Temer é “chefe de organização criminosa”, diz Joesley a revista

CARTACAPITAL E ROTANEWS 17/06/2017 12h53

Em entrevista à Época, dono da JBS afirma que grupo de Temer é a mais perigosa quadrilha do País. “Quem não está preso está no Planalto”

Marcos Corrêa/PR

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Reprodução/Foto-RN176 “Temer não é um cara cerimonioso com dinheiro”, diz Joesley Batista

 O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse à revista Época que Michel Temer (PMDB) “é o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil. Na entrevista, publicada na sexta-feira 16, Joesley antecipa as informações de seu acordo de delação premiada e confirma que pagou pelo silêncio na prisão do deputado federal cassado Eduardo Cunha.

Joesley afirma que desde que conheceu Temer, em 2009 ou 2010, sempre manteve “relação direta” com o peemedebista. “Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e fazer esquemas que renderiam propina”, disse.

Segundo Joesley, os pedidos de dinheiro começaram logo no início, visto que “Temer não é um cara cerimonioso com dinheiro”. “Esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, afirmou à revista. “Há políticos que acreditam que pelo simples fato do cargo que ele está ocupando já o habilita a você ficar devendo favores a ele. Já o habilita a pedir algo a você de maneira que seja quase uma obrigação você fazer. Temer é assim.”

O empresário disse, ainda, que o empréstimo do jatinho da JBS, por exemplo, se deu dessa forma. “Não lembro direito. Mas é dentro desse contexto: ‘Eu preciso viajar, você tem um avião, me empresta aí’. Acha que o cargo já o habilita”, afirmou.

Sobre a relação de Temer com Cunha, Joesley disse que o presidente sempre foi o “superior hierárquico” do ex-deputado. “Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio. O que ele não conseguia resolver pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”, afirmou.

De acordo com Joesley, o grupo liderado por Temer é de “mais difícil convívio” que ele já teve. “Eduardo sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel. Aquele grupo tem o estilo de entrar na sua vida sem ser convidado”, disse.

“Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida. Daquele sujeito que nunca tive coragem de romper, mas também morria de medo de me abraçar com ele.”

Por fim, Joesley afirma que o ex-ministro Geddel Vieira Lima era o “mensageiro” de Temer, que o procurava para garantir que o silêncio de Cunha e de Funaro seria mantido. “De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu.”

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