Tudo depende da fé

ROTANEWS176 E POR 06/06/2020 08:01

RELATO

Reprodução/Foto-RN176 Angela Raquel dos Santos, 53 anos. Coord. Pedagógica

Para Angela, todo desafio é uma chance para mudar o ambiente e inspirar os outros

Pratico o budismo Soka há 28 anos e, quando iniciei, vivia em meio à miséria, sem perspectivas.

Sofri com epilepsia por mais de vinte anos e os médicos não me davam expectativa de melhora. Tinha intensas e frequentes crises em qualquer lugar. Nesses momentos, quem me medicava e pedia socorro era minha filha, Ana Terra, que desde criança se mostrava cuidadosa comigo. Morávamos ela e eu numa casa simples em Campinas, SP, e por conta da doença, tinha dificuldades para encontrar trabalho. Enfrentamos grandes desafios financeiros e até a comida quase nos faltou por diversas vezes.

Em meio a essa realidade, conheci o budismo e passei a recitar Nam-myoho-renge-kyo. O primeiro benefício dessa prática foi receber uma grande compra de supermercado, feita por um irmão que morava em outra cidade. Por mais simples que pareça, esse foi o ponto de partida para a total transformação da nossa vida.

Novas vitórias

Tempos depois, consegui um emprego com carteira assinada, e com o apoio de um colega de trabalho, iniciei um novo tratamento para epilepsia no Centro de Neurologia da Universidade de Campinas (Unicamp). Anos depois, engravidei do meu segundo filho, Iago, e os médicos disseram que corríamos o risco de não sobreviver ou ficaríamos com sequelas. Decidida a vencer essa batalha e, junto com os amigos Soka, orei intensamente. O bebê nasceu saudável e em paralelo, o quadro de epilepsia foi revertido.

Encorajada, queria avançar mais e decidi cursar Letras, concluindo a graduação em 2000. Em paralelo, passei num concurso público tornando-me professora efetiva na rede estadual de ensino.

Iniciei uma fase que me proporcionou evidenciar meu potencial como educadora. Atuei de­zoito anos em sala de aula, e há cinco anos assumi a função de coordenadora pedagógica.

Em 2019, ao coordenar um grupo com mais de trinta professores e 880 alunos, apresentei os princípios da educação Soka e isso fez com que o presidente Ikeda e a Soka Gakkai se tornassem bastante respeitados no meu ambiente de trabalho. Alguns amigos próximos decidiram praticar o budismo inspirados em minhas conquistas, influenciando positivamente as minhas relações de trabalho, em especial, com os alunos, e assim criei sinceros laços de amizade.

Ainda em 2019, inscrevi a escola num concurso com o tema “Transformar Ideias em Ações” — organizado por uma fundação independente na área da educação — no qual fomos vencedores. Recebemos um prêmio em dinheiro, e pudemos reformar uma área desativada da escola num lindo jardim literário, para que os alunos se conscientizassem da importância da leitura e da preservação ambiental. Eu já havia ganhado um prêmio como esse anos antes em outra escola; essas iniciativas me proporcionaram mais reconhecimento profissional.

 

Contínua superação

Nessa jornada de desafios e de vitórias, meus filhos me acompanharam, desenvolvendo-se nos estudos e na vida profissional, enfrentando os próprios dramas. Iago, que se deparou com crises de ansiedade ainda muito jovem, encontrou forças para vencer ao lado dos amigos da banda Taiyo Ongakutai, da qual é integrante, e com os incentivos do presidente Ikeda. Ana Terra é fonoaudióloga com mestrado em voz profissional. Em meio a uma vida atribulada, superou o transtorno de ansiedade e a suspeita de câncer de mama, tornando sonhos em realidade, ao idealizar a Cor e Voz, empresa na qual dá assessoria, treinamento e preparação vocal para artistas. Em 2017, integrou o grupo dos 200 jovens que foram ao Japão, levando na bagagem as nossas vitórias ao Mestre.

Nesse período, fui acometida por uma severa anemia que pôs minha vida em risco. No entanto, mantive a convicção de que não há sofrimento que resista à força do Nam-myoho-renge-kyo, e venci.

O presidente Ikeda diz que as respostas das orações dependem da nossa fé. Com tal determinação, enfrentei as duras incertezas de cura ao receber o diagnóstico de perda óssea na boca. Chorei, fiquei preocupada, mas logo refleti que tinha o daimoku. Afinal, meu sorriso é a expansão do kosen-rufu, que transmite alegria e esperança às pessoas. “Tudo será vitória!”, concluí. Passei por uma cirurgia, meu organismo reagiu positivamente e estou vencendo cada etapa do tratamento.

As comprovações da prática budista continuam refletindo em meus familiares e, encorajados, ensinamos essa filosofia para mais de trinta pessoas que decidiram praticá-la. Hoje, numa realidade diferente, desfruto uma vida confortável, numa casa melhor, proporcionada pela minha filha, permitindo-me  atuar com tranquilidade pelo movimento da transformação humana, o kosen-rufu, à frente do Departamento de Artistas (Depart) de Campinas e da Divisão Feminina  da localidade.

A prática também reflete no ambiente de trabalho, onde meus colegas sentem-se inspirados a ultrapassar os próprios dramas com alegria e sabedoria. Ano passado, recebi uma homenagem dos professores pelo meu comprometimento à dignidade humana e por disseminar alegria. Isso me impulsiona ainda mais em minha revolução interior para contribuir para o bem-estar das pessoas, e para o desenvolvimento social da minha amada localidade. E assim, corresponder ao meu mestre, Daisaku Ikeda.

 

Angela Raquel dos Santos, 53 anos. Coord. Pedagógica. Resp. pela DF da RM Campinas Leste e pelo Depart Campinas, CLP, CGESP.