e chegar ao acordo, tal como os rios que se fundem no oceano.

Reprodução/Foto-RN176 Presidentes Ronald Reagan, à esq., e Mikhail Gorbachev, à dir., no encontro de cúpula entre Estados Unidos e União Soviética (1985)

PARTE 42

Mikhail Gorbachev tomou a decisão de retirar as tropas soviéticas do Afeganistão, onde os combates haviam chegado a um impasse.

Em dezembro de 1987, os Estados Unidos e a União Soviética assinaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), de eliminação total de forças nucleares de alcance intermediário, um evento sem precedentes na história militar.

As reformas que ocorreram na União Soviética se espalharam para outras nações do Leste Europeu, criando uma onda de liberdade e de democracia que levou à queda dos governos comunistas da Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e de outras nações. Essas se tornaram conhecidas como as Revoluções de 1989 ou Revoluções do Leste Europeu.

A Alemanha Oriental estava atrasada com a reforma e seus cidadãos continuavam a fugir para o lado ocidental. Em 9 de novembro de 1989, um porta-voz do governo anunciou em entrevista coletiva que os cidadãos agora estavam livres para viajar para fora do país, com efeito imediato. Isso foi, na verdade, um erro, pois o anúncio correto seria de que os pedidos de visto para deixar a Alemanha Oriental seriam aceitos, a partir do dia seguinte, 10 de novembro.

Os alemães orientais correram para os postos de fronteira, da qual os guardas acabaram sendo obrigados a abri-la, e as pessoas invadiram Berlim Ocidental. Ao mesmo tempo, começaram a derrubar o Muro de Berlim que dividia a cidade. Essa crescente onda de liberdade e de democracia parecia ser historicamente inevitável.

No início de dezembro de 1989, o presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, e o secretário-geral soviético, Mikhail Gorbachev, reuniram-se no encontro de cúpula dos dois países em Malta, no Mar Mediterrâneo.

Então, os líderes de ambos os países concederam pela primeira vez entrevista coletiva e anunciaram o início de um “novo período de paz”, marcando efetivamente o fim da Guerra Fria.

Em 22 de dezembro, o Portão de Brandemburgo, que simbolizava a divisão da Alemanha, foi aberto.

Assistindo ao noticiário, Shin’ichi Yamamoto lembrou-se do que havia dito às pessoas que viajaram com ele a Berlim em outubro de 1961, diante daquele portão depois de uma chuva: “Tenho certeza de que daqui a trinta anos este Muro de Berlim não existirá mais…”.

A convicção de Shin’ichi era de que a consciência, a sabedoria e a coragem das pessoas que ansiavam pela paz triunfariam no final. Ao mesmo tempo, foi uma clara manifestação de sua decisão, como budista, de dedicar a vida à concretização da paz mundial. Agora, 28 anos depois, tornou-se realidade. A época marcava um grande passo à frente.
PARTE 43

Mikhail Gorbachev criou a corrente do desarmamento, a reconstrução da economia interna da União Soviética e implementou a reforma política em direção à democratização. Realizou a reforma constitucional alterando a estrutura de um único partido para a de pluripartidarismo, além da mudança para o sistema presidencialista. E, em março de 1990, foi empossado como o primeiro presidente da União Soviética. Nesse mesmo ano, recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelas suas grandiosas contribuições.

Gorbachev previa dificuldades e confusões em seu histórico experimento social, a nova reforma política da perestroika.

Em seu primeiro encontro com Shin’ichi Yamamoto, ele afirmou:

— Nossa sociedade possui uma história peculiar. Temos cerca de 120 línguas faladas na União Soviética, e o número de etnias é ainda maior. É uma sociedade extremamente complexa. O primeiro passo da perestroika foi o de proporcionar liberdade. Porém, o desafio daqui para a frente é como utilizar essa liberdade.

Quando uma pessoa que viveu na escuridão por longo tempo sai pela primeira vez para fora, fica deslumbrada com os raios do sol. Da mesma forma, era natural que as pessoas se sentissem confusas diante da repentina liberdade e democracia para as quais não estavam acostumadas. Do ponto de vista social, com certeza as diversas forças defenderiam seus próprios interesses.

As preocupações de Gorbachev eram de fato justificadas. Conflitos étnicos surgiram em todo o país e a estagnação econômica obscureceu o caminho à frente. Burocratas, querendo salvaguardar seus privilégios, tentaram derrubar Gorbachev, e defensores mais radicais das reformas passaram a atacá-lo exigindo maior velocidade destas.

Movimentos pela independência surgiram em várias repúblicas soviéticas rompendo com a União Soviética. Os três estados bálticos — Estônia, Letônia e Lituânia — começaram os preparativos para declarar sua independência. A turbulência da época ultrapassava em muito a previsão de Gorbachev.

Em junho de 1991, Boris Yeltsin, proponente da reforma radical, foi eleito presidente da República Russa.

Em agosto, no entanto, uma facção comunista linha-dura oposta à reforma realizou um golpe de Estado mantendo Gorbachev sob prisão domiciliar na Crimeia, onde ele estava hospedado na época.

Em meio a essa onda turbulenta da história, Shin’ichi orou pela libertação segura de Gorbachev.
PARTE 44

O presidente russo Boris Yeltsin bradou pela derrota do golpe de Estado causado pelos líderes linha-dura, e com o apoio do povo exigindo a democratização, ele foi sufocado.

Após a sua libertação, Mikhail Gorbachev retornou a Moscou e viu o acelerado processo de transferência do poder a Yeltsin.

No mês de agosto de 1991, Gorbachev renunciou ao cargo de secretário-geral do Partido Comunista e dissolveu seu comitê central. Em setembro, o Conselho de Estado da União Soviética reconheceu a independência dos três estados bálticos. E em dezembro, o líder russo Yeltsin e os líderes da Ucrânia e da Bielorrússia [hoje, Belarus] anunciaram a formação da Comunidade de Estados Independentes (CEI) para substituir a União Soviética. Onze repúblicas soviéticas assinaram o acordo de fundação, tornando oficial o fim da União Soviética, e Gorbachev renunciou ao cargo de presidente soviético.

Setenta e quatro anos depois da Revolução Russa, a União Soviética, líder do Bloco Oriental das nações, chegou ao fim varrida pelas correntes turbulentas da história.

Gorbachev, o primeiro e último presidente da União Soviética, foi duramente criticado, mas sua determinação e suas ações trouxeram uma nova brisa de liberdade e de democracia à União Soviética e à Europa Oriental, e criaram um importante ponto de transição na história.

Logo após a renúncia de Gorbachev como presidente, o escritor Chinghiz Aitmatov, seu amigo íntimo e defensor da perestroika, escreveu uma carta a Shin’ichi Yamamoto. Intitulando-a “Uma Parábola Contada a Gorbachev”, narrou episódios que transmitiam a convicção de Gorbachev com a perestroika.

Quando a implementação da perestroika estava em andamento e aplaudida como uma reforma democrática histórica, Gorbachev convidou Aitmatov para visitá-lo no Kremlin. Na ocasião, Aitmatov compartilhou a seguinte parábola com Gorbachev.

— “Certo dia, um profeta visita um grande estadista e pergunta: ‘É verdade que, por sua preocupação com a felicidade das pessoas, você deseja lhes dar completa liberdade e igualdade?’. Quando o estadista confirma que é verdade, o profeta lhe diz: ‘À sua frente, você tem dois caminhos, dois destinos, duas possibilidades. Você é livre para escolher entre eles’.”

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Nota:

1. ENLAI, Zhou. Shu Onrai Senshu [Seleção de Escritos de Zhou Enlai]. Tradução: MORISHITA, Shuichi (ed.). Tóquio: Chugoku Shoten, 1978. p. 700. Tradução do japonês.

FONTE: JORNAL SEIKYO SHIMBUN





PARTE 42

Mikhail Gorbachev tomou a decisão de retirar as tropas soviéticas do Afeganistão, onde os combates haviam chegado a um impasse.

Em dezembro de 1987, os Estados Unidos e a União Soviética assinaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), de eliminação total de forças nucleares de alcance intermediário, um evento sem precedentes na história militar.

As reformas que ocorreram na União Soviética se espalharam para outras nações do Leste Europeu, criando uma onda de liberdade e de democracia que levou à queda dos governos comunistas da Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e de outras nações. Essas se tornaram conhecidas como as Revoluções de 1989 ou Revoluções do Leste Europeu.

A Alemanha Oriental estava atrasada com a reforma e seus cidadãos continuavam a fugir para o lado ocidental. Em 9 de novembro de 1989, um porta-voz do governo anunciou em entrevista coletiva que os cidadãos agora estavam livres para viajar para fora do país, com efeito imediato. Isso foi, na verdade, um erro, pois o anúncio correto seria de que os pedidos de visto para deixar a Alemanha Oriental seriam aceitos, a partir do dia seguinte, 10 de novembro.

Os alemães orientais correram para os postos de fronteira, da qual os guardas acabaram sendo obrigados a abri-la, e as pessoas invadiram Berlim Ocidental. Ao mesmo tempo, começaram a derrubar o Muro de Berlim que dividia a cidade. Essa crescente onda de liberdade e de democracia parecia ser historicamente inevitável.

No início de dezembro de 1989, o presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, e o secretário-geral soviético, Mikhail Gorbachev, reuniram-se no encontro de cúpula dos dois países em Malta, no Mar Mediterrâneo.

Então, os líderes de ambos os países concederam pela primeira vez entrevista coletiva e anunciaram o início de um “novo período de paz”, marcando efetivamente o fim da Guerra Fria.

Em 22 de dezembro, o Portão de Brandemburgo, que simbolizava a divisão da Alemanha, foi aberto.


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