Vence quem tem coragem

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 05/12/2020 02:08

 ESPECIAL

Torne-se uma pessoa de forte convicção e espírito destemido que ultrapassa os desafios em meio ao drama da vida

Reprodução/Foto-RN176 Imagem de ilustração da montanha que a pessoa tem de efrentar para chegar no topo dela montanha – Editora Brasil Seikyo – BSGI

REDAÇÃO

Em qualquer empreendimento, em qualquer ocasião, nada é tão decisivo quanto a coragem. É a matéria-prima da realização das grandes metas e transforma a realidade; é o que impulsiona as pessoas a avançar.

Na época atual, são os indivíduos corajosos que detêm a força para triunfar em meio às dificuldades, escrevendo a cada dia os capítulos de uma história de contínuo desenvolvimento.

Viver pela verdade

Pessoas destemidas são a única solução para eliminar o medo generalizado que resulta na apatia e na estagnação.

Se, de um lado, não avançar é o mesmo que retroceder, do outro, a essência do Budismo de Nichiren Daishonin é o ímpeto para seguir adiante. “Os discípulos de Nichiren nada poderão realizar se forem covardes,”1 afirma o Buda.

Não basta ter um ideal, se não tiver coragem. Nesse sentido, adotar uma postura corajosa consiste em viver pela verdade e pela justiça, ou seja, conduzir a vida corretamente, num fluxo vitorioso. Implica diretamente na mudança interior, a começar pela forma de compreender o que é a coragem.

O presidente Ikeda explica num poema que será apresentado ao longo desta matéria:

Coragem não é algo direcionado para o externo.

É o sentimento de vencer a própria ilusão

que nos enfraquece e nos faz evitar o esforço

ou nos induz a recuar diante de novo desafio,

como também nos faz culpar outros

e a odiá-los por nossas frustrações.

A coragem é a força mais essencial para edificar a felicidade.2

Uma vez que o budismo defende o direito à felicidade absoluta, é preciso ter coragem para ser feliz. Não se trata de simples idealismo. O sincero empenho para edificar uma mente e um coração fortes é a chave para a felicidade. Da mesma forma, o esforço para ultrapassar as dificuldades e superar as limitações, para refutar o mal e encorajar as pessoas por meio do shakubuku e para agir pela paz e não ceder à injustiça resulta de um espírito destemido.

A coragem é, de fato, o primeiro passo para a vitória porque, a partir dela, é possível abrir um novo caminho.

Como afirmavam os ancestrais, “Onde há coragem, há esperança”; quanto maiores as adversidades, deve-se enfrentá-las com mais coragem, superá-las com audácia e ultrapassá-las com vitória. E, assim, vamos proporcionar uma infindável esperança aos amigos sucessores.3

Na ausência do medo, da covardia, o sol da justiça e da esperança brilha. Não há dúvidas de que uma pessoa valente faz do drama de sua vida a inspiração para as demais.

Espírito destemido

Em 20 de janeiro de 1948, dez dias antes de Gandhi ser assassinado, uma bomba caseira foi lançada diante dele, que participava de um encontro. A bomba errou o alvo, e o jovem que cometeu esse ato terrorista foi preso. No dia seguinte, vários praticantes da religião sikh foram até Gandhi na tentativa de assegurar-lhe que o culpado não era um de seus adeptos. Gandhi os repreendeu, dizendo que não se importava com a religião do responsável pelo ataque, e quem quer que fosse o culpado, ele lhe desejava o bem. Com essa atitude, procurou quebrar o ciclo de violência, represália e discriminação sempre tão presentes nos sistemas sociais.

Assim também o fez Rosa Parks, conhecida como a “mãe do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos”. Ela, com seu compatriota Martin Luther King Jr., motivou a luta pelos direitos de igualdade numa época em que vigoravam leis de segregação racial nesse país. Foi presa e multada por se recusar a ceder seu lugar a um passageiro branco em um ônibus. No entanto, manteve seu brado pela justiça. Faleceu aos 92 anos, em 2005. Ela recebeu mais de quarenta títulos de doutora honorária, inclusive da Universidade Soka, do Japão.

O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, resumiu assim seu caráter:

Rosa Parks reuniu sua coragem para bradar o que ela acreditava ser correto. Não estava tentando entrar para a história, não desejava ostentar-se perante os outros nem se preocupava com o que os demais pudessem dizer. Fez o que fez simplesmente porque acreditava ser o justo. Isso é coragem.4

Na história da humanidade, muitos são os episódios de pessoas de genuína bravura que se destacaram e mudaram o rumo das eras com sua postura corajosa, revelando, assim, a mais elevada forma de humanidade.

Ao mudar a própria condição de vida,

a maneira de sentir e

de perceber as coisas também muda.

Passa-se a ultrapassar com serenidade

as adversidades e os sofrimentos,

como um simples drama da vida.5

Habilidade de confrontar o medo

É preciso ter a convicção para transformar o mal em bem. Do mesmo modo, é necessário confrontar a falta de confiança para revelar um espírito destemido.

Mas, por onde começar? Pela decisão.

Não existe beco sem saída para quem está decidido a vencer.

A força que derrota a insegurança se dá a partir da mudança do pensamento limitado — que caminha lado a lado com a dúvida, oferecendo o recuo e o conforto ilusórios como únicas opções. Essa força é fruto da revolução humana, que se inicia com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo e, por isso, eleva a condição de vida. Assim, vence quem é corajoso na fé.

A coragem não é algo que está distante, tampouco é um atributo exclusivo dos super-heróis, porque transparece no comportamento de pessoas comuns. É, de fato, característica de indivíduos de genuíno senso de missão. “O superficial é fácil de abraçar, mas o profundo é difícil. Descartar o superficial e buscar o profundo é próprio de uma pessoa de coragem,”6 explica Shakyamuni.

No budismo, as atitudes mais corajosas são aquelas que, baseadas no respeito à dignidade da vida e na transformação interior, geram resultados positivos para si e para os outros. São ações conscientes que impactam na família, no trabalho e na sociedade, bem como criam um ambiente propício para o avanço — eis a habilidade de confrontar o medo e viver livremente.

A força motriz dessa revolução da condição humana

é o daimoku imbuído de forte determinação.

A condição se expande no momento em que

se recita daimoku,

age com coragem quebrando o próprio limite.7

Quem se desafia a criar uma nova história com a crença em uma filosofia correta, trilha um curso vibrante e alegre, deixando sua marca registrada na luta pelo bem, pela verdade e pela justiça.

No livro Coragem, o presidente Ikeda comenta sobre as palavras do seu mestre:

“Viva sua vida de um modo só seu; seja fiel a si mesmo. Essa é a essência da revolução humana” — é o que nos ensinou Toda sensei. Ser fiel a si mesmo significa crescer continuamente mirando o futuro. É se esforçar para se tornar uma pessoa melhor do que foi ontem. Também consiste em viver uma existência da qual se orgulhe.8

Um pouco mais

Num trecho do capítulo “Meios Apropriados” (Hoben), do Sutra do Lótus, do buda Shakyamuni, consta o termo y my sh jin — o avanço corajoso e vigoroso; a forma como alguém no estado de buda conquista seus objetivos. Em resumo, é ter a convicção de ir além e dedicar-se um pouco mais e criar uma jornada valorosa.

A Soka Gakkai propaga a grandiosa filosofia da esperança que nos possibilita viver ao máximo o presente, cientes de que neste exato momento está se construindo o futuro. Esse ritmo de contínuo progresso torna cada instante uma chance de desenvolvimento.

Corajoso é quem decide viver com sabedoria e leva a filosofia da dignidade da vida às pessoas e desperta nelas o desejo de vencer.

Vivam o insubstituível “hoje”

se dedicando ao kosen-rufu

numa luta sem arrependimentos!

Contínua vitória

significa vencer o agora resolutamente.

Vencer o hoje!9

Esta época em que vivemos desafios sem iguais é o cenário no qual a atitude corajosa, embasada num profundo senso de missão, é também a fonte de esperança para a humanidade.

Num trecho da mensagem comemorativa dos noventa anos de fundação da Soka Gakkai, o presidente Ikeda brada: “Vamos decidir mutuamente a avançar corajosa e imponentemente rumo à ‘grande vitória do coração’ denominada ‘mudança do destino da humanidade’, oferecendo a ‘grande esperança’ à sociedade global, que enfrenta sofrimentos e dificuldades!”.10

O mundo aguarda por ampla transformação social que torne as pessoas cada vez mais conscientes e corajosamente solidárias. Nesse caminho, existe ininterrupto avanço e incontáveis conquistas. Isso porque, sem dúvida, são os indivíduos de coragem que tornarão possível essa nova história. E sem nada a temer, romperão as barreiras, inspirando uns aos outros, para construir um futuro glorioso. Afinal, vence quem tem coragem.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 503.
  2. Brasil Seikyo, ed. 2.408, 24 fev. 2018, p. B1.
  3. Brasil Seikyo, ed. 2.114, 14 jan. 2012, p. A3.
  4. Brasil Seikyo, ed. 1.524, 18 set. 1999, p. A3.
  5. Brasil Seikyo, ed. 2.408, 24 fev. 2018, p. B1.
  6. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 583.
  7. Brasil Seikyo, ed. 2.408, 24 fev. 2018, p. B1.
  8. IKEDA, Daisaku. Coragem, p. 15 e 16.
  9. Brasil Seikyo, ed. 2.408, 24 fev. 2018, p. B1.
  10. Brasil Seikyo, ed. 2.538, 7 nov. 2020.