Vice-campeã de 2016, Acadêmicos do Tatuapé consegue título inédito

ROTANEWS176 E UOL  28/02/2017 21h47

1

Reprodução/Foto-RN176 A Escola de Samba Acadêmico do Tatuapé é a campeão do carnaval de São Paulo de 2017, essa espera durou 64 anos  

Após o vice-campeonato no Carnaval de São Paulo no ano passado, a Acadêmicos do Tatuapé conquistou em 2017 seu primeiro título no Grupo Especial desde sua fundação, em 1952.

“Pela primeira vez, depois de 64 anos, a nossa escola é campeã do Carnaval de São Paulo. Aqui é o momento de agradecer a todo mundo que passou por lá”, comemorou o presidente Eduardo dos Santos.

Para isso, a agremiação apostou em um enredo sobre a África: “Mãe-África Conta a Sua História: Do Berço Sagrado da Humanidade à Terra Abençoada do Grande Zimbawe!”. O tema desenvolvido pelo carnavalesco carioca Flávio Campello, que fez sua estreia na escola, mostrou o lado festivo do povo africano, falando sobre fé, religião, cultura e tradição.

Reprodução/UOL

1

Reprodução/Foto-RN176 As notas dos jurados que classificou Acadêmico como Escola Campeão

“Dedico este título à comunidade que está lá na quadra agora assistindo à apuração nota a nota. Dedico este título a eles. Só a eles”, disse Campelo.

O presidente da escola também ressaltou a importância da comunidade no Carnaval da Tatuapé. “Nós demos a última marretada, mas a pedra não quebra na última. Ela quebra na soma de todas as marretadas. E eles deram muita. É trabalho, é compromisso, a força da nossa comunidade. É essa a nossa diferença”, disse o dirigente da agremiação, que ao contrário da maioria das agremiações, não vende fantasias.

O desfile

Quarta a desfilar na sexta-feira (24), a agremiação da zona leste veio com um desfile coeso e vibrante ao mostrar as cores, as festividades e riquezas do continente africano. A agremiação se valeu de ter um dos melhores sambas da safra e fez paradinhas para o público cantar em coro o refrão: “É de arerê / Ilê, ijexá/ Essa kizomba de um povo feliz/ Eu sou a África / Derramo meu axé/ Canta Tatuapé.”

Mesmo enfrentando problemas com a chuva no dia do desfile, que molhou as fantasias, que tiveram que ser secadas com secador, a azul e branco empolgou o público com o “axé” e a diversidade da herança africana. Brilharam na apresentação a beleza dos carros

alegóricos, um deles soltando incenso, e a riqueza dos adereços e fantasias, que incluíram turbantes, muitas plumas e trajes inspirados em tribos africanas.

Um dos destaques do desfile, praticamente perfeito do ponto de vista técnico, foi a participação da sambista Leci Brandão, que saiu antes da comissão de frente, como madrinha da escola. A animação dos integrantes também chamou a atenção e ajudou a contagiar o público, que acompanhou várias paradinhas da bateria (ou “paradonas”).

Para dar sorte, a Tatuapé contou com o intérprete Celsinho Mody, considerado um dos melhores da atualidade, a bateria de mestre Higor, a rainha estreante e musa fitness Andrea Capitulino e a musa Sabrina Boing Boing, que prometeu ficar nua caso a escola levasse o título e fez sua despedida do Carnaval. A Acadêmicos do Tatuapé foi ainda a única escola do Grupo Especial a ter um rei de bateria, o dançarino Daniel Manzioni.

Apuração

A Tataupé garantiu o título apenas na leitura da última nota do último quesito, samba-enredo, ao empatar com a Dragões da Real, que vinha se mantendo na liderança desde o sexto dos nove quesitos. Pelo critério de desempate, seria considerada campeã a escola que tivesse maior pontuação na soma de notas daquele quesito.

“Foi no último segundo, mas graças a Deus veio. Na sexta-feira, quando fechou o portão, sabíamos”, disse o presidente da Tatuapé, Eduardo dos Santos. “Vai ter festa até sábado de manhã. O nosso enredo era uma festa. Ninguém faz festa igual ao povo africano”, completou Santos, que já convidou para a preparação do Carnaval 2018. “Começamos a trabalhar nosso enredo no dia 23 de abril. E todos estão convidados a começar com a gente o novo enredo no dia de nosso santo de devoção, São Jorge”.

Renato Remondini Rodrigues, o Tomate, presidente da Dragões da Real recebeu de cabeça erguida o resultado final da apuração. “A gente vai continuar lutando. A escola é muito nova. Nós empatamos. Vamos comemorar muito nosso vice-campeonato. E ano que vem segura que vai ser melhor.”

Dragões ficou com o segundo lugar, Vai-Vai com o terceiro, Império de Casa Verde com o quarto, Rosas de Ouro com o quinto e Mocidade Alegre com o sexto. As seis primeiras colocadas voltam ao Anhembi nesta sexta-feira, para o desfile das campeãs.

Neguitão, presidente da Vai-Vai, não lamentou o terceiro lugar e parabenizou a campeã. “Carnaval é isso aí, ano que vem tem mais. Quero parabenizar a Tatuapé pelo belíssimo espetáculo”, disse ele, que também elogiou a organização do Carnaval deste ano.

Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde ficaram nas últimas posições e foram rebaixadas para o Grupo de Acesso.  Grupo de Acesso

A X-9 Paulistana é a campeã do Grupo de Acesso do Carnaval de São Paulo. A escola desfilou o enredo “Vim, vi e venci! A Saga Artística de um Semideus”. Na apuração das notas, realizada na noite desta terça-feira (28) no Anhembi, a Independente Tricolor — que desfilou o enredo “É Mentira!” — ficou com o vice-campeonato. As duas sobem para o Grupo Especial, que agora reunirá quatros escolas que têm origem em torcidas de futebol: Mancha Verde, Gaviões da Fiel e Dragões da Real, além da Independente

* Com informações de Alessandro Reis e Luiza Oliveira