ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 11/04/2020 09:01
RELATO
A determinação de Marcio fez surgir a coragem para vencer todos os desafios
Reprodução/Foto-RN176 Marcio e a esposa, Sheila.
Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo pela primeira vez, eu me encontrei. Superei a falta de esperança e o desespero que me atormentavam. Isso porque eu havia me mudado de Santos, SP, para Santa Catarina, no sul do país, onde montei uma empresa que faliu em poucos meses. Fiquei totalmente sem dinheiro. Eu me sentia derrotado, injustiçado e achava que minha família tinha responsabilidade pelo meu sofrimento.
Minha esposa, Sheila, que persistentemente me ensinou sobre a prática budista, explicou-me que deveria orar pelos objetivos para contribuir para o kosen-rufu. Eu não sabia muito bem o que era isso, mas recitei daimoku com esse sentimento.
Uma semana depois, fui chamado para trabalhar na mesma empresa em Santos. Então, peguei a estrada com meu carro velho, carregando meus filhos, minha esposa, nossos pertences e muita esperança no coração. Gravei uma frase de Nichikan Shonin: “Se crer neste Gohonzon e recitar o Nam-myoho-renge-kyo, não haverá oração sem resposta, nem pecado imperdoável, toda fortuna será concedida e toda justiça será provada” (BS, ed. 2.254, 6 dez. 2014, p. B4).
Nova fase
Eu estava diante de uma chance de transformar as questões familiares, fazer minha revolução humana. Sheila e eu participávamos das atividades e em casa realizávamos encontros budistas. No ano 2000, nossa vida mudou novamente quando aceitei um convite da empresa para retornar a Santa Catarina.
Reprodução/Foto-RN176 Atividades do Distrito Itajaí (2019)
Lá, assumimos a liderança do bloco e da comunidade. Na época, eu só podia participar das atividades nos fins de semana e minha esposa, como sempre, dava apoio incondicional à localidade.
Pouco tempo depois, nosso filho foi diagnosticado com Guillain-Barré, uma doença rara que paralisa os músculos. Consegui cobertura do plano de saúde para obter os medicamentos; e, apesar da pouca garantia dos médicos, ele se recuperou.
O tempo seguiu, outras questões surgiram. De repente, tudo parecia distante de uma solução. Eu me sentia tão insatisfeito que precisei de ajuda profissional. Na verdade, quando me dei conta, toda a família estava se tratando com psicólogos. Felizmente não deixamos de atuar na organização e recorremos à recitação do daimoku.
Minha filha, com depressão, passou a ter crises nervosas, prestes a ingressar na faculdade em Florianópolis, SC. Nessa circunstância, reagimos com daimoku, cientes de tal oportunidade de transformação. Ela se mudou e, aos poucos, se recuperou.
Encorajado, ensinei a prática budista para o máximo de pessoas. Era uma forma de mudar meu coração e manifestar coragem para enfrentar tudo o que temia. Sobretudo, queria comprovar incontestavelmente a veracidade do budismo. Eu não sabia ainda, mas esse também era um desejo de Sheila.
Grande comprovação
Em julho de 2017, minha esposa sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico e foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. Um médico especialista realizou sua cirurgia, alertando que as chances de sobrevivência nos primeiros dez dias seriam poucas. Era uma corrida contra o tempo.
Sem desanimar, iniciei nossa jornada da grande comprovação da prática budista, enquanto Sheila estava em coma. E mesmo recebendo uma notícia ruim a cada dia, estava determinado a vencer tudo com base na fé. Nichiren Daishonin afirma: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar Nam-myoho-renge-kyo. O sutra diz: ‘…onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’” (CEND, v. I, p. 713).
Isso significa que a realidade é criada por nós mesmos. E recitando sincero daimoku minha angústia se dissipou. Compreendi que aquilo não era carma, e sim uma gloriosa missão.
Reprodução/Foto-RN176 Bloco Porto Itajaí (2019), do qual o casal faz parte
Passaram-se dez dias e as complicações progrediram. Orei para ter coragem e não apenas para receber boas notícias. Orei e orei até que ela foi melhorando. Saiu da UTI, teve alta. Ela foi para casa com uma traqueostomia, quase sem consciência, com sonda, e não conseguia sair da cama. Os amigos Soka e a família nos apoiaram incondicionalmente e, apesar dos desafios, Sheila se recuperou antes do tempo estimado pelos médicos. E, exatamente um ano após a sua alta, realizamos uma atividade em casa, com direito à concessão de Gohonzon, dando novo impulso no desenvolvimento da localidade. Definitivamente vencemos! Era a grande comprovação tal como havíamos objetivado.
Estar na órbita de Ikeda sensei e da Soka Gakkai foi crucial para superar esse e outros obstáculos. E nos momentos mais difíceis, sentia a proteção do daimoku. Tudo coincidentemente se encaixava, direcionando-me para o caminho correto.
Na organização, os esforços conjuntos resultaram na fundação da RM Vale do Itajaí, em 25 novembro de 2018. Exatos onze anos antes, a região foi atingida pelas chuvas intensas que devastaram parte do estado. Assim, a nova RM era um recomeço para extirpar o sofrimento das pessoas, como Sheila e eu havíamos determinado junto com os demais líderes na época. É como Nichiren Daishonin afirma: “Grandes eventos jamais vêm acompanhados por presságios menores. Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá!” (CEND, v. II, p. 387).
Essa citação me inspirou a seguir sempre desafiando a mim mesmo com a convicção de que “é comigo e é agora!”. E no meu coração, não resta nenhuma dúvida de que na jornada do kosen-rufu todo desafio é direcionado para a felicidade.
Marcio Manoel Costa, 55 anos. Agente marítimo. Vice-resp. pela RM Vale do Itajaí; resp. pela Área Vale do Itajaí, CRE Sul, CGRE