ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 27/01/2023 09:05 ESPECIAL DA REDAÇÃO
Aos 14 e 13 anos, respectivamente, Kassia e Ana Maria experenciam momentos inesquecíveis, transformados em ponto primordial da vida.
Reprodução/Foto-RN176 Kassia, à esq., e Ana Maria
Elas se conheceram na adolescência. Era 1991. Kassia, membro da Soka Gakkai desde os 7 anos, chega ao Rio junto com a mãe, Maria de Fátima de Sousa, recém-separada do marido. Vieram morar com a avó de Kassia na Comunidade dos Guararapes, no mesmo bairro da casa do Dr. Austregésilo de Athayde, então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). Kassia, com 12 anos, logo fez amizade com Ana Maria, 11. A mãe de Ana trabalhava na casa do Dr. Athayde havia alguns anos, como arrumadeira.
Os anos seguintes, 1992 e 1993, criam o pano de fundo para uma convivência das famílias e de bastidores memoráveis dos momentos vividos no período da visita de Ikeda sensei ao Brasil. Acompanhe.
Assim que fizeram amizade, as duas meninas não mais se separaram. Kassia fala sobre o budismo para a nova amiga. “Eu não sabia do que se tratava, mas sentia que aquilo falava com meu coração. Minha mãe dizia que tínhamos outra religião, e não aceitou de imediato”, relembra Ana Maria. “Mas nossas famílias ficaram bem próximas”, esclarece.
Iniciam-se os preparativos para o festival da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, conhecida popularmente como Eco-92, que envolvia os membros cariocas. E na sequência se deu início ao livro que o Dr. Athayde escreveu com o Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, Diálogo — Direitos Humanos no Século 21. O depoimento era tomado aos sábados por um grupo de líderes. O Dr. Athayde ansiava por conhecer também pessoas comuns da organização. Foi quando a mãe de Ana lhe informou sobre as novas amigas budistas. Logo ele quis conhecê-las. Assim, tornaram-se constantes as visitas à casa do Dr. Athayde. “Ele queria dialogar. Às vezes, pedia para eu recitar daimoku. E nos levava a eventos da ABL e a outros. Ele apoiava e desejava muito a vinda do Mestre ao Brasil”, fortalece Maria de Fátima, mãe de Kassia, emocionada com as preciosas lembranças que guarda no coração.
Fevereiro de 1993 — período tão aguardado, em que sensei chegaria ao Rio. As meninas não se esquecem de quando Dr. Athayde retornou: “Nunca tinha visto um sorriso daquele”, diz Kassia. “Estava eufórico por ter finalmente se encontrado com Ikeda sensei”, frisa Ana. A partir de então, diariamente, ele separava um tempo para conversar com elas.
Incentivo e proteção
Num desses diálogos, “Ele me dizia para eu seguir o caminho junto com o Mestre, pois era o mais justo e correto para minha vida”, ressalta Ana Maria. E Kassia concorda: “Ele falava com entusiasmo sobre o budismo, desejando o nosso melhor”.
Na época da visita de Ikeda sensei, elas foram surpreendidas com oferecimento de um colar e um juzu (rosário budista). “O Mestre sabe de tudo”, reflete Kassia. Ana revela: “Foi um incentivo para que eu não desistisse”.
O Dr. Athayde faleceu em setembro daquele ano. O tempo segue e os desafios na vida das “meninas” se intensificam, vencidos com base na prática da fé. Mais tarde, constituem família.
O Mestre, protegendo-as sempre. Há dois anos, nova surpresa para Kassia e Ana Maria, citadas na mensagem enviada pelo presidente Ikeda em 2020, por ocasião da comemoração dos 69 anos da Divisão Feminina (DF):
Este ano marca 25 anos do lançamento do meu diálogo com o presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, intitulado Direitos Humanos no Século 21. No diálogo, há dizeres inesquecíveis do Dr. Athayde. Ele declarou: “Agora mesmo posso dar um exemplo digno de ser considerado de ‘comunhão nos sofrimentos’ e de ‘devoção’. Duas pequenas jovens ainda impúberes que trabalham em casa me comunicaram sua adesão à BSGI” (p. 80).1
Os olhos sábios do Dr. Athayde perceberam com perspicácia que “os mais altos valores que irão, sem dúvida, determinar a vida comum da humanidade”2 pulsam no movimento popular da SGI.
Kassia relembra: “Um filme passou em minha mente. Na mensagem, ele fala do orgulho do nosso ingresso na Gakkai (informação citada no livro, embora eu já fosse membro desde os 7 anos). E nos presenteou novamente com um novo juzu. Desta vez, a emoção foi maior. Não era mais a jovem de 14 anos [1993], mas de 40. “‘Vença com muito mais daimoku’, assim eu senti”, emociona-se. Por sua vez, Ana reflete sobre a alegria da vitória: “Pude realizar o sonho de receber meu Gohonzon em 2001, para mim e minha mãe. São longos anos, nos quais sinto a força de Ikeda sensei no meu coração”.
Reprodução/Foto-RN176 O aguardado encontro entre o presidente Ikeda e o Dr. Austregésilo de Athayde, então presidente da Academia Brasileira de Letras. Dr.Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: Seikyo Press / BS – Foto: Seikyo Press
Hoje, elas atuam na organização carioca, com os familiares e companheiros dos núcleos de base. Kassia Sousa do Amaral, 43 anos, é vice-responsável pela Divisão Feminina (DF) de distrito, e Ana Maria Silva Farias, 42, é responsável pela DF de comunidade. Maria de Fátima, mãe de Kassia, é conselheira de bloco. Ao final, “as meninas” Kassia e Ana falam de suas expectativas:
“Renovamos a decisão feita em 2020, de romper os limites e pôr em ação toda a gratidão a Ikeda sensei. Ele enxergou em duas meninas um futuro que nós mesmas nem tínhamos ideia. E nos protegeu e nos deu o sonho. Esse é o Mestre. Muita gratidão”.
No topo: Kassia, à esq., e Ana Maria
Notas:
- Brasil Seikyo, ed. 2.518, 6 jun. 2020, p. 17.
- Ibidem.
Fotos: Seikyo Press / Arquivo pessoal