Uma nova esperança

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 05/12/2020 02:28

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Capítulo “Origem”, volume 29

PARTE 45

Posteriormente, Shin’ichi continuou valorizando a amizade com Narayanan e se encontrou com ele diversas vezes no Japão e na Índia.

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI

 

Em 1984, Narayanan candidatou-se a deputado da Câmara Baixa pelo estado de Querala e foi eleito. E, em 1992, depois de concluir sua missão como ministro de Estado responsável pelas relações exteriores, candidatou-se a vice-presidente, fortemente apoiado por um amigo congressista. O impressionante resultado da eleição nas Câmaras Alta e Baixa foi de setecentos votos a favor e um contra, e foi nomeado vice-presidente.

Alguns anos mais tarde, quando Shin’ichi o consultou pessoalmente sobre os motivos desse estrondoso apoio, ele respondeu: “Talvez tenha sido pelo reconhecimento dos meus trabalhos na época de ministro. Além disso, por vários anos trabalhei como um deputado comum, sem exercer a tarefa de ministro. Nesse período, criei uma relação de amizade com quase todos os deputados”.

Em outras palavras, ele considera que foi valorizado pelas suas ações do dia a dia, e seus méritos dedicados nos bastidores, observados por todos. Enfim, pode-se dizer que a confiança conquistada pela relação de pessoa a pessoa floresceu no momento crucial.

Em julho de 1997, ano do cinquentenário da independência da Índia, foi eleito presidente com cerca de 95% dos votos válidos dentre 4.900 deputados federais e estaduais. Foi o primeiro presidente que surgiu do dalit (pária), a camada mais baixa e discriminada da sociedade.

Um novo amanhecer havia chegado. O que rompe a escuridão da história de discriminação criada pelo ser humano é a força do próprio ser humano.

Shin’ichi visitou a Índia três meses depois, em outubro. Nessa ocasião, ele realizou uma visita de cortesia ao palácio presidencial e ofereceu um longo poema, A Eterna Índia, o Amanhecer de uma Nova Era, ao presidente Narayanan.

Em outubro de 2004, Shin’ichi realizou seu quarto encontro depois de sete anos com Narayanan, o qual havia concluído seu mandato presidencial dois anos antes, na sede do jornal Seikyo Shimbun. Durante essa visita ao Japão, foi lhe concedido o título de doutor honoris causa pela Universidade Soka.

“A verdadeira natureza da democracia se encontra em contribuir pela felicidade do povo.”1 Essas são as palavras imortais de Gandhi citadas pelo presidente Narayanan ao final do seu mandato no Congresso.

PARTE 46

Após a visita à Universidade Nehru, a comitiva deslocou-se para o Museu Memorial Nehru, localizado na Avenida Teen Murti, no centro de Nova Délhi.

O edifício do museu memorial era uma construção de espessas paredes de pedra de dois andares com varandas. Anteriormente, era utilizado pelo comando maior do Exército britânico, mas com a independência da Índia, passou a ser a residência do primeiro-ministro Nehru. Durante dezesseis anos até sua morte em 1964, Nehru veio dirigindo a Índia visando a paz e a prosperidade do seu povo. Meio ano após a sua morte, o edifício passou a ser utilizado como memorial para preservar suas realizações e transmitir seu espírito.

A comitiva visitou o museu conduzida pelo seu diretor S. R. Mahajan. Estavam expostas diversas fotos que retratavam a vida do primeiro-ministro Nehru, bem como dos amigos com quem se relacionou. A sala de estar, o escritório e o dormitório estavam preservados exatamente como eram utilizados no dia a dia.

Para Shin’ichi, aquele cenário o fazia se lembrar do aspecto de Nehru conquistando a tão almejada vitória do movimento da independência, para a qual dedicou a vida sob a orientação de Gandhi, no Congresso Nacional Indiano.

À zero hora do dia 15 de agosto de 1947 foi o momento do surgimento dos raios dourados da liberdade e da independência na grande terra da Índia, rompendo o tão longo e negro período. A conquista da vitória da independência da Índia nada mais era que o triunfo do povo oprimido e explorado.

Finalmente, havia chegado o momento do tão almejado desejo citado pelo grande poeta Tagore: “A história do ser humano aguarda pacientemente pelo dia em que as pessoas que foram insultadas conquistem a vitória”.2 Diante dessa época do renascimento, o primeiro-ministro Nehru prometeu junto com todos os deputados da assembleia constituinte: “Pelo bem da Índia, vamos contribuir em prol do povo. Vamos nos doar pela paz e pela felicidade das pessoas”. Foi o juramento da noite anterior à independência, ou seja, em 14 de agosto. Nesse mesmo dia, Shin’ichi, aos 19 anos, encontrou-se pela primeira vez com o mestre, Josei Toda, e preparou-se resolutamente para viver em prol da paz e do humanismo. Foi o dia que definiu o próprio destino.

Posteriormente, Nehru curou as feridas do mundo machucadas pela Guerra Fria entre o Oriente e o Ocidente, tornando-se a estrela da esperança do Terceiro Mundo a unir os corações da Ásia e da África.

A forte determinação e o espírito de luta visando o bem do povo são a força indomável para criar a época.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Notas:

  1. The Collected Works of Mahatma Gandhi [Obras Completas de Mahatma Gandhi]. v. 90. Publications Divisions, Ministry of Information and Broadcasting, Government of India.
  2. Pássaros Perdidos. In: Obras Completas de Tagore. v. 1. Tradução: Sadamu Fujiwara. Editora Daisanbunmei-sha.