Tudo possui um significado

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  05/06/2021 10:09

REDE DA FELICIDADE

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

  1. DAISAKU IKEDA

Ele [Shin’ichi Yamamoto] escolhera o dia 2 de outubro para embarcar em sua primeira viagem ao exterior porque o falecimento de [Josei] Toda [2 de abril de 1958] era relembrado no segundo dia de cada mês. Tinha plena consciência da importância que havia por trás do desejo de Toda: “Percorra o mundo!” (…)

Reprodução/Foto-RN176 Partida da comitiva da Soka Gakkai, liderada pelo presidente Yamamoto, tendo o Havaí como primeiro destino. O kosen-rufu mundial sendo desbravado com coragem e determinação – Editora Brasil Seikyo – BSGI

 A viagem de Shin’ichi abrangeria nove cidades de três países, iniciando em Honolulu, no Havaí, e prosseguindo para São Francisco, Seattle e Chicago (Estados Unidos), Toronto (Canadá), Nova York e Washington (Estados Unidos), São Paulo (Brasil), terminando em Los Angeles (Estados Unidos). O retorno ao Japão estava previsto para 25 de outubro.

Um dos objetivos da viagem era levar orientações e incentivos sobre a prática e a fé budistas aos membros da Soka Gakkai que estavam começando a aparecer nessas re­giões. Outro objetivo era comprar material de construção para o Grande Salão de Recepção (Daikyakuden) que a Soka Gakkai pretendia construir e doar ao templo principal. (…)

Shin’ichi Yamamoto retirou a foto de Josei Toda do bolso interno de seu paletó e, olhando-a fixamente, pensou: “Como ele ficaria feliz se pudesse me acompanhar nesta viagem”. (…)

Após sete horas da decolagem do Aeroporto Internacional de Tóquio rumo ao Havaí, o avião iniciou a sua descida gradativa. O relógio de Shin’ichi, ajustado ao horário havaiano, marcava 22h30 do dia 1o de outubro. Devido ao fuso horário, existia uma diferença de dezenove horas a menos em relação ao Japão. Minutos depois, o avião preparou-se para a aterrissagem. Ao olhar pela janela, pequenos pontos luminosos salpicavam abaixo como pedras preciosas. Eram as luzes da cidade de Honolulu.

O Fuji1 pousou no aeroporto de Honolulu por volta das 23 horas, com quase uma hora de atraso. Apesar de ser tarde da noite, o ar estava quente. O Havaí era mesmo a terra do verão permanente.

O rosto dos integrantes da comitiva, que trajavam roupas de meia-estação, chapéu e paletó, logo começou a transpirar. Uma longa fila se formou no balcão de imigração. Enquanto aguardava sua vez, Shin’ichi perguntou a Kiyoshi Jujo:

– Podemos contar com o seu inglês?

Antes da partida, Jujo havia lhe garantido que falava inglês fluentemente.

– Sim. Se for uma conversa corriqueira, não haverá problema. Na academia naval recebi rigoroso treinamento para aprender a língua inglesa — respondeu Jujo, orgulhoso.

Shin’ichi e seus acompanhantes esperaram cerca de trinta minutos. Ao se aproximar do guichê, Jujo antecipou-se a Shin’ichi e disse:

Sensei, passarei pelos procedimentos de imigração antes, assim poderei ser seu intérprete quando chegar a sua vez.

Por fim, chegou a vez de Jujo apresentar seu passaporte ao fiscal, que lhe fez uma pergunta em inglês. Jujo ficou parado por alguns instantes, parecia confuso, mas pôs-se a falar:

Uansu moa purizu! (Once more, please!, ou “Mais uma vez, por favor!”)

Jujo repetiu as mesmas palavras várias vezes e o funcionário repetiu a mesma pergunta. Após várias tentativas sem sucesso, o funcionário abriu os braços e balançou a cabeça num gesto de desistência.

Um rapaz que assistia à cena e que parecia ser um agente de viagens não conseguiu ficar indiferente e ofereceu-se para servir de intérprete. Assim, a comitiva pôde se livrar da embaraçosa situação.

– Puxa, como é difícil entender o inglês dos havaianos — disse Jujo coçando a cabeça e rindo um tanto encabulado.

Shin’ichi percebeu que ter intérpretes competentes era imprescindível para o desenvolvimento do kosen-rufu mundial.

Ao passarem pela alfândega, pegaram as bagagens e se dirigiram ao saguão de desembarque. Já era madrugada do dia 2 de outubro em Honolulu.

A comitiva seria recepcionada no aeroporto por um membro da Divisão Masculina de Jovens, Nagayasu Masaki, que havia se mudado para os Estados Unidos três anos antes a fim de estudar. Estava tudo acertado que Masaki esperaria a comitiva no aeroporto e serviria de guia e intérprete durante a visita deles.2

– Masaki deve estar cansado de esperar por causa do atraso do nosso voo — disse Shin’ichi a Jujo, com ar preocupado.

– É verdade! Ele disse que iria nos recepcionar com um grande número de companheiros do Havaí.

Reprodução/Foto-RN176 Masaki e cerca de trinta membros do Havaí se encontram com Shin’ichi e comitiva, no terraço do hotel, após desencontro no aeroporto – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Ao chegar à ala de desembarque, a comitiva encontrou um ambiente cheio de pessoas que se confraternizavam alegremente. Contudo, o jovem Masaki não estava ali.

Deixando a bagagem em um canto, o grupo pôs-se a esperar por Masaki.

Ficaram observando com curiosidade o movimento no Aeroporto de Honolulu. Tudo era novidade. Havia moças vestidas com muumuus havaianos recepcionando os turistas com colares de flores coloridas. Viram também um senhor de cabelos grisalhos usando uma camisa aloha vermelha, típica dos havaianos. Em contraste, notaram a presença de um grupo de japoneses impecavelmente engravatados.

Essas pessoas aguardavam a chegada de algum passageiro. Quando o avistavam, recebiam-no com alegria e um caloroso abraço. Assim, um grupo após o outro ia deixando o aeroporto.

Com aspecto preocupado, Kiyoshi Jujo comentou com Eisuke Akizuki:

– Parece que Masaki não está por aqui. Ele disse que viria nos receber no aeroporto.

– É verdade… Estranho que não esteja aqui…

A maioria dos passageiros que desembarcaram com eles já haviam deixado o aeroporto e poucas pessoas permaneciam no local.

– Que coisa! O que faremos se ninguém vier nos buscar? Não conhecemos nada por aqui!

A voz de Katsu Kiyohara, que normalmente soava confiante, deixava transparecer insegurança.

Nesse momento, um rapaz que observava a comitiva de um canto do saguão aproximou-se e perguntou com certa hesitação:

– Por acaso o senhor não é Shin’ichi Yamamoto, presidente da Soka Gakkai?

Shin’ichi logo o reconheceu e disse:

– Sim. Muito obrigado por ter vindo!

Ao ouvir essas palavras, o rapaz tranquilizou-se e disse, sorrindo:

– Eu sou Tony Harada, membro da Divisão Masculina de Jovens.

– Eu conheço você. Já nos encontramos antes, não é mesmo?

– Sim. O senhor me recebeu na Sede Central da Soka Gakkai antes de eu me mudar para o Havaí.

Assim se apresentando, o jovem Harada colocou em Shin’ichi um colar de flores de boas-vindas que havia preparado e o cumprimentou com um aperto de mãos. A inesperada recepção de Harada fez com que todos respirassem aliviados. Mas logo Harada disse:

– Bom, já vou indo.

Shin’ichi então interpelou o rapaz, que já se retirava, dizendo:

– Obrigado! Mas você já vai embora?

– Sim. Já consegui me encontrar com os senhores.

– E as outras pessoas? – perguntou Shin’ichi.

– Não sei. Moro na Ilha do Havaí, e não aqui em Oahu. Recebi uma carta do Japão avisando que os senhores viriam a Honolulu. Então, peguei um avião e vim para cá.

– Ah, sim. E você vai se hospedar em algum lugar?

– Fique tranquilo, ficarei hospedado na casa de minha tia. Por favor, não se preocupe comigo. Até logo.

O jovem Harada não havia percebido a dificuldade em que se encontravam os membros da comitiva e só estava tentando não ser inconveniente.

O presidente Yamamoto ainda perguntou:

– Bom, neste caso, por que não nos encontramos amanhã? Vou ficar no Hotel Kaimana.

– Claro! – respondeu Harada com voz animada e retirando-se apressadamente.

Os membros da comitiva despediram-se dele atônitos. Sem o jovem Harada, foram tomados novamente por uma sensação de desamparo.

Passado algum tempo, pouco a pouco as luzes começaram a ser apagadas e o silêncio tomou conta do saguão do aeroporto.

– Onde está Masaki? – perguntou impulsivamente Yukio Ishikawa com voz cheia de raiva.

Sensei, vou sair e procurar Masaki — ofereceu-se Kiyoshi Jujo. — Akizuki, vou dar uma olhada lá fora. Por que você não o procura aqui dentro?

Assim, Jujo e Akizuki começaram a procurar Masaki.

Depois de algum tempo, Akizuki voltou dizendo que não havia nem sombra de Masaki. Jujo retornou em seguida.

– Não o encontrei. Mas, sensei, lá fora tem um carro do Hotel Kaimana. Como já é tarde, não seria melhor irmos para lá?

Todos concordaram com a sugestão de Jujo e partiram para o hotel.

O hotel Kaimana era um modesto prédio de três andares que ficava na ponta da Praia de Waikiki. Já eram quase duas horas da madrugada quando chegaram, e com a bagagem já nos quartos, se reuniram no quarto de Shin’ichi Yamamoto sem que tivessem combinado.

Já havia passado muito tempo desde o jantar servido a bordo do avião, e todos estavam famintos e exaustos.

– Estou com fome – disse Shin’ichi, como se falasse em nome de todos.

O hotel ficava longe do centro comercial, por isso não havia nenhum restaurante nas proximidades e, por ser tarde da noite, o serviço de quarto já havia encerrado.

Shin’ichi pegou algumas folhas de nori (alga marinha seca) que havia trazido do Japão e as dividiu com eles.

O desânimo estava estampado no rosto de cada um. O fato de não terem encontrado ninguém para recepcioná-los na primeira viagem ao exterior e de estarem tentando enganar a fome com nori fez com que se sentissem desolados e abandonados.

Percebendo isso, Shin’ichi abriu um sorriso animado e disse:

– Este momento em que estamos aqui comendo nori será uma preciosa recordação no futuro. Esta noite ficará registrada na história de nossa vida como o início de uma grande jornada. Não é maravilhoso quando pensamos dessa forma?

Apesar das palavras de Shin’ichi, eles não conseguiam perceber quão maravilhoso isso de fato seria. Porém, estar ao lado dele e ver seu sorriso confiante era o suficiente para dissipar-lhes as preocupações.

No topo: partida da comitiva da Soka Gakkai, liderada pelo presidente Yamamoto, tendo o Havaí como primeiro destino. O kosen-rufu mundial sendo desbravado com coragem e determinação

Notas:

  1. Apelido dado ao avião da Japan Air Lines. .
  2. Por um erro de datilografia cometido pela agência de viagem, Nagayasu Masaki havia sido comunicado que o voo chegaria no dia 2 de outubro. Mas, enquanto realizava os preparativos para a recepção junto com os membros do Havaí, descobriu que o presidente Yamamoto já havia chegado no dia anterior e apressou-se a encontrá-lo no hotel em que estavam hospedados.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Alvorecer. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 11-20, 2019.