ROTANEWS176 E POR UNINABUCO 18/07/2019 10:11 Por: Rebeca Ângelis
Movimento representou a transformação do racismo em lei, entre 1948 e 1994, na África do Sul
De um lado, brancos na supremacia de direitos. Do outro, negros e indígenas oprimidos. Na prática, era assim que funcionava o regime de segregação racial, que vigorou por 46 anos (1948-1994), na África do Sul.
Reprodução/Foto-RN176 Era comum que acesso de pessoas não brancas tivessem acessos limitados em todos os lugares em ambientes públicos
O Apartheid – que traduzido do Africâner significa separação – foi criado pelas elites brancas que controlavam o país e sustentavam-se no mito da superioridade racial europeia. Durante esse período, pessoas não brancas eram proibidas de acessar determinados lugares, e eram frequentemente retiradas de suas casas e até de seus caminhos nas ruas, por causa de sua cor. O Apartheid ficou famoso no mundo todo pelas duras leis segregacionistas impostas à sociedade sul-africana. Entenda!
A origem do Apartheid
No início, entre os séculos XVII e XIX, o país sul-africano tornou-se alvo de disputas de países interessados em diamantes e ouro da região. A Holanda logo ganhou o domínio e, posteriormente, perdeu espaço para os britânicos, em 1902.
Reprodução/Foto-RN176 Em ambientes públicos, era comum que acesso de pessoas não brancas tivessem acessos limitados em todos os lugares
Foi quando Louis Botha, o então primeiro-ministro da União da África do Sul, adotou as primeiras leis de segregação, incluindo a prática do racismo. Todas as normas adotadas pelo Apartheid contribuíram para um dos ordenamentos jurídicos mais truculentos da humanidade. Confira algumas normas:
- Native Land Act (1913): decretava apenas 7% do território sul-africano destinado aos negros, que representavam 75% da população;
- Native Urban Act (1923): limitava o acesso de negros e outras etnias em áreas consideradas dos brancos;
- Immorality Act (1927): proibia relações sexuais fora do casamento entre brancos e não brancos.
Leis raciais excludentes
Reprodução/Foto-RN176 Negros e minorias eram vítimas de opressões constantes
Mesmo em um país cuja população, em sua maioria, era de negros, apenas brancos votavam no período da segregação racial.
Fator de grande valia para o Partido Nacional, que venceu e assumiu o poder com a premissa de aprofundar a política de segregação, em 1948, com o slogan de sua campanha “Apartheid”.
É nesse período que o regime toma uma proporção ainda maior e o Apartheid é oficialmente praticado na África do Sul. Tudo isso no intuito de manter a elite branca com poderes militares, economia e política, impedindo qualquer ascensão social das raças consideradas “inferiores”.
Reprodução/Foto-RN176 Placas determinavam proibições de “pessoas coloridas” nos espaços, o ou seja, da direita para esquerda; bebedor de pessoas brancas e bebedor de pessoas negras
Novas leis também foram implantadas:
- Prohibition of Mixed Marriages Act (1949): proibia o casamento entre pessoas brancas e de outras raças;
- Population Registration Act (1950): classificava a população em “grupos raciais”. A partir dessas classificações as pessoas eram separadas. Muitos indivíduos foram separados de suas famílias por terem sido classificados em grupos diferentes dos seus parentes.
Reprodução/Foto-RN176 Em ambientes públicos, era comum que acesso de pessoas não brancas tivessem acessos
Confira algumas imagens da época
*Em ambientes públicos, era comum que acesso de pessoas não brancas tivessem acessos limitados em todos os lugares
Em 21 de março de 1960, a polícia matou mais de 60 manifestantes negros durante o que ficou conhecido como o Massacre de Sharpeville. Exatos 25 anos depois, outras 20 pessoas são mortas em um novo massacre, na estrada entre as cidades de Uitenhage e Langa.
Reprodução/Foto-RN176 Em 21 de março de 1960, a polícia matou mais de 60 manifestantes negros durante o que ficou conhecido como o Massacre de Sharpeville
Mandela e o fim da segregação racial
O fim do Apartheid aconteceu somente depois de 25 anos, em fevereiro de 1990. O então presidente Frederik de Klerk, que estava há cinco meses no poder, surpreendeu a todos ao dar fim no processo de segregação racial. Já em 1991, o Parlamento da África do Sul procedeu à abolição total das leis que formavam os princípios do Apartheid e os negros tiveram, enfim, os seus direitos concedidos.
Reprodução/Foto-RN176 O líder Nelson Mandela celebra o fim da segregação racial
Na luta contra o Apartheid, Nelson Mandela tornou-se um dos maiores líderes de resistência sul-africana. Ele foi um dos poucos negros privilegiados da época a ter acesso aos estudos em boas escolas e ainda conseguiu se graduar em uma universidade.
Iniciou sua vida na política em prol da luta contra o Apartheid, juntamente com outros líderes negros, como Oliver Tambo e Steve Biko. Em 1962, Nelson Mandela foi preso pela primeira vez por incentivar greves e viajar ao exterior sem autorização. Foi condenado à prisão perpétua, em 1964, por participar de movimentos armados.
Mandela passou 27 anos preso e teve sua liberdade com o fim da segregação, nos anos 1990. Mesmo de dentro da prisão, mantinha liderança e resistência entre seu povo na luta contra o regime racista.
Três anos depois de sua liberdade, foi vencedor do Prêmio Nobel da Paz. Tornou-se ainda presidente da África do Sul, em 1994. Ele, que foi e permanece eternizado como pai da moderna nação sul-africana, onde é normalmente referido como Madiba ou “Tata”, faleceu em 5 de dezembro de 2013.
É lembrado neste 18 de julho – data de seu nascimento – como herói e símbolo da luta contra o racismo.