Uma pequena gota no oceano que faz toda a diferença

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO  02/07/2022 10:04

ESPECIAL DA REDAÇÃO

Compartilhar sorrisos e esperança para um mundo melhor

 

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Fotos: GETTY IMAGES

Estamos zarpando rumo ao segundo semestre de 2022, e cada um de nós vem desbravando caminhos desafiadores em sua vida. Mas a prática do budismo, as participações nas atividades e a leitura dos incentivos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, fazem com que esse turbilhão de dificuldades se transforme em decisão para a transformação da própria vida e também daqueles ao redor.

Na noite de 14 de agosto de 1947, o jovem Daisaku Ikeda participou, convidado por amigos, do que seria uma palestra sobre “filosofia de vida”. Era uma atividade da Soka Gakkai e lá se encontrou com Josei Toda, ouvindo dele diversos incentivos relacionados à vida. Ao pedir a palavra, o jovem não hesitou em perguntar: “Qual o modo correto e digno de um ser humano viver?”. Josei Toda respondeu a essa e a outras questões, fazendo com que aquele jovem, sem perspectivas, pudesse ressignificar a sua vida.

Naquele dia, Toda sensei também afirmou: “Quero eliminar a miséria da face da Terra!” Esse mesmo objetivo fez Nichiren Daishonin, em 1260, escrever o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra.

Ikeda sensei, em uma explanação, afirma:

Em 1257, um grande terremoto da era Shoka atingiu a região de Kamakura e isso motivou Nichiren Daishonin a escrever o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Mesmo antes desse terremoto devastador, o país experimentava uma série de catástrofes naturais, vendavais e inundações, além de severa fome e epidemias, impondo um sofrimento sem fim ao povo. Daishonin analisou com firmeza a condição da sociedade. Ele foi motivado pelo sincero desejo de libertar as pessoas do sofrimento e por uma feroz determinação para revelar o “único mal”,que é a origem da miséria das pessoas, e pôr fim a ele. Isso o levou a pesquisar as escrituras budistas para encontrar a causa e o remédio para o sofrimento que ele testemunhou. A conclusão a que chegou foi que a causa fundamental da desordem do país era a calúnia contra a Lei — a rejeição ao Sutra do Lótus, que ensina o respeito pela vida e por todos os seres humanos. Ele se convenceu profundamente de que a única solução estava em cultivar o ensinamento budista no coração de cada pessoa de forma consistente, o que serviria de pilar de sustentação da sociedade. Ao expressar essa verdade em Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, ele procurou advertir e despertar as autoridades. É por isso que esse escrito ficou conhecido como tratado de admoestação aos governantes.2

O desejo sincero de Nichiren Daishonin era consolidar a felicidade das pes­soas em uma sociedade pacífica com base no ensinamento do budismo. Após enviar esse escrito, Daishonin sofreu diversas perseguições, mas em seu coração ardia o juramento de fazer com que todos manifestassem a condição de Buda.

Daishonin enfrentou as autoridades seculares e as escolas budistas corruptas da época, dizendo-lhes, sem nenhuma cerimônia, que precisavam corrigir sua conduta e descartar os ensinamentos errôneos se desejassem aliviar o sofrimento das pessoas e transformar a nação. Ele sabia que a mudança fundamental somente poderia ser alcançada com essa decisiva ação.3

A mudança está em nosso coração

Inspirados por essa coragem que Nichiren Daishonin evidenciou, nós também somos incentivados a manifestar a condição máxima do estado de buda em nossa vida e encorajar outros a fazer o mesmo. Estamos vivenciando situações em nossa sociedade que poderiam nos abalar. Entretanto, como Nichiren Daishonin enfatiza, esse é o momento ideal para evidenciarmos coragem, benevolência e sabedoria em nossas ações.

Ikeda sensei, em um dos seus incentivos sobre o escrito, orienta:

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração mostra Nichiren Daishonin e o Rissho Ankoku Ron – Ilustração: Kenichiro Uchida

 A questão é se somos guiados pelo egoísmo que visa à felicidade individual com a exclusão dos demais e à custa destes, ou pela compaixão que se preocupa tanto com o próprio bem-estar como com o dos outros, recusando-nos a construir nossa felicidade sobre o infortúnio dos outros. O foco está na transformação do nosso coração, dos nossos valores. É a revolução humana de um único indivíduo. Sem isso, o “estabelecimento do ensinamento para a pacificação da terra” não pode ser alcançado.4

Qual é o significado?

“Estabelecer o ensinamento” depende, em primeiro lugar, da transformação do coração, ou seja, no âmbito interno de cada indivíduo. Requer o despertar do bem fundamental dentro de nós, pondo em prática os princípios do respeito pela dignidade humana e pela vida ensinados no Sutra do Lótus e tornando-os o ponto central da nossa filosofia de vida. É somente por meio das ações de pessoas conscientes que os ensinamentos do Sutra do Lótus serão estabelecidos como princípios basilares a sustentar a sociedade. Também é natural que unamos forças com indivíduos e organizações que tenham pensamentos semelhantes e trabalharmos juntos para proteger a dignidade da vida e conquistar a paz mundial.

Quando um indivíduo age para aplicar o espírito básico de “estabelecer o ensinamento” na vida real, ele pode reorientar aqueles ao seu redor na direção do bem e da paz.5

Em suma, temos papel fundamental no avanço de uma sociedade pacífica, justa e correta. A transformação inicia-se, antes de tudo, a partir da postura renovada de cada um de nós. Que o próximo semestre, de fato, seja o semestre da vitória individual e da organização em que atuamos, cumprindo nossa missão ao lado do Mestre.

Sugestão de leitura: Nova Revolução Humana, capítulo “Pacificação da Terra”, volume 4.

Notas:

  1. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 15, 2014.
  2. Cf. Terceira Civilização, ed. 593, jan. 2018; Brasil Seikyo, ed. 2.337, 27 ago. 2016, p. B3.
  3. Brasil Seikyo, ed. 1.712, 23 ago. 2003, p. A3.
  4. Terceira Civilização, ed. 593, jan. 2018, p. 46.
  5. Ibidem.

Ilustração: Kenichiro Uchida

Fotos: GETTY IMAGES