Todos os esforços pelo planeta

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  06/03/2021 11:15

REDAÇÃO/ESPECIAL

A conscientização a respeito das questões ambientais é o primeiro passo para realizar ações práticas e transformar o mundo

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI

Poluição do ar, da água, extinção de espécies, degradação do solo e superpopulação; desmatamento, queimadas, assoreamento de rios — esses são problemas recorrentes quando o assunto envolve as questões ambientais. Se possuir uma visão clara sobre o assunto é o primeiro passo para a mudança, imagine só se você pudesse controlar os impactos de suas ações exatamente onde se encontra agora? Essa é a chave para uma transformação global positiva e o planeta Terra agradece.

Planeta água

A água que sai na torneira de sua casa vem dos mananciais — rios, represas, lagos, açudes e poços e percorre um longo caminho desde os grandes reservatórios, passando por ampla rede de encanamentos até chegar aí. Talvez isso não seja novidade. Mas uma informação espantosa é que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existem 783 milhões de pessoas no mundo que vivem sem água potável.1 Se levarmos em consideração o fato de que somente 3% da água do planeta é doce, esses números podem ser ainda maiores em longo prazo.

Há sete anos, João Severo, pequeno agricultor do sertão de Pernambuco, já integrava a parcela da população mundial sem acesso à água limpa, vivendo com pouco mais de 500 ml de água por dia, num dos períodos de estiagem mais severos no Brasil. “Nem sempre o caminhão-pipa aparece por aqui. A gente acaba se virando com xique-xique [cacto comum nas regiões, rico em propriedades nutricionais e água]”, conta.

Apesar de tamanha privação, quem mais sofre com o problema é sua esposa, dona de casa, que aguarda o marido retornar ao casebre no fim do dia, com um pequeno engradado de água. A ONU Mudanças Climáticas2 atesta a informação de que são as mulheres e as meninas as mais impactadas pela seca. São elas que organizam o racionamento e vivem essa realidade excludente no cotidiano já que muitos homens saem de casa para trabalhar, tendo com isso melhor acesso à água.

Por outro lado, incluir as mulheres na resolução de questões como essas traz uma perspectiva diferente para esse cenário. O líder da SGI, Daisaku Ikeda, por exemplo, cita: “Essa consciência da importância de incluir as perspectivas das mulheres no processo de discussão dos desafios globais não se limita à paz e à resolução de conflitos”;3 vai além dessas questões para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por exemplo.

Brasil verde

Apesar dos desafios ambientais que enfrenta, o Brasil é um país rico em recursos naturais, abrangendo em seu território 12% da água doce do planeta, boa parte da Floresta Amazônica — ocupando mais de 45% do território, com um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo —, e ainda bens energéticos e minerais. Suas florestas correspondem a pelo menos 60% de extensão territorial. E no geral, elas são espaços de importância fundamental para a manutenção dos ecossistemas e para a melhoria da qualidade de vida das populações. No entanto, de acordo com dados fornecidos pelo Observatório Mundial das Florestas, sua devastação já havia alcançado cerca de 29,7 milhões de hectares no mundo todo em 2016.4

Reprodução/Foto-RN176 Representantes do Instituto Soka Amazônia participam de seminário sobre mudanças climáticas

 Na contramão dessa estatística, organizações ao redor do mundo se engajam em iniciativas de reflorestamento; mas também pessoas comuns do povo se destacam. É o caso da queniana Wangari Maathai (1940-2011), ganhadora do Prêmio Nobel, e à frente do movimento Cinturão Verde, que gerou o plantio de mais de 51 milhões de árvores desde o fim da década de 1970.

Vale lembrar que o Instituto Soka Amazônia também defende essa causa, realizando ações de educação ambiental, atuando diretamente nas questões do clima e do solo, mantendo um banco de sementes naturais e apoiando as pesquisas científicas. Os plantios são uma máxima do instituto que, atualmente, planta uma árvore para cada vítima da Covid-19 no Brasil, no projeto Memorial da Vida.

Ampla perspectiva

São muitos os fatores que desencadeiam cenários ambientais críticos. Mas é inquestionável a relação entre seres humanos e a degradação ambiental. Despertar para uma nova consciência a respeito dessa questão contribui e muito na corrida contra o tempo pela recuperação do planeta.

É o exemplo do aquecimento global — assunto-alvo de muitas discussões —, resultante da emissão de gases associados ao efeito estufa. Apesar das divergências acerca desse desequilíbrio, é fato que seus efeitos afetam cada vez mais populações em diferentes partes do mundo. Isso significa que, a queima em larga escala de petróleo, carvão e gás natural feita em determinada parte do planeta afeta não somente esse local, como também as comunidades mais carentes e privadas de qualquer recurso de combate às mudanças do clima.

Daisaku Ikeda cita as questões climáticas em suas propostas de paz, num apelo para promover amplas reflexões sobre o assunto. “Os desastres naturais não surgem somente de fenômenos imprevisíveis: eles também nascem de crises econômicas que geram crescente insegurança na vida das pessoas e da rápida degradação do meio ambiente, originada por alterações climáticas. Tudo isso afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento.”6

Importante aprendizado

“Aprender, refletir, capacitar, liderar” também são conceitos retratados nas propostas de paz de Daisaku Ikeda sobre educação para o desenvolvimento sustentável.

O aprendizado é o instrumento das possibilidades que sustenta as tomadas de decisão e as grandes iniciativas, ao passo que o ponto principal é a reforma de pensamento do indivíduo. “Quando as pessoas são conscientes e educadas e possuem valores elevados, podem encontrar a estrada para uma solução sábia de todos os problemas, incluindo os ambientais. A base de tudo é a criação de pessoas capazes.”,7 explica o presidente Ikeda.

Num recente encontro sobre ecologia criativa, promovido pela SGI-Reino Unido, um dos tópicos discutidos foi como capacitar as pessoas para que suas ações gerem mudanças positivas com relação aos problemas ambientais. O evento faz parte de uma série de palestras, visando a 26ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP), que deve acontecer em Glasgow, Reino Unido, em novembro. “Orgulhosos com essa conferência no Reino Unido, estamos determinados a compartilhar os valores e a filosofia Soka, e o pensamento de Ikeda sensei na sociedade e em relação à COP26”, cita o coordenador da Divisão dos Jovens da SGI-Reino Unido, Koichi Samuels.

Todos são capazes

Cada pessoa tem a habilidade e a força propulsora da mudança dentro de si. E a partir de uma nova forma de pensar, desperta para sua consciência coletiva.

A futuróloga e ativista do meio ambiente Hazel Henderson era uma dona de casa quando iniciou sua jornada pelo desenvolvimento sustentável. Junto com mães que lutavam por um futuro melhor para seus filhos, contestou a poluição e as questões ambientais sob o lema “Pensar Globalmente, Agir Localmente”. No diálogo que realizou com o presidente Ikeda, citou: “Antes de tudo, deve-se dar o primeiro passo de coragem. E depois continuar a avançar passo a passo. Então, naturalmente, os caminhos serão abertos”.8

O budismo ressalta a “unicidade da vida e seu ambiente”, e a esse princípio é dado o nome de esho-funi. Nesse sentido, revitalizar o ser humano é o mesmo que revitalizar o ambiente.

Um jovem de Bangladesh, incomodado com os problemas de sua comunidade, criou um projeto de redução do consumo de energia elétrica a partir da reutilização de garrafas pet [confira essa história na seção de notícias desta edição]; uma jovem brasileira desenvolveu um sistema de purificação de água para famílias do semiárido; a Divisão dos Jovens (DJ) de uma localidade na zona sul de São Paulo realizou um plantio comemorativo, contribuindo para a arborização da região; estudantes da Universidade Soka, no Japão, promovem a redução do uso de plástico com campanhas interativas nas redes sociais.

Iniciativas como essas dão espaço para um novo ritmo produtivo de viver, no qual todas as pessoas e o planeta se beneficiam. As ações da Soka Gakkai são excelentes exemplos de como promover transformações sociais positivas. O objetivo é que pessoas comuns, dentro de sua realidade, consigam se perceber como parte dessa engrenagem que é o planeta Terra.

Durante a abertura da exposição Sementes da Esperança e da Ação: Tornando Realidade os ODS [matéria na seção de notícias desta edição], o coordenador do Programa de Sustentabilidade da SGI, Tadashi Nagae, afirmou: “O importante é termos a consciência de que mesmo as pequenas ações podem causar algum impacto social”.

Cuidar do planeta não é tarefa distante. Corresponde a zelar pelos seus hábitos ciente de que eles geram impactos de diferentes proporções. Assim, é importante assumir o compromisso prático de fazer a diferença no local em que se encontra agora. Se o poder humano é ilimitado, quando pessoas conscientes se unem, toda mudança se torna possível.

Notas:

  1. https://blog.positiva.eco.br
  2. https://uncclearn.org
  3. Terceira Civilização, ed. 597, maio 2018, p. 16.
  4. https://uol.com.br
  5. Brasil Seikyo, ed. 1.624, 20 out. 2001, p. A3.
  6. Terceira Civilização, ed. 524, abr. 2012, p. 24.
  7. Idem, ed. 536, abr. 2013, p. 4.