ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 07/04/2023 14:15 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Sem perder para os desafios, Marvin e Ulisses, estudantes Soka de Vitória da Conquista, Bahia, revelam em uma frase a alegria da união e de conquistas diárias.
Reprodução/Foto-RN176 Marvin Nilson Santos, 17 anos. Estudante e futuro universitário. Membro da DE-Herdeiro e de Ulisses dos Santos, 13 anos. Estudante. Membro da DE-Esperança.
Engana-se quem pensa que as questões e dificuldades vivenciadas no lar passam despercebidas pelos filhos. A estratégia para vencer os desafios de vida que acompanham a família de Marvin e de Ulisses tinha tudo para não acabar bem. Fora a situação financeira, a distância provocada pela necessidade de buscar novas frentes de trabalho e a Covid-19, que afetou em cheio os pais dos garotos, são alguns episódios lembrados de um passado não tão distante. “A gente sabia que não podia desistir, algo lá dentro do coração dizia isso.” Essa maturidade, visão de futuro de valor que aprendeu ainda na barriga da mãe, retira Marvin e Ulisses da lista de jovens que perderam, ou ainda não encontraram, o verdadeiro sentido de vida.
Crescendo nos jardins Soka desde pequenos, a experiência de vida dos dois jovens abre o mês comemorativo do Dia dos Estudantes (DE) da BSGI. Eles relatam como a atuação nas atividades Soka e o companheirismo sempre presente se tornaram a fortaleza nos momentos em que a coragem para sonhar com o futuro se fez tão necessária. “Que bom que minha mãe encontrou o budismo, senão não sei o que teria acontecido com a gente”, arremata Ulisses, da DE-Esperança. Conheça agora como a família chegou até aqui.
A mãe dos meninos, Marilucia Santos, conheceu o Budismo Nichiren em 2000, por intermédio de um amigo americano que estava de férias em Salvador, BA, onde ela residia. Vivia um momento delicado, em meio a questões profissionais e à falta de expectativas. Meses depois, ao trancar o curso e sair do trabalho, mudou-se para Brasília, capital federal, e tomou a decisão que transformaria sua vida. Em 2002, recebe o Gohonzon (objeto de devoção dos budistas). Começa a praticar assiduamente, desafiando-se muitas vezes a ter de atravessar três ou quatro das cidades satélites para participar da reunião mais próxima. “Às vezes, chegava ao fim das atividades”, relembra.
Um esforço que se consolida em resultados. Ela se engaja no movimento Soka de inspirar outras pessoas a buscar coragem e força para as questões da vida. Casa-se com José Nilson, na época não praticante. A prática da fé de Marilucia precisa ser feita em dobro, pois o primeiro filho está a caminho. “Passávamos por grandes dificuldades, mas nunca deixei de orar para transformar toda aquela condição. Agora seria mãe, mais um motivo”, assinala Marilucia.
Marvin nasceu, mas por pouco não chega ao primeiro ano de vida. Aos 7 meses, foi acometido de uma doença, que fez inchar seu baço e fígado. Foram dez dias hospitalizado. Com firme daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo), não há chance para o desespero. “Ele será um grande valor no futuro”, determina a poderosa oração de uma mãe convicta.
Marvin sobrevive. Vem o segundo filho, Ulisses, em 2010. Juntos, mãe e filhos não perdiam uma oportunidade de atuar nas atividades Soka.
Rumo à Bahia
A mudança de Brasília, DF, para Vitória da Conquista, BA, ocorre em 2014. Período bem desafiador. Ela recorda: “Parei meus estudos, trabalho, deixei minha comunidade, escola das crianças. Começamos do zero, com muitas dificuldades. Estava depressiva, sem dormir, e sem contato com os budistas. Como o companheirismo Soka faz toda a diferença em nossa vida!”, arremata.
Nos momentos de solidão, recorria à leitura das escrituras de Nichiren Daishonin e aos incentivos de Ikeda sensei. Seu maior sonho era poder encontrar os companheiros Soka, pois seus filhos, Marvin, 8 anos na ocasião, e Ulisses, de 3, se sentiam como peixes fora d’água. Meses depois recebem uma afetuosa visita. “Agora sim, de volta ao mundo Soka”, relembra. Foi um divisor de águas na decisão dela de se reerguer diante das severas condições que viviam. Desemprego, desarmonia e necessidade até de alimento para os filhos. Com incentivo para fortalecer o coração e com a oração destemida, a mãe e os garotos encontram estímulo para a transformação.
Reprodução/Foto-RN176 Após atividade de Ano-Novo transmitida pela BSGI – Foto: Arquivo pessoal
Marilucia consegue um trabalho na área da educação. Os jovens atuam livremente nas atividades, fortalecendo o caráter e nutrindo sonhos vibrantes. Faltava algo. O pai voltou para Brasília, pois estava desempregado. Logo ocorreu a pandemia, mais um obstáculo a vencer. A Covid-19 atinge pai e mãe. A distância se torna dor no coração de todos. Mas não há desespero no mundo da prática da fé. Estão ali os sucessores Ikeda, Marvin e Ulisses, que oferecem a voz, a oração e o apoio aos pais.
O primogênito assume
Marvin credita o fato de ser fukushi (nascido num lar budista) a força de pensamento e o desejo que alimentou em ter uma família unida e feliz. Ele comenta: “Um momento que despertei para isso foi quando meu pai viajou pela primeira vez em busca de trabalho. Eu tinha 13 anos na época. Depois, em 2021, ainda em Brasília, meu pai foi contaminado pela Covid-19 e, ao mesmo tempo, minha mãe em casa também”. O jovem relembra que, junto com o irmão, fazia daimoku enquanto a mãe estava isolada no quarto. “Mas, graças ao apoio dos companheiros da comunidade e dos vizinhos, conseguimos superar essa adversidade e recuperamos a saúde.” E a partir desse momento, cravou no coração a frase “não existe oração sem resposta”.
O mais novo segue confiante
Ulisses também se recorda desses anos de pandemia, junto com o irmão. Sabia que a mãe sempre os ensinou a ser fortes, então se empenhava em tudo, na escola e nas atividades. Não queria dar tristeza para ela. No íntimo, ambos cresceram ouvindo o lema eterno da Divisão dos Estudantes que direciona: “Em primeiro lugar, vamos nos dedicar aos estudos, cuidar da saúde e zelar pelos pais”.
“Desde cedo, o budismo sempre esteve presente em minha vida. Adoro ir às reuniões e participar de tudo”, diz o animado Ulisses. Durante o período de pandemia, em que as atividades eram apenas on-line, ele não se intimidou e alegrou a todos com uma divertida performance imitando o Visconde de Sabugosa, junto com uma estudante da localidade vizinha. “Ulisses é um estudante com uma alegria contagiante. Ele se destaca na Academia Magia da Leitura com maravilhosas interpretações de texto, sempre deixando todos admirados com as reflexões que ele tem, mesmo com a pouca idade. Se o convido para participar como apresentador de alguma atividade, ele já diz Hai! (“Sim!”, em português) sem eu ao menos concluir a frase, rs.” A manifestação é da responsável pela Divisão dos Estudantes da RM Sudoeste Baiano, Flávia Pereira de Sousa Sena.
Sempre juntos, Marvin e Ulisses são presença constante nas reuniões da Comunidade Vitória da Conquista, onde a mãe atua como vice-responsável pela Divisão Feminina (DF). São também vistos em várias outras programações, estimados pelo espírito de procura e sinceridade nas atitudes.
Reprodução/Foto-RN176 Vitória da formatura de Marvin no colégio militar – Foto: Arquivo pessoal
No caso de Marvin, a responsável pela DE, Flávia, reforça que ele é um menino muito dedicado e um grande irmão para Ulisses. É tímido, mas, nas reuniões da DE, não deixa a timidez tomar conta, sendo comunicativo durante o diálogo, dando contribuições e enriquecendo a atividade com um incentivo do sensei que ele sempre traz para compartilhar.
Então, eles querem contar sobre o enorme benefício da família dos últimos anos.
Todos juntos, agora sim!
O daimoku dedicado à saúde dos pais, que, mesmo separados fisicamente, sempre se mantiveram unidos, surte a comprovação. Ambos se restabelecem. O pai volta para a casa. E o mais especial para a mãe e os dois garotos foi ver o pai começar a recitar o daimoku junto com eles. Passaram a virada do ano 2022 assistindo à atividade programada pela BSGI. Que alegria para todos! Marvin e Ulisses sabem que a vitória é certa, e lançam planos, sem medo do futuro! São herdeiros da esperança.
Marvin daqui a pouco completa 18 anos, um herdeiro que passará para a Juventude Soka com todo o seu espírito e vigor em prática. Formou-se no ensino médio, alegria geral. Atuou como secretário da DE-Futuro em 2021 e 2022, e contribuiu com sugestões para a RDez. “Quantas vezes ele agradeceu por essa oportunidade e sua felicidade em fazer parte desse movimento”, confirma Flávia, líder da DE. Enquanto se prepara para a universidade, o jovem apoia o pai no ramo da construção civil. E o futuro? Ele é enfático: “Tenho um grande sonho de ir ao Japão conhecer pessoalmente Ikeda sensei até 2030 e visitar a Universidade Soka”.
Ulisses tem 13 anos, cursa o oitavo ano do ensino fundamental 2. “Quero com muito estudo finalizar o fundamental 2 e fazer minha faculdade. Minha mãe sempre fala para eu me esforçar, assim ajudarei a sociedade e os companheiros aqui da comunidade.” E um sonho, Ulisses? “Quero conhecer outros países, e já vou estudar o inglês, mesmo não gostando”, confessa. “Vou me esforçar”, decide sorrindo, pois sabe que precisará do novo idioma.
Marilucia, a mãe que conseguiu trazer todos até esse momento tão objetivado, revela: “Tenho ainda muitos desafios neste momento para enfrentar, inclusive por meus pais estarem doentes. Mas tenho plena convicção da vitória”, determina. No coração traz um precioso incentivo: “Se não fosse pelo fluxo dos rios, não existiria mar. Da mesma forma, sem as adversidades, não existiria o devoto do Sutra do Lótus”.1
A família segue unida, mais que nunca. José Nilson enfatiza: “Minha sincera gratidão por fazer parte da Soka Gakkai”.
Reprodução/Foto-RN176 Após a reunião da comunidade em março – Foto: Arquivo pessoal
Assim, no mês em que a Divisão dos Estudantes celebra sua fundação, novas e vibrantes histórias surgem em todos os recantos do país. Os herdeiros do futuro estão com a palavra!
Marvin Nilson Santos, 17 anos. Estudante e futuro universitário. Membro da DE-Herdeiro.
Ulisses dos Santos, 13 anos. Estudante. Membro da DE-Esperança.
Integram a Comunidade e o Distrito Vitória da Conquista, RM Sudoeste Baiano, Sub. Bahia, CRE Leste, CGRE.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 33, 2020.
Fotos: Arquivo pessoal