ROTANEWS176 24/08/2024 09:25 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
De Sorocaba, SP, Marcos encara desafios na saúde, turbina profissão e avança a passos largos como pilar de ouro na família e na organização.
Reprodução/Foto-RN176 Marcos Muniz Pereira e sua esposa Na BSGI, é responsável pelo Distrito Araçoiaba, RM Manchester Paulista, e responsável pelo Grupo Alvorada da Sub. Raposo Tavares, CGESP – Foto: Arquivo pessoal
Um dia você acorda no hospital, descobre que quebrou as pernas e não tem previsão de voltar a andar. Esse é um pesadelo que ninguém deseja vivenciar, mas foi a minha realidade há cinco anos. Sofri um acidente de trabalho numa escada caracol e ali estava, sem saber o que seria dali para a frente. Minha esposa, Silvia, apenas me lançou um olhar confiante. Ela sabia bem o que aquilo significava.
Sou Marcos Muniz Pereira, tenho 43 anos, moro em Sorocaba, SP. Resolvi começar este relato com essa cena que marcou uma fase decisiva da minha vida. A convicção a que chego é de que, não importando o tamanho do sofrimento, temos a condição de transformá-lo e avançar rumo aos nossos sonhos. Basta estarmos num caminho que nos leve a esse objetivo. Desde jovem, ansiava por isso, encarando a mudança de cidade aos 18 anos para me desafiar num curso superior. Garra e dedicação nunca me faltaram, e sim, a direção certa. Compartilho um pouco dessa jornada.
Conheci o budismo em 2004, no início do namoro com a Silvia. Nós nos casamos anos depois numa cerimônia budista, que era o sonho dela. Participei em algumas reuniões da Soka Gakkai como simpatizante e os exemplos de conduta de minha esposa e dos companheiros Soka foram vitais para mim. Me converti em 2010, aos 29 anos, compreendendo de fato que a prática do Nam-myoho-renge-kyo e as atividades na organização proporcionam nossa revolução humana. O caminho seguro que sempre almejei.
Seis meses depois, fomos dignos de confiança para liderar um bloco. Graduado em engenharia da computação, conquistei meu primeiro estágio. Dessa maneira, iniciou-se minha luta em prol do kosen-rufu, esse movimento grandioso pela felicidade de si e dos outros.
Em 2018, passei o fim de ano na minha cidade natal, Registro, SP, e me deparei com meu irmão, Denis, imerso em uma depressão profunda. Era a minha vez de trazê-lo à vida, inspirando-o à prática budista. Após esse primeiro contato dele e de minha mãe, Aparecida, com o budismo, em menos de seis meses o Gohonzon foi consagrado. Vitória!
Vitória total
Eu trabalhava numa empresa estável, mas com poucas chances de crescimento. E, agora, com o acidente, a vida me desafiava uma vez mais. Ficaria afastado por um ano e meio. Passei por quatro cirurgias e muito tratamento. Como chefe de família, a preocupação financeira se acentuou. Na organização, atuava como líder do distrito, além de ser responsável pelo Grupo Alvorada da Sub. Raposo Tavares. Não podia perder para o desânimo. Como membro da Divisão Sênior, determinei que viveria aqueles momentos com confiança, pois meu sincero desejo de corresponder ao Ikeda sensei era a força maior. Transformar “o veneno em remédio” como aprendemos no budismo.
Voltei a andar aos poucos. Mesmo na pandemia, tudo correu tranquilamente com a bolsa auxílio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Também recebi o salário integral da empresa, quando muitos tiveram uma redução de 50% por conta da crise. Aproveitei o máximo de tempo me desafiando no daimoku. Um trecho das escrituras marcou esse período:
Aqueles que creem no Sutra do Lótus parecem viver no inverno, mas o inverno nunca falha em se tornar primavera.1
Em 2022, com plena harmonização de tudo, após muita oração e reflexão, decidi buscar o que, na realidade, ansiava na profissão. Depois de dezoito anos de empresa, consegui meu desligamento sem perda dos benefícios e 45 dias após já estava empregado; mesmo sendo mais longe que o outro trabalho, implicando rodar 130 km por dia. Mas estava motivado e, em menos de um ano, fui reconhecido e mudei de área.
O ano de 2024 veio com uma nova promoção, função e salário, e a oportunidade de um curso de alto custo financiado pela empresa. Assim, após mais de vinte anos atuando com suporte e infraestrutura, trabalharia com um sistema reconhecido globalmente. Eu me dediquei com afinco.
Em abril, uma agência de emprego em São Paulo me contatou. Na entrevista final, a surpresa maior foi saber que a empresa era de Sorocaba, onde residimos. Faria consultoria na área que me especializei nos últimos anos pelo dobro do salário. Ao comunicar aos gestores da empresa que me ofereceu tantas oportunidades, ouvi deles palavras de confiança, saindo pela porta da frente.
Na organização, nós nos mobilizamos para fortalecer as atividades no distrito. A maior fortaleza do membro da Divisão Sênior é ver florir os jovens valores, e minhas orações sempre foram nesse sentido.
Gratidão e determinação
Meu novo trabalho fica a aproximadamente 9 km de casa e, com isso, conquistei mais tempo para tudo. Sabemos que a caminhada ainda é longa, porém comprovei uma vez mais que não existe oração sem resposta.
Ao olhar para trás, reverencio os momentos desafiadores. Assim como encoraja nosso mestre eterno: “O caminho da revolução humana está em desafiar continuamente suas limitações e em realizar incansáveis esforços”.2
A crise na saúde foi vencida e um futuro profissional que sempre sonhei se abriu à frente. Isso porque busquei dentro de mim a revitalizadora prática do daimoku, que transforma “o veneno em remédio”, infalivelmente. Esse é meu maior orgulho como pilar de ouro, ainda mais neste mês tão significativo. Muito obrigado!
Marcos Muniz Pereira, 43 anos. Engenheiro de computação. Na BSGI, é responsável pelo Distrito Araçoiaba, RM Manchester Paulista, e responsável pelo Grupo Alvorada da Sub. Raposo Tavares, CGESP.
No topo: Marcos e sua esposa, Silvia, companheira de todas as horas. Aqui, em foto tirada num dos parques da cidade de Sorocaba, onde residem.
Fotos: Arquivo pessoal
Nota:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo ,v.I, p.560, 2020.
2. Brasil Seikyo, ed. 2.067, 15 jan. 2011, p. A9.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO