ROTANEWS176 11/03/2025 15:44
Reprodução/Foto-RN176 Autoridades permanecem reunidas há várias horas em Jeddah
A Ucrânia afirmou estar pronta para aceitar uma proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia, após negociações realizadas na Arábia Saudita.
Os Estados Unidos anunciaram que irão retomar imediatamente o compartilhamento de inteligência e a “assistência de segurança” ao país, segundo comunicado conjunto.
Os americanos pausaram o apoio de segurança à Ucrânia no dia 5 de março. Nos três anos desde a invasão russa, a Ucrânia tem dependido da assistência militar dos EUA.
Autoridades se reuniram por várias horas nesta terça-feira (11/3) em Jeddah, cidade do país arábe, até a divulgação do comunicado.
Segundo o correspondente da BBC para a Ucrânia, James Waterhouse, as conversas têm como objetivo a reaproximação do país com Donald Trump.
Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divergiram publicamente sobre os esforços de paz.
No dia 28 de fevereiro, eles protagonizaram um tenso debate no Salão Oval da Casa Branca diante da imprensa, com a presença do vice-presidente americano JD Vance.
Em entrevista após o comunicado, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que os EUA fizeram uma proposta “para entrar em um cessar-fogo e iniciar negociações para terminar este conflito de uma forma duradoura e sustentável”.
Veja o embate e o motivo para Volodymyr Zelensky aceitar:
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Rubio, peça-chave nas conversas em Jeddah, informou que a proposta foi aceita pelos ucranianos e que agora “a bola está no campo [dos russos]”.
Ele disse esperar que a Rússia aceite o cessar-fogo, mas, caso contrário, “infelizmente saberemos qual é o impedimento para a paz aqui”.
O conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, afirmou que a reunião abordou detalhes sobre como a guerra terminará permanentemente e que tipo de garantias de segurança a longo prazo serão necessárias.
Questionado se a oferta dos EUA inclui um “cessar-fogo completo ao longo da linha de frente, e não apenas o cessar-fogo aéreo e marítimo proposto pelos ucranianos”, Rubio respondeu “sim” — “a oferta é para parar os disparos”.
Ele enfatizou que a única maneira de terminar a guerra é por meio de negociação e que, para isso, os “disparos” precisam parar.
Enquanto as reuniões ocorriam na Arábia Saudita, três pessoas morreram em um ataque com drones durante a madrugada na região de Moscou — a Rússia afirma que foi o maior ataque desse tipo desde o início da guerra.
Zelensky: EUA devem convencer Rússia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky agradeceu a Trump pela “conversa construtiva” entre as equipes realizada em Jeddah.
Em um vídeo, Zelensky reiterou que a posição da Ucrânia é aceitar a proposta dos EUA de cessar-fogo no céu, no mar e na linha de frente.
Ele afirmou que considera a proposta “positiva” e agora “cabe aos Estados Unidos” convencer a Rússia a aceitar.
“A Ucrânia está pronta para a paz”, afirmou Zelensky.
“A Rússia deve mostrar sua disposição para parar a guerra ou continuar a guerra. É hora da verdade completa. Agradeço a todos que estão ajudando a Ucrânia.”
A primeira reação da Europa foi do primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk. Ele escreveu no X: “Parece que os americanos e os ucranianos deram um passo importante em direção à paz”.
“A Europa está pronta para ajudar a alcançar uma paz justa e duradoura.”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que bloco acolhe a notícia. Segundo ela, este “pode ser um passo em direção a uma paz abrangente, justa e duradoura para a Ucrânia”.
“A UE está pronta para desempenhar seu papel completo, juntamente com seus parceiros, nas próximas negociações de paz”, acrescentou.
O líder da Lituânia, Gitanas Nausėda, afirma que “a Ucrânia mostrou novamente sua disposição em buscar uma paz justa e duradoura” e diz que a Rússia “deve responder”.
Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deu “boas-vindas calorosas” à notícia vinda da Arábia Saudita.
“Este é um momento importante para a paz na Ucrânia e agora todos nós precisamos redobrar nossos esforços para alcançar uma paz duradoura e segura o mais rápido possível”, disse Starmer em um comunicado.
Ele repetiu uma frase usada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio: “A bola está agora no campo russo”.
Atualmente, Moscou controla cerca de um quinto do território da Ucrânia, principalmente no sul e no leste.
Após a derrubada do presidente pró-Rússia da Ucrânia em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia, no Mar Negro, e apoiou os separatistas pró-Rússia em combates sangrentos nas regiões de Donetsk e Luhansk.
O conflito se transformou em uma guerra total há três anos, após a invasão em larga escala da Rússia.
As tentativas de Moscou de tomar a capital Kiev foram frustradas, mas desde então as forças russas expandiram lentamente seu controle territorial, principalmente no leste.
As forças ucranianas, apoiadas por armas e equipamentos dos EUA e de aliados europeus, dificultaram ao máximo esses avanços e, às vezes, conseguiram retomar territórios, além de realizar uma contraofensiva no oeste da Rússia.
A Ucrânia sempre insistiu que qualquer acordo de paz deve incluir a retirada total das tropas russas da Ucrânia de volta às fronteiras anteriores a 2014, incluindo da Crimeia, de Donetsk e Luhansk.
Em contrapartida, a Rússia anexou formalmente mais quatro regiões do leste e sul da Ucrânia desde 2022, e quer que elas sejam reconhecidas como parte da Rússia — apesar de não estar no controle de todo o território nessas regiões.
FONTE: BBC NEWS BRASIL