Vinicius de Moraes; Poeta Brasileiro

ROTANEWS176 E POR E BIOGRAFIA 20/07/2021 19:22                                                                                              Por Dilva Frazão

Reprodução/Foto-RN176 Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes), foi um poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor brasileiro. Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia o apelido “Poetinha”,

Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um poeta e um dos maiores compositores da música popular brasileira, além de ter sido um dos fundadores da Bossa Nova, um movimento musical surgido nos anos 50. Foi também dramaturgo e diplomata.

Entre os seus maiores sucessos está “Garota de Ipanema” que teve a letra escrita por Vinicius e a canção composta por Tom Jobim, em 1962

Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de 1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz desde cedo já mostrava interesse por poesia.

Ingressou no colégio jesuíta Santo Inácio onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja onde desenvolveu suas habilidades com a música. Em 1928 começou a fazer as primeiras composições musicais.

Faculdade de Direito

Em 1929, Vinicius iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Em 1933, ano de sua formatura, publicou seu primeiro livro de poemas, O Caminho Para a Distância.

Nessa época, já era amigo dos poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswaldo de Andrade.

Trabalhou como representante do Ministério da Educação na censura cinematográfica, até 1938, quando recebeu uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde cursou Literatura Inglesa na Universidade de Oxford.

Trabalhou na BBC londrina até 1939. Em 1940, de volta ao Brasil, iniciou a carreira jornalística no jornal “A Manhã”, escrevendo uma coluna como crítico de cinema.

Carreira Diplomática

Em 1943, Vinicius de Morais foi aprovado no concurso para Diplomata e seguiu para os Estados Unidos, onde assumiu o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Serviu sucessivamente em Paris, a partir de 1953, em Montevidéu, a partir de 1959 e novamente em Paris em 1963.

Vinicius voltou definitivamente ao Brasil em 1964. Em 1968 foi aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco. O compositor era malvisto pelo governo militar, pois era artista e bebia. Foi expulso do serviço diplomático, depois de 26 anos de carreira.

Poemas de Vinícius de Moraes

Vinicius de Moraes foi um poeta significativo da Segunda Fase do Modernismo. Ao publicar sua Antologia Poética, em 1955, admitiu que sua obra poética se dividia em duas fases:

A primeira fase carregada de misticismo e profundamente cristã, começa em O Caminho para a Distância (1933) e, termina com o poema, Ariana, a Mulher (1936).

A segunda fase, iniciada com Cinco Elegias (1943), assinala a explosão de uma poesia mais viril. “Nela – segundo ele – estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.”

Seu grande tema foi o amor e suas múltiplas manifestações: saudade, carência, desejo e paixão. O “Poetinha”, como era chamado, foi um escritor da modernidade amorosa como expressou no poema Soneto da Fidelidade (1946):

“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quero saber a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.”

Ao englobar o “mundo material” em sua produção artística, Vinicius se inclina por uma lírica comprometida com o cotidiano, onde buscou os grandes dramas sociais do seu tempo. Um exemplo é o poema Rosa de Hiroshima (1954):

“Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima”. (…)

Teatro

Em 1956, Vinicius de Moraes estreou o musical Orfeu da Conceição, no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com cenário de Oscar Niemeyer e música de Tom Jobim. Foi o ponto de partida para a Bossa Nova.

Em 1959, o filme Orfeu do Carnaval, do francês Marcel Camus, baseado na peça de Vinícius, ganhou a Palma de Ouro de Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Carreira musical e parcerias

A carreira musical de Vinicius teve início em 1927, quando começou a compor com Paulo e Haroldo Tapajós, mas só se consolidou na década de 1950, com os momentos dos três grandes fundadores da Bossa Nova na música popular brasileira: Vinicius, Tom e João Gilberto.

Reprodução/Foto-RN176 Tom Jobim e Vinicius

Cada vez mais voltado para a música, escreveu letras para músicas inéditas de Tom Jobim, como Lamento do Morro e Mulher, Sempre Mulher, gravadas em 1956. Entre outras músicas destacam-se:

  • Eu sei que vou te amar (1958) – escrita em parceria com Tom Jobim,
  • Chega de Saudade (1958) – letra de Vinícius e música de Tom Jobim,
  • Garota de Ipanema (1963) – letra de Vinicius e música de Tom Jobim, foi um dos maiores sucessos da dupla,
  • Minha Namorada (1964) – feita em parceria com Carlinhos Lira,
  • Arrastão (1965) – feita em parceria com Edu Lobo. Venceu o I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior,
  • Samba em Prelúdio (1962) e Canto de Ossanha (1966) – feitas em parceria com Baden Pawell, que juntos produziram mais de cinquenta músicas.
  • Gente Humilde (1970) – música de Garoto, letra de Vinícius e de Chico Buarque.

A parceria com o músico Toquinho foi considerada a mais produtiva. Rendeu músicas importantes como Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria Vai com as Outras, Morena Flor, Tarde em Itapuã, A Rosa Desfolhada, Para Viver Um Grande Amor e Regra Três.

Reprodução/Foto-RN176 Vinicius e Toquinho

Vinicius também fez músicas para poemas seus, como Serenata do Adeus e Medo de Amar.

Vida pessoal

O lugar preferido da casa de Vinícius era a banheira, onde passava horas a fio escrevendo.

Nos shows, se apresentava sentado diante de uma garrafa de uísque. No final da vida, diabético, foi obrigado a trocar o malte pelo vinho branco. Mas jamais abriu mão de seu doce preferido, o papo-de-anjo.

Vinicius casou-se nove vezes e teve cinco filhos. O primeiro casamento, com Beatriz Azevedo de Mello foi o mais longo e durou onze anos.

Suas outras esposas fora: Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a última, Gilda Matoso.

Vinicius de Moraes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 09 de julho de 1980, quando compunha a trilha do programa infantil “Arca de Noé” devido a problemas decorrentes de um edema pulmonar agudo e o coração não resistiu.

Livros de poemas de Vinicius de Moraes

  • O Caminho Para a Distância (1933)
  • Forma e Exegese (1935)
  • Ariana, a Mulher (1936)
  • Novos Poemas (1938)
  • Cinco Elegias (1943)
  • Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
  • Pátria Minha (1949)
  • Antologia Poética (1955)
  • Livro de Sonetos (1956)
  • O Mergulhador (1965)
  • A Arca de Noé (1970)

Teatro

  • Orfeu da Conceição (1954)
  • Cordélia e o Peregrino (1965)
  • Pobre Menina Rica (1962)

Prosa

  • O Amor dos Homens (1960)
  • Para Viver Um Grande Amor (1962)
  • Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)