ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 26/05/2023 15:59 REDE DA FELICIDADE Por Dr. Daisaku Ikeda
Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana.
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração mostra Shin’ichi Yamamoto na Segunda Convenção da Divisão Feminina da Soka Gakkai. (22 jul. 1960)
No trecho a seguir do romance Nova Revolução Humana, de autoria do presidente da Soka Gakkai Internacional, Dr. Daisaku Ikeda, ele fala sobre o importante papel e a missão das integrantes da Divisão Feminina.
O sol ofuscante do verão anunciava a chegada da temporada de treinamentos. Um desfile colorido de sombrinhas tomava conta das margens do Rio Sumida, com suas águas cintilando à luz do sol. Era 22 de julho [de 1960], data da Segunda Convenção da Divisão Feminina, e os membros estavam a caminho da reunião.
A Primeira Convenção da Divisão Feminina dera-se no dia 28 de julho do ano anterior. Havia sido proposta por Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do presidente Ikeda no romance], que, como único administrador-geral da organização na época, era o responsável efetivo pelo andamento de toda a Soka Gakkai.
Shin’ichi sentia que, para promover o kosen-rufu numa escala mais diversificada, seria importante haver atividades que permitissem a cada divisão dar plena vazão às suas qualidades singulares — isso, além de atividades como reuniões de palestra, que envolviam os esforços coordenados de todas as divisões.
Na Divisão Feminina em particular, havia a necessidade de reforçar as atividades do período diurno para que as donas de casa pudessem fazer o melhor uso de seu tempo. Proporcionar a elas maiores oportunidades de realizar atividades pautadas por sua base comum, como mulheres, também possibilitava que exibissem mais amplamente suas habilidades. Alicerçado nessa ideia, e após discutir a questão com o diretor-geral da Soka Gakkai, Takeo Konishi, e com a coordenadora da Divisão Feminina, Katsu Kiyohara, Shin’ichi formulou os planos para a realização da convenção da divisão. Avaliando a fundo o papel que as mulheres desempenham, ponderou sobre a questão da emancipação feminina. Sem a felicidade das mulheres, a sociedade não poderia, de fato, prosperar.
A Segunda Convenção da Divisão Feminina teve início às 12h30. A sala estava lotada e, apesar do calor sufocante do alto verão, o ânimo de todas era excelente.
Uma mulher que havia se casado novamente depois de ter ficado viúva na guerra com uma criança pequena para cuidar apresentou seu relato de experiência. Seu novo marido tinha seis filhos e ela havia tido problemas de relacionamento com eles.
No auge disso, o marido dela, que tocava um fábrica de tingimento de tecidos, se deparou com um impasse no trabalho e começou a se envolver com jogos de azar. Brigas intermináveis com o marido somadas às dificuldades econômicas e à relação conflitante com os filhos dele levaram-na a cogitar o suicídio.
Em meio a isso, uma conhecida falou ao casal sobre o Budismo de Nichiren Daishonin, e os dois decidiram ingressar na Soka Gakkai. À medida que foram dando continuidade à recitação do daimoku, o marido parou de jogar e passou a se dedicar com mais energia e entusiasmo ao trabalho. O relacionamento da mulher com os enteados também melhorou. Desse modo, explicou ela, conseguiu criar uma vida familiar feliz e harmoniosa com que sonhava há muito tempo.
Essa experiência era a história da revolução humana de uma mulher: sua transformação numa pessoa que não somente amava o próprio filho, mas agora também era capaz de demonstrar e sentir idêntico afeto pelos enteados, e que conseguia, ainda, abraçar seu marido com calor e compreensão. Com o sol brilhando no coração e livre de seu destino infeliz, ela era exemplo legítimo de mulher que ganhara um novo sopro de vida.
Aplausos vibrantes se seguiram.
A experiência vivenciada pela mulher fora apenas um episódio no pequeno contexto de uma simples família. Mas revela o potencial infinito para mudar a sociedade em si.
A família é um “jardim” na formação de seres humanos de grande valor construído mediante esforços conjuntos de seus componentes. É um oásis de tranquilidade e revitalização, que restaura a energia e o vigor para se enfrentar um novo dia. Também pode ser descrito como o solo no qual se cultiva o caráter humano.
A família compõe a base da sociedade. Não pode haver prosperidade social a menos que ela seja sólida. Da mesma maneira, sem paz na sociedade, a família não pode desfrutar felicidade verdadeira. Nessa equação repousa a fórmula para a paz mundial.
Reprodução/Foto-RN176 Participantes do encontro (22 jul. 1960)
É muito provável que a mulher que desenvolveu a capacidade de oferecer, de bom grado, afeto aos enteados tenha se tornado igualmente capaz de amar outras pessoas, mesmo estranhas. Se a energia criativa que produziu harmonia e felicidade a uma família se voltasse para a sociedade, consistiria, sem dúvida, numa força tremenda para a paz. Shin’ichi Yamamoto sentia que, se em todas as famílias existisse uma mulher com uma presença calorosa e radiante como o sol, a sociedade também seria banhada de luz e aconchego. (…)
[Em seu discurso, Shin’ichi Yamamoto incentivou as participantes:]
— Caso se sintam de mãos atadas, lancem o desafio de superar a própria fraqueza, invocando o grande poder da fé. Toda sensei dizia que é assim que se “descarta o transitório para revelar o verdadeiro” em nossa vida. No longo curso de nossa vida, ocasionalmente podemos sentir vontade de desistir da fé e simplesmente nos divertir, livres de qualquer responsabilidade. Ou podemos ficar doentes ou mergulhar no sofrimento pela morte de alguém que amamos. Essa é a nossa luta contra os obstáculos dos desejos mundanos, da doença e morte. A relevância máxima do budismo repousa em sobrepujar tais impasses recitando daimoku, alcançar um estado de felicidade absoluta e consolidar a vida mais significativa possível. Portanto, espero que, quando encontrarem uma dificuldade, a considerem uma luta contra um impasse, um embate contra obstáculos e, decidindo que esse é momento de vencer, construam seu caminho na vida, desafiando o destino de frente.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
No topo: ilustração mostra Shin’ichi Yamamoto na Segunda Convenção da Divisão Feminina da Soka Gakkai. (22 jul. 1960)
Fonte:
IKEDA, Daisaku. Aprimoramento. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 2, p. 75-82, 2019.
Ilustrações: Kenichiro Uchida