Um pai afetuoso

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO  12/08/2022 17:23                                                            EDITORIAL DA REDAÇÃO DO JBS                                                                                                                                                                                                                Reprodução/Foto-RN176 Foto do nome Editorial do JBS – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Num dia frio de inverno, Josei Toda conheceu o Sr. Nenokichi. Os jovens Daisaku Ikeda, com 23 anos, e Kaneko Shiraki, com 19, contaram a Josei Toda suas intenções de casamento, e ele se ofereceu para pegar o consentimento dos pais.

Antes de falar o real motivo de sua visita, Josei Toda perguntou ao Sr. Nenokichi:

— O senhor não poderia ceder o seu filho para mim?

O “Sr. Teimoso”, como era conhecido entre a vizinhança por seu temperamento inflexível, ficou em silêncio, pensativo, e depois de um tempo respondeu:

— Eu lhe concedo.

Ikeda sensei descreve essa cena e comenta que essa concessão dada por seu pai não era algo de seu feitio. Certamente ele o fez dessa forma devido ao caráter de Toda sensei — um “cavalheiro muito franco a quem seu filho, que se tornara independente, estaria sendo orientado”.1 Com isso, Josei Toda iniciou o assunto principal que o tinha levado até ali:

— Na verdade, queria lhe falar sobre uma boa proposta de casamento para ele…

Foi então interrompido pelo Sr. Nenokichi:

— Acabo de ceder meu filho ao senhor. Fique à vontade para conduzir da melhor maneira.

Esse episódio aconteceu aproximadamente quatro anos depois do primeiro encontro de Josei Toda com Daisaku Ikeda, em 14 de agosto de 1947. Naquele dia, o jovem de 19 anos já havia percebido que Toda sensei, mastigando balinhas de menta e falando com franqueza e naturalidade, o tratava com a atenção de um pai afetuoso. Ikeda sensei conta que jamais esquecerá o olhar acolhedor e a voz dele naquele dia expressando suas esperanças por ele, um jovem comum.

O presidente Ikeda narra:

Estava com 19 anos quando participei daquela reunião de palestra. Toda sensei, meu mestre, me aguardava como um pai afetuoso. Nosso encontro foi um momento solene, atemporal no fluxo eterno do passado, presente e futuro. Naquele dia, jurei me tornar discípulo do presidente Josei Toda e dedicar a vida ao kosen-rufu.

Reprodução/Foto-RN176 Nenokichi e Ichi, pai e mãe de Daisaku Ikeda – Foto: Seikyo Press

Eu era apenas um rapaz comum em busca de um caminho na vida. Tenho certeza de que minha sincera e fervorosa devoção ao caminho de mestre e discípulo me possibilitou uma vida inigualável, dedicada ao bem supremo.

A relação de mestre e discípulo é exclusiva dos seres humanos. Ao seguirmos o caminho de mestre e discípulo, podemos nos desenvolver e nos aprimorar. Aí reside o segredo para concretizarmos nosso pleno potencial humano.2

Esta edição do Brasil Seikyo apresenta uma matéria especial sobre encontros, no mês em que celebramos 75 anos do “encontro ideal”, e traz mensagem de Ikeda sensei dedicada aos membros da Divisão Sênior.

Vamos também nos encontrar com os amigos e partilhar profundos laços como se fôssemos uma família, uma união de pessoas, pais e filhos, que se empenham em prol da prosperidade de si, do outro e do mundo.

Ótima leitura!

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Seja a Esperança. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 120.
  2. Brasil Seikyo, ed. 2.403, 20 jan. 2018, p. B2.

Foto: Seikyo Press