ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 23/06/2023 16:05 ESPECIAL DIRETO DA RADAÇÃO DO JBS
Os três primeiros presidentes da Soka Gakkai [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda] foram presos ao dedicarem a vida à justiça e à felicidade da humanidade.
Reprodução/Foto-RN176 Três Mestres Soka — Tsunesaburo Makiguchi, à esq.; Josei Toda, à dir.; e Daisaku Ikeda, ao centro — enfrentam diversos obstáculos para proteger o Budismo Nichiren e os membros da Soka Gakkai – Ilustração: Kenichiro Uchida
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, o governo militarista do Japão estabeleceu, em 1940, leis para unir a população em torno do xintoísmo a fim de vencer o conflito. Portanto, recusar-se a aceitar o talismã xintoísta se tornou motivo de prisão.
Os detetives da polícia especial começaram a vigiar a Soka Gakkai em 1942 e, no ano seguinte, as reuniões da organização estavam sob os olhares atentos deles. Além disso, o clero da Nichiren Shoshu estava envolvido e, em torno dos militares, seus representantes se juntaram para implantar a unificação de todos os grupos religiosos.
Em junho de 1943, os clérigos aceitaram passivamente o talismã xintoísta. No mesmo mês, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda foram chamados ao templo principal e orientados a seguir as ordens do governo, mas se recusaram.
Na manhã do dia 6 de julho, o presidente Makiguchi foi detido em Shizuoka, onde realizava a propagação do budismo (shakubuku), e Toda sensei também foi preso no mesmo dia, em Tóquio, ambos acusados de desrespeitar a ordem pública e o xintoísmo.
Em outubro, cerca de duas semanas após o presidente Tsunesaburo Makiguchi ser transferido para o Centro de Detenção de Tóquio, Josei Toda também foi levado para a solitária desse local. Quase um ano depois, em 18 de novembro de 1944, Makiguchi sensei falece na prisão. Toda sensei só soube do falecimento do seu mestre em 8 de janeiro de 1945.
No dia 29 de junho daquele ano, Josei Toda foi transferido do Centro de Detenção de Tóquio para o Presídio de Toyotama e, dali, libertado às 19 horas do dia 3 de julho de 1945.
Comprovar a verdade e a justiça
Após a sua libertação da prisão e com o objetivo de honrar a vida do seu mestre, Josei Toda deu início à reconstrução da Soka Gakkai. Em 3 de maio de 1951, assume como segundo presidente da organização e sua liderança é marcada pela luta da reconstrução e pelo fortalecimento da Soka Gakkai. No ano seguinte, a denominação Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor] foi alterada para Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Toda sensei dizia: “A Soka Gakkai é mais preciosa do que minha própria vida”.
Nesse ínterim, em 24 de agosto de 1947, o jovem Daisaku Ikeda conhece a filosofia do Budismo Nichiren e decide ser treinado por Josei Toda, fazendo assim o juramento de acompanhar seu mestre por toda a vida.
Com a grande expansão das conversões no Distrito Osaka e em todo o Japão, muitos inimigos se levantaram contra a Soka Gakkai. Em 1957, Daisaku Ikeda foi para Hokkaido a fim de solucionar o Incidente do Sindicato dos Mineradores de Carvão de Yubari, que promovia uma perseguição discriminatória contra os membros da organização. O fato culminou com o Incidente de Osaka, quando, em 3 de julho de 1957, Ikeda sensei, com menos de 30 anos, foi detido injustamente sob falsas acusações de fraude eleitoral.
Durante a prisão, foram catorze dias em que sofreu pesados e intermináveis interrogatórios e, ao afirmarem que prenderiam o presidente Josei Toda caso ele não confessasse o crime eleitoral, assinou uma confissão porque jamais deixaria seu mestre retornar injustamente para o cárcere. Ao ser libertado no dia 17 de julho, determinou que faria justiça e provaria a verdade.
Naquela tarde, os membros de Kansai fizeram uma grande manifestação com protestos contra a polícia e a promotoria de Osaka. Apesar do temporal que caía sem tréguas, milhares de membros se reuniram no Auditório Cívico Central de Osaka, em Nakanoshima. Na ocasião, Ikeda sensei bradou corajosamente: “Vamos lutar com a convicção de que a justiça do budismo prevalecerá no final!”.
A primeira audiência no Tribunal de Osaka ocorreu em 8 de outubro de 1957. Dos artigos de acusação relacionados ao julgamento, Daisaku Ikeda foi acusado por todos os relacionados à solicitação de votos de porta em porta, e o diretor-geral da Soka Gakkai Tadashi Koizumi, à compra de votos.
Em 5 de março de 1958, Ikeda sensei foi ao encontro do presidente Josei Toda, para lhe informar sobre a viagem para Osaka, a fim de se apresentar ao julgamento. Acamado, Toda sensei levantou o cobertor e lhe disse:
Daisaku, você está exausto, não está? Como está sua saúde? Você tem uma longa batalha pela frente. Gostaria de tomar seu lugar se pudesse. Você arcou com toda a culpa. É realmente uma pessoa de bom coração. (…) Este julgamento não será uma batalha fácil. Poderá perturbá-lo por mais algum tempo pela frente. Porém, você vencerá no final. Pelo fato de o ouro ser ouro, jamais perde seu brilho, não importa quão enlameado possa estar. Definitivamente, a verdade aparecerá. Apenas lute como homem — com dignidade e coragem.1
Em 2 de abril daquele ano, o presidente Josei Toda falece e, em meio a esse turbilhão, as audiências prosseguiam. Mais que nunca, o juramento do presidente Ikeda de provar a justiça permanecia intacto.
Depois de 1.670 dias após a prisão, em 25 de janeiro de 1962, o juiz proferiu sua decisão: “A corte declara o réu, Daisaku Ikeda, inocente”.
Sobre o espírito contido nesta significativa data, o presidente Ikeda comenta:
Três de julho é o Dia de Mestre e Discípulo — um dia em que os autênticos discípulos resolutamente se levantam sozinhos em prol da justiça. É o dia para os discípulos se dedicarem novamente à luta pela verdade, o dia em que eles dão mais um passo avante no caminho aberto com triunfo por seu mestre. (…)
É quando somos confrontados com as maiores dificuldades que devemos desafiar a nós próprios com tenacidade e perseverança. Quando agimos assim, o sol da esperança nascerá em nosso coração e o alvorecer da vitória começará a irromper.2
No topo: Três Mestres Soka — Tsunesaburo Makiguchi, à esq.; Josei Toda, à dir.; e Daisaku Ikeda, ao centro — enfrentam diversos obstáculos para proteger o Budismo Nichiren e os membros da Soka Gakkai
Fonte:
Brasil Seikyo, ed. 2.521, 27 jun. 2020, p. 8 e 9.
Notas:
- Terceira Civilização, ed. 531, nov. 2012, p. 32.
- Brasil Seikyo, ed. 2.095, 13 ago. 2011, p. A3.
Ilustração: Kenichiro Uchida