Tudo depende da própria mudança

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 05/12/2020 02:10

RELATO

Convicto de sua força, José Barreto transformou a vida numa trajetória vitoriosa

Reproodução/Foto-RN176 José Barreto de Matos, Resp. pela RM Jaçanã, CNSP, CGESP.

Antes de paticar o budismo, não me conformava com muitas coisas que aconteciam comigo. Mas, ao ouvir sobre a lei de causa e efeito, compreendi por que, para alguns, as coisas são tão difíceis e, para outros, elas vêm com facilidade. A partir de então, transformei cada desafio numa oportunidade para realizar a revolução humana e viver de forma grandiosa.

Vencer a cada dia

Iniciei a prática budista aos 19 anos, junto com minha família, em 1985, por intermédio de uma senhora chamada Albertina. A convite dela, acompanhei minha mãe, que não sabia ler nem escrever, a uma reunião de palestra, no bairro de Lauzane Paulista, na zona norte de São Paulo. Foi nessa atividade que ouvi falar sobre a lei de causa e efeito e sobre o carma. A Sra. Albertina disse que participar do encontro me traria boa sorte. Devido à sua convicção, surgiu em mim a esperança de ser um vencedor; não faltei mais às reuniões.

Em 1986, ingressei no grupo de bastidores da Divisão Masculina de Jovens, chamado Gajokai, admirado com a atuação dos integrantes. Por quinze anos, dediquei-me aos plantões em diversas sedes da organização, protegendo os locais de atividades e os participantes, para que não ocorresse nenhum acidente ou incidente. Além disso, participei nos bastidores de festivais e de outros grandes eventos da BSGI. No entanto, sempre me deparava com dificuldades financeiras e de horários para atuar com tranquilidade nas atividades.

Máximo empenho

Trabalhei como vendedor, analista de crédito, assistente fiscal, mas sempre acabava recorrendo ao meu pai, que era azulejista, pedindo emprego a ele. Aprendi muito com essa profissão, porém sonhava em ser contratado por uma grande empresa, para que tivesse condições de atuar pelo kosen-rufu. Assim, eu, que somente havia concluído o ensino médio, me inscrevi num concurso para oficial de justiça, certo de que por meio do estudo mudaria minhas circunstâncias.

Convicto, esforcei-me ao máximo para estudar. Em paralelo, eu me preparava para o Exame de Budismo. Recitava pelo menos uma hora de daimoku todos os dias para obter êxito nos testes, que foram realizados na mesma data. Nesse dia, não consegui chegar a tempo de prestar o Exame de Budismo, mas senti que havia feito a causa para vencer. Posteriormente fui aprovado no exame, sendo hoje do Grau Superior.

No concurso, com 23 mil candidatos, passei numa colocação que não me permitiu assumir o cargo de imediato. Contudo, em 23 de junho de 1992, meu aniversário de sete anos de prática budista, fui nomeado oficial de justiça do estado de São Paulo.

Meus horários passaram a ser mais flexíveis, permitindo-me participar das atividades, como na visita do presidente Ikeda ao Brasil, em 1993, durante a qual atuei feliz próximo ao Mestre, realizando plantões no Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, onde ele esteve hospedado.

Tinha como incentivo o trecho de um escrito de Nichiren Daishonin:

Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja a proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.1

Nessa fase, havia transformado muitos aspectos, tal como Ikeda sensei orienta quando diz que, por meio da prática, podemos mudar o mundo. Jamais duvidei disso.

Grande mudança

Quando conheci minha esposa, Roseli, decidi que só me casaria e sairia de casa depois que meus pais conquistassem a própria residência e, após 23 anos, concretizamos esse objetivo.

Roseli e eu nos casamos e tivemos dois filhos, Vanessa e Renato. Eles cresceram em meio às atividades da organização. Vanessa ingressou na banda Asas da Paz Kotekitai, e Renato, no Taiyo Ongakutai. Minha filha cursa veterinária na Universidade de São Paulo (USP), de Pirassununga, e meu filho estuda mecânica na Universidade de Campinas. Minha esposa, que também sonhava em trabalhar em uma grande empresa, passou num concurso do Metrô de São Paulo, aposentando-se nessa companhia. E meus pais, os quais eram analfabetos quando comecei a praticar, cursaram a Academia Magia da Leitura, completando o ensino fundamental 1. E hoje, minha mãe lê o BS com muita gratidão.

Numa ocasião, o presidente Ikeda disse: “Tudo compete a nós. Não podemos culpar os outros. Tudo retorna a nós e não aos outros”.2

Numa edição do Brasil Seikyo, uma líder comenta tal trecho afirmando que “No decorrer de nossa vida passamos por uma sucessão de sofrimentos e somos assolados por inúmeras dificuldades. Isso faz parte da vida. Mas todos nós possuímos a força para enfrentar e vencer todos esses obstáculos. A questão é se acreditamos que somos capazes de manifestar essa força ou não”.3

A prática budista realmente me proporcionou uma grande transformação. E cada oportunidade de atuar na organização também foi uma chance de vencer os desafios e fazer a minha revolução humana com a consciência de que tudo muda a partir da determinação.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 296.
  2. Terceira Civilização, ed. 419, jul. 2003, p. 25.
  3. Brasil Seikyo, ed. 1.727, 6 dez. 2003, p. C7.

José Barreto de Matos, 55 anos. Oficial de justiça. Resp. pela RM Jaçanã, CNSP, CGESP.