Transformar a tristeza em alegria e comprovar diariamente

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 27/01/2023 08:34                                                                          CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                Por Ho Goku

                                                                                                                                                

Capítulo “Levantando Voo”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

 

Parte 45

Nessa visita ao Havaí, além de se encontrar e de dialogar com o governador George Ariyoshi, Shin’ichi Yamamoto participou de atividades como a Convenção do Havaí e se empenhou de corpo e alma em sua luta para incentivar os membros e promover intercâmbios pela paz.

Depois, passou por São Francis­co, Washington e chegou a Chicago em 10 de outubro. Ele estava firmemente decidido a se encontrar com o maior número possível de membros em local que fosse e dedicar todas as suas forças para incentivá-los.

Shin’ichi participou das convenções comemorativas dos vinte anos do kosen-rufu dos Estados Unidos em cada localidade, visitou as sedes regionais e ainda compareceu a atividades como conselhos de líderes. E sempre que o tempo permitia, mesmo por pouco, aproveitava para realizar visitas familiares.

Em São Francisco, confraternizou-se com 3.500 membros que se reuniram na convenção. Foi também até o Telegraph Hill onde está a estátua de Cristóvão Colombo, local que visitou em sua primeira viagem aos Estados Unidos. Lá, tirou foto comemorativa com membros representantes e juntos reconfirmaram a nova partida do kosen-rufu norte-americano.

Na convenção comemorativa em Washington, incentivou 4 mil membros presentes. E no conselho superior realizado no dia seguinte, citou o “farto banquete de um rei”que consta do Sutra do Lótus e orientou:

— O “farto banquete de um rei” é uma alegoria que compara a grandiosidade do Sutra do Lótus a um banquete de um rei, repleto de iguarias raras e deliciosas. Podemos dizer que é a extraordinária condição de vida de plena satisfação e realização que nós, que chorávamos de infelicidade, alcançamos ao nos encontrarmos com o Gohonzon, nos empenharmos na prática e conquistarmos imensuráveis benefícios. Por outro lado, por mais que a mesa esteja farta de iguarias, se as pessoas ali se hostilizarem, esse será um “banquete dos asura”; se estiverem movidas por avareza ou insaciedade, será um “banquete dos espíritos famintos”; e se forem pessoas tramando para enganar ou prejudicar as outras, será um “banquete dos infernos”. Todos nós nos reunimos e oramos com coração puro, desejando o kosen-rufu mundial e a felicidade de todas as pessoas. Portanto, tenham a convicção de que, de modo mais amplo, nossas atividades e reuniões do dia a dia correspondem ao mais nobre e rico “farto banquete de um rei”. No Sutra do Lótus também existe o termo “flores humanas”. Podemos dizer que é uma expressão que exalta a beleza das pessoas que, iluminadas pela luz da Lei Mística, avançam entusiasticamente rumo ao kosen-rufu. Essas flores resplandecem de alegria, exalam benefícios, espalham o perfume da felicidade para as pessoas e recebem o momento do seu esplendor, que é a plena realização da vida. Gostaria que avançassem com o orgulho de “Eu sou uma flor humana”.

Parte 46

Em Chicago, cidade visitada logo após a ida a Washington, DC, foram realizados o Festival Cultural de Chicago e a Convenção Comemorativa, contando com a participação de 5 mil membros que se reuniram alegremen­te no Medinah Temple da cidade, no dia 12.

Ao pensar que vinte anos atrás, quando Shin’ichi Yamamoto visitou pela primeira vez a cidade, a quantidade de membros era de pouco mais de uma dezena de pessoas, sentia-se a chegada de uma nova era. No festival cultural, o que tocou seu coração em especial foi a apresentação de Sachie Perry e seus sete filhos.

Ela foi atingida pela bomba atômica em Hiroshima quando tinha 14 anos. Em 1952, casou-se com um militar americano e se mudou para os Estados Unidos. Contudo, o que aguardavam eram o alcoolismo e a violência do marido, as dificuldades financeiras, a delinquência dos filhos, a parede do idioma, a discriminação e o preconceito. Ela trabalhou desesperadamente para criar os sete filhos. A localidade em que a família morava era palco constante de confrontos raciais e disputas de poder, e o marido a fez carregar arma de fogo para sua proteção. Diariamente, ela vivia amargurada em sofrimentos e trêmula de medo.

Certo dia, ela ouviu a respeito do budismo por intermédio de uma mulher oriental que morava perto de sua casa e iniciou a prática budista. Era ano de 1965.

A chama do seu coração ardeu diante dos incentivos que afirmavam que ela conseguiria ser feliz sem falta. Mais que qualquer outra coisa, ela queria transformar seu destino. Ao recitar daimoku, sentiu a coragem emergindo de sua vida. E ao estudar o budismo, aprendeu que, como bodisatva da terra, possuía a missão de ensinar a Lei Mística aos norte-americanos e comprovar a felicidade tanto de si como dos demais ao redor.

Quando se descobre o verdadeiro significado de sua existência, a vida revivesce.

Utilizando seu pouco vocabulário do inglês, ela começou a propagar o budismo.

O carma negativo se manifestou como ondas bravias e a assolou. A filha caçula ficou doente e teve de passar por várias cirurgias. O alcoolismo do marido e as dificuldades financeiras persistiam. Contudo, ela tinha se tornado uma pessoa que encarava resolutamente os sofrimentos, tendo como base a fé. Estava decidida a não ser derrotada por nada. Os sete filhos também passaram a se empenhar na fé, e formaram uma banda para ajudar no sustento da casa, e depois atua­ram profissionalmente. Embora lutando contra o seu carma, sentia esperança e alegria no dia a dia.

Ela contou sua história de vida no palco do festival cultural. É por meio do relato de experiência do “revivescer” de cada pessoa que se comprova a veracidade da Lei universal.

Parte 47

No Festival Cultural de Chicago, Sachie Perry seguiu apresentando seu relato de experiência que escreveu como se fosse uma carta para Shin’ichi Yamamoto:

— Querido Yamamoto sensei! Quando iniciei minha prática do budismo, levava meus dias agoniada e prostrada diante das dificuldades da vida, sem autoconfiança, sem coragem e sem qualquer aspiração. Quando pensei que não havia outra forma de conquistar a felicidade a não ser por meio desta fé, eu me esforcei com todas as forças na propagação do budismo.

A história da família foi projetada por meio de slides.

Com a voz estremecida pela emoção, ela bradou:

— Sensei! Agora conquistei a harmonia familiar e me tornei muito feliz! Meus filhos se desenvolveram de maneira admirável. Vim orando para que o senhor pudesse vê-los um dia. Esses são os meus filhos!

Os holofotes do palco iluminaram os sete filhos dela. A apresentação musical se iniciou, e os filhos cantaram e tocaram instrumentos acompanhando o ritmo suave. Nos olhos da mãe brilhavam as lágrimas. Essas vozes eram o canto que anunciava o alvorecer da esperança e a melodia era o compasso da alegria da felicidade.

Shin’ichi aplaudiu efusivamente essa apresentação que representava o drama da vitória dessa família.

A paz do mundo se inicia a partir da revolução humana e da transformação do destino de uma única pessoa. Na harmonia e na felicidade de uma família se encontra a verdadeira imagem da paz.

Ele compôs e ofereceu diversos poemas de incentivo aos participantes. E representando a família Perry, Shin’ichi ofereceu ao filho mais velho o seguinte poema:

Canção da mãe.

Resplandeça orgulhosamente.

Filhos monarcas.

Os filhos herdaram as aspirações da mãe e se desenvolveram como líderes da sociedade e também do kosen-rufu. Por exemplo, a filha caçula Ayumi, que tinha saúde frágil e vivia doente, mesmo em meio às dificuldades financeiras, conseguiu se formar na faculdade, trabalhar com educação, fazer pós-graduação e concluir o doutorado. Ela se engajou como líder dos educadores e de empresas e organizações, e também atuou em programas de desenvolvimento de “valores humanos” como de funcionários das Nações Unidas. Na SGI-Estados Unidos, ela se tornaria coordenadora nacional da Divisão Feminina.

Vinte anos do kosen-rufu dos Estados Unidos — com o Budismo Nichiren, que elucida que todas as pessoas estão igualmente dotadas da vida do Buda, o novo sonho americano gerou frutos e fez desabrochar muitas “flores humanas” de felicidade.

Parte 48

A convenção comemorativa foi realizada na sequência, logo após o Festival Cultural de Chicago.

Na ocasião, o diretor-geral da SGI-Estados Unidos apresentou a proposta de Shin’ichi Yamamoto: “Que tal realizarmos o Festival cultural da Paz Mundial em Chicago no ano que vem?”. Ao consultar os participantes, houve uma grande salva de palmas em concordância.

Em suas palavras de cumprimento, Shin’ichi falou sobre a importância do estudo do budismo e enalteceu que todos deveriam se dedicar ao exercício budista sempre com base nos escritos de Nichiren Daishonin.

Se cada um for levado por opiniões próprias, não será possível criar a união. Contudo, se sempre retornassem para os escritos, então conseguiriam se unir em um só coração. Os exemplos para nossa conduta como seres humanos encontram-se exatamente nos princípios do budismo.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

Shin’ichi, que frisou a importância do estudo aprofundado do budismo, explanou o Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente para líderes representantes na manhã do dia 13, dia que partiria de Chicago. Enquanto esperava o horário da partida do seu voo no aeroporto, explanou o escrito Abertura dos Olhos para os líderes e orientou sobre o modo de ser de um praticante budista. Uma condição indispensável a um líder é a ação proativa de tomar a iniciativa e dar o exemplo.

Ao chegar a Los Angeles, Shin’ichi seguiu para a cidade de Santa Mônica e participou de uma reunião de gongyo e de uma conferência da amizade de representantes da SGI no Centro Cultural do Mundo. E na noite do dia 17, participou da 1a Convenção da SGI, onde se reuniram 15 mil representantes de 48 países e territórios. A atividade foi realizada no Shrine Auditorium da cidade de Los Angeles, uma majestosa construção histórica onde já havia sido palco de eventos como a entrega do Oscar da Academia de Cinema.

Para essa convenção, foram recebidas mensagens de congratulações do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU); de congressistas e senadores norte-americanos; de governadores de vários estados, como Califórnia e Nova York; de prefeitos de diversas cidades, como Los Angeles e Detroit; e de pessoas ligadas a universidades, como o reitor da Universidade de Minnesota.

Nessa ocasião, Shin’ichi apresentou o poema que recebeu do seu venerado mestre, Josei Toda, em julho de 1953:

Como a figura

do grande pássaro,

percorrendo os céus,

viva para sempre.

Ele expressou sua decisão e seu sentimento de querer percorrer o mundo inteiro conforme essas palavras e de se dedicar até o fim em prol da propagação da Lei Mística.

“É a partir de agora!” — seus olhos vislumbravam o resplandecente novo século iluminado pelo alvorecer da esperança.

O personagem do presidente Ikeda, Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo como autor, Ho Goku.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v.II, p. 442

Ilustrações: Kenichiro Uchida