ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 10/03/2022 22:10
RELATO
Jovem carioca fortalece autoestima e revoluciona questões da vida
Reprodução/Foto-RN176 Marina Sampaio, Responsável pela DFJ da Comunidade PSA, RM Méier, CCSF – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Quem nunca varreu situações para debaixo do tapete? Comigo não foi diferente. Vivi com sentimentos e relações de amor — ciclos intermináveis de dependência emocional e desgastes. Isso foi desde 2009 e se arrastava sem me trazer alegria e realização como mulher.
Anos depois, em 2014, em um luau no Leme, bairro do Rio de Janeiro, dois amigos me envolveram numa boa conversa, falando da experiência deles com o Budismo Nichiren e das atividades da Soka Gakkai. Na hora, fiquei muito curiosa, fiz várias perguntas e eles me explicaram de uma maneira contagiante, convidando-me para um encontro de bloco. Jamais me esquecerei do abraço caloroso da dona da casa logo que cheguei. Já de início, entendi que o budismo era a religião que me faria bem.
Eu tinha 26 anos e vinha buscando inserir a espiritualidade na minha vida de maneira mais presente, mas nenhuma das religiões até então me preenchia. Quando entendi que, para o Budismo de Nichiren Daishonin, todos possuímos a essência de buda e tudo depende e vem de nós, percebi que ali eu poderia me encontrar. Depois de dizer sim para o budismo em 2015, muitas situações vieram à tona.
Tendência cármica
Superficialmente, eu era bem resolvida e vivida pela Marina do Instagram, mas, na realidade, não era assim. Voltando ao meu relacionamento amoroso de 2009, demorei um longo tempo para descobrir que era extremamente abusivo. Após dois anos de término dessa relação, conheci outra pessoa, mas de novo a frustração. Foram anos de tentativa, de idas e vindas, de muito choro, e uma gravidez interrompida em 2017. Foi um baque enorme. Nessa época, eu ainda não ocupava nenhuma função na organização e tinha uma relação irregular de presença nas atividades e na prática do daimoku, a recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Minha estrutura não estava firme, e, tamanha minha dependência, aquele era um assunto que me incomodava.
Reprodução/Foto-RN176 Ao lado do namorado, Allan – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Decidi recomeçar minha vida, buscando manter consistência na oração e na ação, orando menos do que precisava, mas me sentindo sempre acolhida nas reuniões e na Divisão Feminina de Jovens (DFJ). Minhas líderes nunca me abandonaram, sempre me incentivando. Foi quando, em junho de 2021, a oportunidade de virar aquela situação se apresentou bem à minha frente, com o desafio de recitar, durante cem dias, no mínimo, trinta minutos de daimoku, objetivo este proposto por um veterano. Eu já era líder de bloco pela DFJ e aquele desafio acendeu minha coragem. Precisava me erguer.
Lancei-me com disposição às atividades de bloco; e o daimoku produzia cada vez mais esperança em meu coração. Eu era a mesma Marina, agora elevada à potência máxima. Por esse motivo, munida de renovada determinação, consegui colocar um ponto-final naquela relação do passado. Estava solteira havia doze anos, tendo dez anos vivido uma história irreal de amor. Venci aquele ciclo interminável de dor e de sofrimento, de dependência emocional.
Como me senti vitoriosa, plena e livre! Logo depois, sem os olhos da ilusão, virei minha cabeça para o lado e vi o amor que sempre desejei, Allan, meu amigo há mais de dez anos. Demorei doze anos para perceber, tamanho sofrimento de não me sentir merecedora. É com certeza resultado da minha determinação verdadeira e do daimoku recitado.
Reprodução/Foto-RN176 Oficina cultural com seus alunos – Editora Brasil Seikyo – BSGI
E os reflexos do meu despertar na oração e ação também se estenderam a outros aspectos da minha vida. No campo profissional, sou professora de artes, formada em artes cênicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio), e passei a encarar a licenciatura como uma grande chave de mudança. Busco pôr em prática esse budismo maravilhoso, enxergando nos meus alunos a dignidade humana que cada um possui.
Num livro dedicado às jovens, ao explanar um trecho do escrito Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Ikeda sensei diz:
A chave para qualquer mudança encontra-se em nossa transformação interior, na mudança de nosso coração e mente. Isso se chama revolução humana. Todos temos o poder de mudar. Quando compreendemos essa verdade da vida, conseguimos ativar esse poder em qualquer lugar, a qualquer hora, e em qualquer situação.1
Reprodução/Foto-RN176 Marina, terceira na imagem, em visita on-line de suas líderes e amigas, Virgínia e Paula, respectivamente – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Quanta gratidão! Estou há seis anos na família Soka e sinto ter evoluído em minha transformação de vida. Tenho muito ainda a aprender, mas que o daimoku nos dá essa força para agir com sabedoria eu já sei. Minha maior convicção é de que somos potências, somos praticantes do Sutra do Lótus e de que estamos aqui para ser verdadeiramente felizes.
Na organização, quero poder contribuir ainda mais. No início de março, fui nomeada líder da DFJ da Comunidade Paulo Silva Araújo, uma emoção avassaladora. Quero estar cada vez mais próxima das meninas, apoiando-as sempre, feliz por fazer parte de uma prática religiosa que respeita o ser humano, antes de tudo. Isso preenche meu coração de amor e de esperança no mundo.
Reprodução/Foto-RN176 Momento de encontro no bloco, foto tirada antes da pandemia da Covid-19 – Editorial Brasil Seikyo – BSGI
Gostaria de agradecer às minhas queridas líderes de divisão, aos veteranos e a todos os que me proporcionaram um ambiente para meu crescimento e desenvolvimento. Lutei para entender que nós, as jovens Soka, somos merecedoras de relações plenas, descobrindo também o amor em tudo o que fazemos.
Muito obrigada pela oportunidade!
Marina Sampaio, 34 anos. Professora de artes e atriz. Responsável pela DFJ da Comunidade PSA, RM Méier, CCSF.
Nota:
- IKEDA. Daisaku.Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p. 77.