Um tesouro precioso

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  16/10/2021 08:08

RELATO

Giovana venceu a depressão e conduz a vida de maneira decidida e valorosa

Reprodução/Foto-RN176 Giovana Schiavinatto Pugliesi, durante a visita ao Japão, em frente ao Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (maio 2015). Responsável pela DFJ da Comunidade Basílio da Cunha (RM Liberdade, CCLP) – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Moro em São Paulo, SP, e nasci numa família budista. Estudei na então Escola Soka do Brasil até os 14 anos, antes de se tornar o Colégio Soka. Quando criança, pertenci ao Pompom-tai, da banda da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) Asas da Paz Kotekitai, pela qual pude me apresentar em várias ocasiões, entre elas, nos Cem Anos de Imigração Japonesa no Brasil e na inesquecível Convenção Cultural dos Jovens Monarcas da Nova Era, realizada em 3 de maio de 2009. Posteriormente, realizei o sonho de entrar para o Núcleo de Desenvolvimento de Orquestra (NDO) da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI).

Em 2014, vivi um momento de grandes mudanças em minha vida. Manifestei um forte quadro de estresse, envolvida numa questão bastante delicada. Estava tão imersa em conflitos internos que não me dei conta do quanto aquilo estava sendo prejudicial para mim. Emagreci rapidamente e, em poucos meses, já estava muito abaixo do meu peso, o que levou minha médica a pensar que eu pudesse estar acometida de câncer no estômago ou com anorexia. Fiz alguns exames e nada foi detectado. Pouco tempo depois, passei a sentir apertos no peito, falta de ar e mudança nos meus batimentos cardía­cos, pois meu coração acelerava sem nenhum motivo aparente. Foi então que procurei um cardiologista, que prontamente solicitou diversos exames. O diagnóstico foi de shunt cardíaco, que não justificava os sintomas que eu tinha. Decidida a dar continuidade à minha atuação em prol do kosen-rufu, reafirmei minha participação na OFBHI e, em 2015, ingressei no Grupo Arco-Íris (GAI), da DFJ, responsável por documentar e atuar com tradução de textos nas atividades da organização.

O tempo passou e me sentia muito triste, vazia e irritada. Até que em outubro de 2017, após uma tentativa de suicídio, fui diagnosticada com depressão profunda e ansiedade, chegando a ser levada para a UTI. A psiquiatra que me atendeu no hospital explicou que, devido à gravidade do quadro, eu precisaria me tratar com medicamentos por três anos; nas palavras dela, “esse prazo é um incentivo para não desistir no meio do tratamento”, pois a expectativa era de um tempo bem maior. Ela relatou que, em alguns casos, existem pacientes que passam a vida toda à base de remédios.

Considero que foi ali, no hospital, que surgiram os primeiros benefícios oriundos de toda a minha dedicação na Gakkai. Além de ter sido atendida por excelentes profissionais, recebi alta antes do previsto, ficando apenas três dias na UTI. Foi prescrito que, mesmo com a alta hospitalar, eu deveria ficar num tipo de internação domiciliar durante duas semanas, com 24 horas de acompanhamento. Em meu diálogo com os médicos, comentei que, em alguns dias, faria uma apresentação musical, como formanda da Escola Soka, e creio que isso tenha sido um fator positivo, colaborando para minha liberação.

O tempo passou e dei continuidade ao tratamento acompanhada por um psiquiatra e uma psicóloga. Tenho total convicção de que o Budismo Nichiren e a BSGI foram fundamentais durante o tratamento. Participar das atividades, estudar budismo e recitar daimoku foram ações essenciais para a minha recuperação. Sentia quanto o Nam-myoho-renge-kyo me fazia bem, mas admito que havia dias em que era muito difícil praticar e eu mal conseguia levantar a cabeça e olhar para o Gohonzon. Todavia, eu me desafiava, pois não queria voltar ao quadro depressivo, sem forças nem para realizar as atividades diárias.

Em 2018, contornando tudo aquilo, tive a oportunidade de ir pela segunda vez ao Japão. Lá, fiz meu juramento ao Dr. Daisaku Ikeda, meu mestre, no Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido). Indo mais além, superando as adversidades, graduei-me em comércio exterior. Na organização, eu me esforçava bastante, mas era difícil conciliar as atividades do NDO e do Grupo Arco-Íris. Foi então que, em maio de 2019, eu me formei do núcleo de orquestra, passando a me dedicar mais ativamente ao GAI. Em agosto daquele mesmo ano, outro grande benefício: com menos de dois anos de tratamento, recebi alta da psiquiatra, contrariando as expectativas médicas. Hoje, eu me considero ótima física e emocionalmente, mesmo em meio a esta situação causada pelo coronavírus. Continuo na terapia com a psicóloga, por opção, porque, para mim, terapia é algo essencial a todas as pessoas.

Reprodução/Foto-RN176 com a família e a namorada, Raissa (1o jan. 2019) – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Namoro uma jovem de Brasília, DF, e eu estou me preparando para mudar para lá, logo que avançarmos um pouco mais no combate à pandemia. Com a quarentena, vi uma oportunidade de me aprofundar no estudo do budismo e decidi estudar os trinta escritos de Nichiren Daishonin citados no livro Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua?, direcionado para a DFJ. E misticamente, pouco tempo depois dessa decisão, fui convidada a fazer parte da comissão de estudo da DFJ da Coordenadoria Centro-Leste Paulistana (CCLP), justamente sobre essa obra. Em um trecho, Ikeda sensei orienta:

Cada um de vocês é o tesouro mais precioso que existe. A felicidade não está fora de você. Não há nada mais maravilhoso do que aquilo que você é. É o que o budismo ensina. Uma filosofia autêntica e significativa nos habilita a fazer o tesouro mais precioso de todos — a nossa vida — brilhar intensamente.1

Sou muito grata aos meus pais, familiares e a todos aqueles que estiveram e estão ao meu lado. Agradeço sinceramente ao presidente Ikeda pelos constantes incentivos e estou determinada a ensinar o budismo a outras pessoas para que elas também sejam felizes e possam usufruir todos os benefícios da prática budista.

Giovana Schiavinatto Pugliesi, 22 anos. Estudante. Responsável pela DFJ da Comunidade Basílio da Cunha (RM Liberdade, CCLP).

No topo: durante a visita ao Japão, em frente ao Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (maio 2015)

Nota:

  1. IKEDA, Daisaku. Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua? São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p. 211.