Ucrânia distribui armas a civis e pede que moradores resistam com coquetéis molotov

ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 25/02/2022 15h45

Autoridades pediram a moradores que ajudem na resistência à invasão, protegendo a capital, que poderia ser tomada pelos russos a qualquer momento.

 Reprodução/Foto-RN176 Voluntários ucranianos receberam armas das autoridades para enfrentar os russos nas ruas Foto: DANIEL LEAL/Getty Images / BBC News Brasil

Com o avanço de forças russas na direção da capital da Ucrânia, Kiev, as autoridades locais pediram à população que faça todo o possível para resistir às tropas invasoras.

Os ministérios da Defesa e do Interior passaram a pedir a moradores de Kiev que “nos informem sobre movimentos de tropas, façam coquetéis molotov e neutralizem o inimigo”.

Um folheto com instruções, passo a passo, sobre como produzir bombas de gasolina improvisadas foi publicado na conta do Ministério do Interior nas redes sociais.

Resistência da Ucrânia mata mais de mil soldados russos:

“Equipamento militar ucraniano está chegando agora a Kiev para defendê-la. Estou pedindo a todos os residentes de Kiev – por favor, não filmem isso, não filmem seus movimentos”, disse Denysenko, referindo-se às armas. “Isso é necessário para proteger nossa cidade.”

Armados na rua

A reportagem da BBC em Kiev encontrou voluntários ucranianos já armados nas ruas da capital, determinados a defender seu país.

Homens vestidos com jeans e tênis e com fuzis pendurados em suas costas patrulham postos de controle. Nas laterais das ruas, outros jovens voluntários posicionaram-se no chão, atrás de armamentos antitanques.

Mais adiante, soldados profissionais preparavam-se para uma resistência final contra a invasão russa. Eles estavam acompanhados de artilharia e tanques ucranianos voltados para as posições russas, a menos de 30 quilômetros do centro da capital.

A reportagem deparou-se com sinais das batalhas que ficam cada vez mais próximas de Kiev, com um caminhão em chamas no meio da rua.

Perto dali, os jornalistas da BBC Abdujalil Abdurasulov e Nick Beake encontraram a família de Olena, um grupo de cinco pessoas que teve de lidar com um pneu furado no pior momento possível.

Eles tentavam, desesperadamente, trocar o pneu na beira da estrada, ao norte de Kiev, no carro com um bebê no banco de trás.

“Estamos realmente com medo”, disse a mãe de Olena, antes de mais uma barulhenta explosão calar todos que estavam ali.

A BBC perguntou a ela o que achava do ataque do presidente russo, Vladimir Putin, contra seu país, quando explosões ainda mais fortes rasgavam o ar. Ela ergueu seus braços e disse “Você está ouvindo. Isso é ele”.

Reprodução/Foto-RN176 Mulher e bebê de família encontrada pela BBC na beira de estrada, perto de Kiev Foto: BBC News Brasil

Conforme a reportagem continuava pela estrada, os jornalistas avistaram soldados posicionados ao longo do rio Dnieper. Alguns franco-atiradores ucranianos vêm se posicionando, monitorando a área, com outros soldados atrás deles adotando o mesmo posicionamento defensivo.

A reportagem da BBC encontrou outros jovens homens ucranianos com semblantes compreensivelmente apreensivos. Sem dúvida, havia entre eles o medo de que poderia ser apenas uma questão de horas até que os russos os confrontem cara a cara e tentem tomar a capital.

Mortos em combate

Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, em relato feito no Parlamento britânico, cerca de 450 soldados russos e 194 ucranianos, incluindo 57 civis, foram mortos desde o início da invasão.

O governo ucraniano disse que mais de 1 mil russos já morreram, mas a informação não pôde ser verificada de forma independente. Veículos militares da Ucrânia entraram em Kiev para defender a capital.

O Ministério da Defesa russo disse que suas forças tomaram controle da base aérea de Gostomel, próxima a Kiev. Ainda segundo as autoridades russas, cerca de 200 soldados da unidades especiais da Ucrânia foram mortos, sem que houvesse baixas do lado russo – também relatos que não puderam ser verificados pela BBC.

A agência da ONU para refugiados, Acnur, estimou que cerca de 100 mil pessoas já foram forçadas a deixar suas casas devido à invasão russa. O mesmo órgão acredita que cerca de 5 milhões possam tentar fugir para o exterior, conforme o conflito se agrave.

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