ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 05/02/2022 07:51
ENCONTRO COM O MESTRE
Reprodução/Foto-RN176 Daisaku Ikeda, presidente da SGI, em momento descontraído com um membro de Okinawa durante visita à região (fevereiro de 1974) – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
Neste Encontro com o Mestre, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, incentiva sobre acumularmos o tesouro do coração e o que significa kosen-rufu. Ele fala também sobre o potencial que todos possuímos para transformar nossa tendência de vida
- DAISAKU IKEDA
Prezem a pessoa que está à sua frente neste exato momento e, com toda a sinceridade, façam o que pode ser feito agora. Acumulem o “tesouro do coração” para desfrutar uma vida plena embasada nas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.
A pessoa que mais sofreu será a mais feliz. Experimentará a alegria da triunfante vitória, pois possui o direito e a missão de irradiar esperança e luz da boa sorte.
O poeta indiano Rabindranath Tagore (1861–1941), aclamado como grande mestre, escreveu em seu poema Gitanjali: Oferenda Lírica:
Ilumines com a chama do ardente desejo… Não passes momentos vazios na escuridão / acendas a chama do amor.
Tagore esteve pela terceira vez no Japão, em 1924, para incentivar o povo que se empenhava na reconstrução da terra devastada, um ano após o gigantesco terremoto que assolou a região de Tóquio. Ele comentou: “O que devemos considerar importante é a genuinidade do bem”.
Kosen-rufu não é fazer algo grandioso. Significa realizarmos, uma por uma, todas as pequenas coisas diante de nós, de forma persistente e consistente. Ter empatia pelo sofrimento da pessoa à sua frente e incentivá-la a enfrentar com sinceridade e entusiasmo tudo neste momento — são ações a ser realizadas por qualquer pessoa, de imediato.
Cumprir a missão no local em que se encontra agora
Há uma senhora de Namie, província de Fukushima, que está morando em Chiba para fugir das radiações da usina nuclear.1 Ela está separada da família vivendo somente com sua filha. Mesmo enfrentando a solidão inexplicável por estar em ambiente totalmente desconhecido, essa mãe procurou algo que estivesse ao seu alcance para incentivar os conterrâneos que vivem em Chiba. Decidiu marcar um encontro para tomar chá da tarde e reuniu-se com mais de dez pessoas. Após o encontro, essa senhora visita cada uma dessas pessoas periodicamente para ouvir os sofrimentos e desafios delas.
Ela disse: “O que posso fazer é muito pouco”. E assim, está sempre em busca de algo que esteja ao seu alcance e de forma proativa se dedica a realizá-lo. É por meio desse pequeno ato que ela está criando uma onda de desafio em busca da esperança de viver.
Sua situação atual é talvez desesperadora, contudo, essa mãe disse com firmeza: “Quero me empenhar sem remorso e com alegria, determinando que aqui é o meu lugar para cumprir minha missão” e “Quero viver de forma brilhante este momento único”.
Sem dúvida, o tesouro do coração está na vida dessas pessoas, sábias bodisatvas da terra que, de cabeça erguida, se dedicam em prol de outros. No escrito Perguntas e Respostas sobre Abraçar o Sutra do Lótus,2 que provavelmente foi redigido em março de 1263, consta:
Todos os lugares, exceto a Capital da Luz Tranquila, são mundos de sofrimento. Se abandonar o refúgio da iluminação inerente, onde acredita que encontrará alegria?
Estamos numa sociedade maculada pelo mal; mas, não há ‘Terra da Luz Tranquila’ distante dessa realidade. Portanto, devemos transformar o ambiente em que vivemos com destemida coragem, evidenciando a vida do estado de buda inerente à nossa vida pela recitação ininterrupta de daimoku, o Nam-myoho-renge-kyo.
Transformemos esse lugar em terra de esperança, de crescimento, de união e de vitória. Assim, vamos comprovar o potencial inerente à determinação de uma única pessoa aqui e agora.
Uma líder da Divisão Feminina (DF), a qual visitou várias vezes a região de Tohoku, relatou-me com incontida comoção sobre uma mãe de Soma, Fukushima. Essa mãe se levantou corajosamente da tristeza pela perda inestimável da filha mais velha, da mãe e da avó, vítimas do tsunami. As mães tratando as jovens como se fossem suas filhas; e elas, por outro lado, protegendo as veteranas do grupo Taho (Muitos Tesouros) com muito carinho como se fossem mães e avós. Foi com esse sentimento que realizaram a Reunião Nacional de Líderes e a Convenção de Tohoku com a união de todas. Essa mãe falou sobre a sua impressão: “Após a ocorrência da tragédia, não tinha esperança de realizar uma reunião desta proporção aqui em Fukushima. Mas conseguimos realizá-la em apenas dois anos! Por isso, tenho a certeza de que seremos incalculavelmente felizes; todos nós seremos absolutamente felizes!”. É isso mesmo! E assim será!
Vieram à minha mente as palavras do professor Ronaldo Mourão, astrônomo brasileiro com quem publiquei o diálogo Astronomia e Budismo:3
Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, oferecem uma coroa de flores a uma integrante da SGI-Bolívia durante Reunião Nacional de Líderes (Tóquio, jul. 2006) – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
Meu sonho é que a alma, o espírito dos seres humanos, que emerge da desesperança, da escuridão, brilhe tão mais intensamente que Sirius, a mais brilhante estrela do firmamento. Por esse caminho, o nosso planeta, nesse mundo, pode ser outro.
Vamos brilhar cada vez mais como a “Suprema Torre de Tesouro” e presentear a comunidade, a sociedade, o mundo e o futuro com o infinito brilho da boa sorte.
Discurso publicado no Brasil Seikyo, ed. 2.176, 20 abr. 2013.
No topo: Daisaku Ikeda, presidente da SGI, em momento descontraído com um membro de Okinawa durante visita à região (fevereiro de 1974)
Notas:
- Em 2011, algumas regiões do Japão foram atingidas por um terremoto seguido de tsunami. Na província de Fukushima, o desastre provocou o vazamento de radiação da usina nuclear, obrigando inúmeras famílias a deixar a região.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 66, 2020.
- MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas; IKEDA, Daisaku. Astronomia e Budismo — Uma Jornada Rumo ao Distante Universo. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 60, 2009.