Três dicas para descobrir se uma notícia é falsa

ROTANEWS176 E BBC BRASIL 17/11/2016 17h03

1                                                                                 Reprodução/Foto-RN176

Uma das falsas notícias afirmava que Trump teria nascido no Paquistão

“Donald Trump nasceu no Paquistão.”

“Yoko Ono teve uma relação amorosa com Hillary Clinton nos anos 70.”

Essas são algumas das “notícias” inverídicas que circularam pela internet e acabaram compartilhadas por milhares de leitores nas redes sociais.

E elas não são as únicas: uma série de informações falsas ganhou repercussão enorme nos últimos tempos.

A frequência com que apareceram e a velocidade com a qual se propagaram durante a campanha eleitoral nos Estados Unidos, por exemplo, deixou muita gente preocupada.

Mas afinal de contas, como, no meio de tanto ruído, saber o que é real e o que é falso?

A resposta começa por fazer as perguntas certas:

Nathan Williams News/Reprodução

1                                                                                  Reprodução/Foto-RN176

Vídeos que viralizaram não foram transmitidos em fontes oficiais como a Nasa – um grande indicativo de que a transmissão ao vivo era falsa

1) Checar se a fonte é de confiança

Uma notícia falsa que teve muita repercussão recentemente dizia respeito a supostos vídeos transmitidos ao vivo pelo Facebook diretamente do espaço.

Eles foram compartilhados em páginas como Unilad, Viral USA, Interestinate também em vários canais no YouTube.

Sim, as imagens eram reais. Mas não se tratava de uma transmissão ao vivo. Era uma notícia falsa.

Nem a página oficial do Facebook da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, nem a Estação Espacial Internacional – que poderiam estar relacionadas com as imagens – mencionaram as tais transmissões.

2) Soa estranho demais para ser real? Desconfie

Uma “notícia” sobre um romance entre Yoko Ono e Hillary Clinton foi publicada na página World News Daily.

Segundo a publicação, o relacionamento teria começado no meio dos protestos contra a Guerra do Vietnã, durante a década de 1970.

O suposto romance teria continuado quando a artista japonesa se mudou para Nova York com John Lennon e enquanto a democrata estudava na Universidade de Yale, em Connecticut. E durado até que as duas “perdessem contato”.

A fonte? Supostas declarações que a viúva de Lennon teria feito durante uma apresentação no Museu de Arte Moderna de Los Angeles, que teriam “surpreendido jornalistas”.

“Compartilhamos muitos valores sobre a igualdade de gênero e a luta contra a sociedade autoritária, patriarcal e machista”, teria dito Ono.

Já a falsa notícia sobre o suposto nascimento de Trump no Paquistão, citada no início desta reportagem, foi divulgada pela rede de televisão paquistanesa Neo News.

O canal assegurava que o presidente eleito dos Estados Unidos teria nascido em uma família muçulmana no vale de Shawal, e não em Nova York. Além disso, o nome real dele seria Dawood Ibrahim Khan.

A “notícia” foi compartilhada por muitos usuários nas redes sociais, entre eles um jornalista – o correspondente do jornal The Atlantic Graeme Wood – e repercutiu em meios de comunicação em todo o mundo.

A hipótese não fazia sentido algum – ela ironizava os comentários de Trump de que o presidente Barack Obama não teria nascido nos Estados Unidos.

Mas há casos em que é mais complicado distinguir a realidade da ficção.

Um exemplo são as informações falsas sobre as execuções que teriam sido ordenadas pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

Alguns textos citavam penas cruéis e espantosas, como o que afirmava que o tio dele teria sido devorado por cachorros ou que ele teria disparado um canhão antiaéreo contra seu ministro da Defesa.

Por se tratar de um país tão fechado, a disponibilidade de acionar fontes para conferir os fatos é mais limitada.

Grande parte dessas informações foi emitida pelo Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, conhecido pela sigla em inglês, NIS, e transmitida através da agência oficial de notícias Yonhap a vários veículos de mídia internacionais.

Depois, o próprio NIS desmentiu algumas dessas informações.

World News Daily/Reprodução

1                                                                                  Reprodução/Foto-RN176

3) Verificar se a notícia pode ser checada

Existem páginas na internet, como a irlandesa FactCheckIn, que se encarregam de comprovar, de maneira independente, notícias e afirmações de políticos e de meios de comunicação. São conhecidos como sites de verificação de dados, oufact-checking.

“Nosso desejo é promover um debate político que se baseie em cifras e dados, e não em estereótipos e preconceitos”, explicam os responsáveis.

Outros exemplos são o Ojo Biónico, no Peru, ou a brasileira Agência Lupa.

Segundo o Censo anual do Laboratório de Repórteres da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, esse tipo de projeto jornalístico aumentou muito em todo mundo entre 2015 e 2016, chegando a quase dobrar em quantidade.

Somente no último ano, surgiram sete novos projetos apenas na América Latina.

Sobre os grandes veículos de comunicação, comprometidos com a verificação de dados, como a BBC, é importante comprovar que a página é realmente aquela que você acredita que é.

Alguns sites ou páginas nas redes sociais são desenvolvidos para ter o mesmo visual da grande imprensa e são usados justamente para confundir os leitores.

No caso das redes sociais, você deve sempre observar se a página é verificada – elas contêm um selo azul ao lado do perfil.