Vencer a si mesmo

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  04/11/2021 07:29

REDE DA FELICIDADE

Em janeiro de 1963, Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do Dr. Daisaku Ikeda na obra Nova Revolução Humana] viaja com uma comitiva de líderes da Soka Gakkai para os Estados Unidos. Em Honolulu, ele participa da fundação do Distrito Havaí, transmitindo importantes e calorosos incentivos aos pioneiros da organização na região

  1. DAISAKU IKEDA

No início da noite foi realizada a reunião de fundação do Distrito Havaí no auditório da escola primária Kaewai, em Honolulu, com a presença de aproximadamente quatrocentos associados. Shin’ichi entrou no recinto acenando para todos os presentes e, em seguida, agradeceu pela calorosa recepção.

No auditório havia um grande palco onde foram colocadas cadeiras para os dirigentes e uma mesa coberta de tecido branco para os palestrantes, o que dava um aspecto imponente ao recinto. Shin’ichi subiu ao palco e, junto com os jovens, começou a descer as cadeiras.

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração retrata Shin’ichi Yamamoto incentivando os companheiros durante a reunião de fundação do Distrito Havaí (Honolulu, jan. 1963) – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Ele disse:

— Vamos realizar a reunião desta noite deixando de lado as formalidades. Todos nós somos iguais perante o Gohonzon. Assim, vamos ficar todos no mesmo nível. Por favor, desçam também a mesa. Como a reunião não é muito grande, as pessoas que sentarem no fundo não terão dificuldade de ver os palestrantes. Todos somos companheiros da família Soka, somos uma família mundial. Por isso não devemos criar diferenças entre nós.

Depois de tudo arrumado, Shin’ichi disse:

— Vamos começar a nossa reunião com muita alegria.

Após as palavras dos representantes da comitiva, foi anunciada a fundação do Distrito Havaí e em seguida a nomeação de seus dirigentes. (…)

Com a fundação do distrito, a organização foi ampliada de duas para oito comunidades. Os membros do Havaí se desenvolviam rapidamente. Na primeira visita de Shin’ichi, uma senhora chamada Katsue fez a seguinte pergunta a Katsu Kiyohara logo depois da reunião de palestra: “Se eu recitar daimoku, poderei ficar mais alta?”. Ela tinha estatura baixa e depois que se mudou para o Havaí, casando-se com um militar americano, começou a sofrer um forte complexo de inferioridade, pois a maioria dos havaianos eram altos. Ao encontrar-se com Kiyohara, que também era baixa, sentiu que poderia falar sobre o seu problema.

Quando Shin’ichi ficou sabendo da pergunta de Katsue, pediu que lhe transmitisse a seguinte recomendação: “Embora esteja preocupada com sua estatura, a senhora será certamente muito feliz mantendo o mesmo aspecto”.

Ao ouvir essas palavras, Katsue ficou um pouco decepcionada: “Mesmo recitando daimoku, existem algumas orações que não podem ser respondidas…”

Agora, nesta segunda visita de Shin’ichi, ela continuava, naturalmente, com a mesma estatura. Porém, crescera tanto na prática da fé como na disposição de prestar assistência às suas companheiras a ponto de ser nomeada uma das responsáveis pela comunidade.

Na reunião de fundação do Distrito Havaí, após a apresentação dos novos dirigentes e as palavras de decisão de seus representantes, Shin’ichi dirigiu-se ao microfone:

Reprodução/Foto-RN176 Membros pioneiros da Soka Gakkai no Havaí unidos para promover o kosen-rufu em sua localidade – Editora Brasil Seikyo – BSGI

— Quero inicialmente dar os parabéns a todos por esta partida com a fundação do Distrito Havaí. Esta ilha é a terra em que assinalei o meu primeiro passo no movimento pelo kosen-rufu mundial. Por isso, espero que se empenhem junto comigo na ampliação do kosen-rufu e pela felicidade de todos como pioneiros desse movimento no mundo. Os senhores concordam?

A princípio, somente os membros que entendiam o japonês responderam com um “Hai!” (Sim!, jap.) e bateram palmas. Porém, quando Masaki traduziu as palavras de Shin’ichi para o inglês, toda a plateia respondeu com voz mais vibrante e as palmas foram mais intensas.

— Quando entrei na Soka Gakkai, havia apenas sete jovens. Ao vê-los, pensei: “Vou criar um dia a maior organização de jovens do mundo. Mesmo que ninguém o faça, eu a criarei sem falta”. Selei esse juramento ao presidente Toda em meu coração. Passados alguns anos, contamos atualmente com 560 mil membros na Divisão Masculina de Jovens e um pouco menos na Divisão Feminina de Jovens. Portanto, em pouco tempo, conseguimos formar a maior organização de jovens dentro do Japão. Quando existe uma pessoa que atua com seriedade e firme consciência de sua missão, tudo se desenvolve. Quero dizer a todos que a nossa atividade de propagação é um sublime ato de benevolência que ensina às pessoas o mais correto modo de vida, embasado no supremo ensino do budismo. Nossas ações visam, acima de tudo, à felicidade de cada um. Por essa razão, quando atuamos nesse sentido podemos criar boas amizades e um círculo de confiança entre as pessoas. Além disso, a propagação do ensino é o mais nobre exercício budista pelo qual podemos realizar a nossa revolução humana. Isso é possível porque a propagação se inicia com o ato de vencer a si mesmo, de superar a fraqueza interior e as dificuldades imediatas da vida.

Shin’ichi continuou a incentivar os companheiros havaianos.

– Quando nos empenhamos em falar sobre o budismo para os amigos, nosso coração se enche de alegria, elevamos nosso nível de vida e a missão como bodisatva da terra começa a pulsar em nosso espírito. Além disso, a propagação é a forma mais eficaz de promover a transformação do destino e a construção da paz e da felicidade perenes em nosso mundo. Por isso, desejo que uma grande bandeira da propagação do budismo seja hasteada pelos senhores aqui no Havaí. Porém, isso só é possível se criarem uma forte união. Hoje, o Sr. Mitsuru Kawa­kami foi nomeado responsável pelo Distrito Havaí. Se houver alguém que não concorde com essa indicação, por favor, levante o braço.

Naturalmente, não houve nin­guém que discordasse. Todos estavam felizes com a nova partida e dispostos a corresponder aos incentivos de Shin’ichi.

— Muito bem. Sinto-me agora mais tranquilo. Nichiren Daishonin nos ensina sobre a prática da fé, dizendo o seguinte: “Confie na Lei, não nas pessoas”.1 Portanto, a base fundamental de nossa fé é a Lei. E para concretizar o sublime objetivo do kosen-rufu devemos impulsionar as atividades com a firme e forte união de todos os companheiros. Se existir entre os senhores pessoas que não se simpatizem com seus dirigentes ou que reclamam por serem mais veteranos na prática da fé do que eles, e que por isso merecem ser dirigentes, estarão trocando a base fundamental, que é a Lei, pelo sentimentalismo em relação às pessoas. Essa atitude é um comportamento infantil de quem está sendo derrotado pela própria fraqueza, como também é o comportamento de pessoas que se desviaram do correto caminho da prática da fé. No final, criarão a própria infelicidade. Ao contrário, se os senhores apoiarem o dirigente central, serão da mesma forma protegidos pelos outros. Esta é a lei de causa e efeito. Por outro lado, as pessoas que se tornaram dirigentes devem agir com humildade e sem prepotência, procurando sempre cuidar da melhor forma dos seus membros. Os dirigentes existem justamente para se dedicar aos companheiros, oferecendo-lhes assistência, pois todos os que lutam pelo kosen-rufu são budas e bodisatvas da terra. E a boa sorte que poderão acumular é proporcional ao empenho com que incentivam os associados. Em todo caso, os senhores devem manter a confiança e o respeito mútuo por serem companheiros, cobrindo por outro lado as falhas de cada um. Desta forma, poderão criar uma forte união e multiplicar suas forças. Na escritura consta: “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos, ao passo que se o espírito de ‘unos em corpo, diferentes em mente’ predominar, não conseguirão obter nada digno de nota”.2 Portanto, se os senhores atuarem unidos em prol do kosen-rufu, tudo se transformará em grande vitória. Com esta disposição desejo que avancem para criar um novo alvorecer na vida de cada um.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Broto. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 7, p. 86-91.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. I, p. 105, 2016.
  2. Ibidem, p. 646.
Reger o seu universo

Reprodução/Foto-RN176 ilustração retrata Shin’ichi Yamamoto dialogando com Emiko Haruyama – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Durante a sua viagem ao Havaí, em 1963, Shin’ichi Yamamoto incentiva Emiko Haruyama, uma das líderes da organização nos Estados Unidos, sobre como encarar as dificuldades

— Emiko, como estão os membros na América?

Procurando as palavras certas, ela apenas conseguiu dizer:

— O que eu sinto é que a América é demasiadamente extensa… Essas palavras exprimiram todo o seu sentimento em não poder obter um resultado expressivo por mais que se esforçasse.

Shin’ichi respondeu-lhe sorrindo:

— Isso eu já sei. Entretanto, do meu ponto de vista, por mais que a América seja um país muito extenso, é como se fosse o jardim de minha casa. O mais importante é criar um elevado padrão de vida. Se você olhar um muro de pedra do nível do chão, terá a impressão de ser muito alto. Contudo, se o observar da janela de um avião voando pelos céus, não passará de uma minúscula saliência. Da mesma forma, com a mudança do padrão de vida, o modo de sentir e ver também muda. As dificuldades se transformam em desafios a serem superados com alegria e tranquilidade. A fonte dessa mudança é a recitação do daimoku com seriedade e forte determinação. Quando conseguir isso atuando ao mesmo tempo com coragem, conseguirá ter uma nova visão e derrubar a barreira que você mesma criou dentro de seu coração. O Nam-myoho-renge-kyo é a grande Lei que rege o nosso universo, e você será capaz de reger o seu universo.

Ao ouvir essas palavras, Emiko percebeu imediatamente que estava sendo derrotada pelo rigor da realidade devido à sua estreita visão, e não pelo fato de a América ser um grande país. Ela pensou consigo mesma: “O presidente Yamamoto não considera os Estados Unidos como um país distante. O que existe é a distância entre o meu pensamento e o dele”. Ela sentiu como se uma névoa estivesse se dissipando diante de seus olhos.

No topo: ilustração retrata Shin’ichi Yamamoto incentivando os companheiros durante a reunião de fundação do Distrito Havaí (Honolulu, jan. 1963)

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Broto. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 7, p. 82 e 83.