Qual é o seu juramento?

ROTANEWS176012/10/2024 10:10                                                                                                                            NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                                  Por Dr. Daisaku Ikeda

Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Ikeda sensei se encontra com membros de Akita. Ilustração de Kenichiro Uchida

Parte 65

A província de Akita vista do céu era um belo mundo alvo e prateado. Após cerca de uma hora de voo de Tóquio, o avião com Shin’ichi Yamamoto e comitiva pousou no Aeroporto de Akita pouco depois das 14 horas do dia 10 de janeiro de 1982.

Fazia dez anos desde a sua última viagem de orientação a Akita, sem dar ouvidos às vozes ao redor que diziam: “Seria mesmo necessário ir em pleno inverno?”. O motivo de ele decidir ir a Akita foi porque os companheiros vinham sendo alvo de intensa perseguição por parte dos sacerdo­tes do Shoshin-kai, a ponto de se dizer “Oita do oeste” e “Akita do leste”. Justamente por isso, ao receber o Ano-Novo e passar o período das festividades, voou para Akita coberta de neve com o sentimento de estar com todos “quanto antes”.

Ele trocou cumprimentos com os líderes da província que o recepcionaram e saiu do aeroporto. Os ventos que sopravam eram tão gélidos que pareciam cortar o rosto. Cerca de oitenta membros aguardavam por ele na área coberta do estacionamento. Se fosse possível, ele queria ir correndo ao encontro de todos, apertar a mão de cada um e louvar sua brava luta. No entanto, pensando em não causar incômodo aos demais usuários do aeroporto, resolveu apenas lhes dizer:

— Vamos nos encontrar em breve!

Shin’ichi entrou no carro e seguiu para o Centro Cultural de Akita (atual Centro Cultural Central de Akita), o qual tinha sido inaugurado no fim do ano anterior em Sannonumatamachi da cidade de Akita. Ao olhar pela janela do carro, o grande solo coberto de neve brilhava de forma resplandecente refletindo os raios do sol que atravessavam os vãos entre as nuvens. Disseram-lhe que no dia anterior havia nevado intensamente desde antes do raiar do sol.

Quando o veículo circulou por algum tempo, ele percebeu a presen­ça de cerca de quarenta pessoas em frente a um posto de gasolina. O vice-presidente Susumu Aota, responsável pela organização da região nordeste do país, disse:

— São membros da Soka Gakkai. Todos se esforçam muito.

Shin’ichi meneou a cabeça em silêncio, pediu para parar o carro e começou a caminhar em direção aos amigos de forte espírito de procura. A água das poças formadas sobre o asfalto com neve derretida penetrava em seus sapatos de couro. Mas, ao pensar que os companheiros ficaram aguardando por ele em meio aos ventos gélidos e cortantes, não se permitia ficar parado.

— Muito obrigado por seus esforços em meio a esse frio!

Todos o ovacionaram. Eles tinham a expressão séria e ao mesmo tempo radiante, como se dissessem: “Enfim, chegou este dia!”. Quanto maior a quantidade de lenhas de dificuldade, mais arden­tes e brilhantes são as chamas da alegria.

Parte 66

Havia seniores com a barra das calças dentro de botas de borracha e senhoras de botas e com chapéu de lã. Por ser domingo, também estavam presentes crianças com as bochechas avermelhadas acompanhando os pais.

Tomando cuidado para não escorregar na neve, Shin’ichi Yamamoto abriu amplamente os braços e caminhou em direção a eles envolvendo-os com seu sorriso:

— Muito obrigado! Todos estão bem? Desculpe-me pelos transtor­nos e pelas preocupações que causei. De agora em diante também, protegerei todos os senhores. Peço que tenham vida longa e se tornem felizes. Será uma nova partida de hoje em diante. Vamos nos esforçar juntos!

Ele passou a mão na cabeça das crianças e seguiu apertando a mão dos seniores. Havia pessoas que lhe comunicavam sua situação no trabalho ou sobre a saúde. Foi uma “reunião de palestra na rua”.

Então, todos posaram para uma foto comemorativa juntos.

Algum tempo depois de o carro voltar a rodar, avistou-se um grupo de pessoas de pé na beira da estrada. Shin’ichi novamente solicitou para parar o veículo, desceu, proferiu palavras de incentivo e tirou foto junto com elas. O fotógrafo do jornal Seikyo Shimbun continuou a apertar o disparador decidido a não perder nenhuma oportunidade.

Essa situação se repetiu várias vezes, e ao se aproximar da esquina da quadra 2 de Ushijimani, havia um grupo de aproximadamente oitenta pessoas. Eram membros do grupo que recitava daimoku pelo pleno sucesso das atividades e pelo bom tempo.

“Com certeza, sensei vai passar por esta rua. Vamos sair e recepcioná-lo lá fora!”

Shin’ichi desceu rapidamente do carro. Surpresos, todos abriram um largo sorriso de alegria.

— Hoje, vim até aqui para me encontrar com os senhores! Vamos registrar uma foto comemorativa do dia de hoje! Quero comemorar a vitória dos senhores, que passaram por momentos de sofrimento e de revolta. Os senhores estão sempre em meu coração. A todo o momento, eu lhes envio daimoku. Sei que também estão me enviando daimoku. Assim é a ligação de mestre e discípulo. Mesmo que não possamos nos encontrar sempre, nosso coração está unido.

Então, uma integrante da Divisão Feminina disse:

— Sensei! Nós estamos bem. Independentemente do que falem de nós, nossa convicção na fé nunca será abalada. Porque somos discípu­los do sensei. Nós somos leões!

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustração de Kenichiro Uchida

Parte 67

Ao prosseguir em seu trajeto com o carro, algumas centenas de metros depois do cruzamento, havia mais um grupo de pessoas em frente a uma oficina de automóveis. Ali também, Shin’ichi Yamamoto desceu e iniciou uma “reunião de palestra na rua”.

Dentre essas pessoas, havia líderes da localidade que, lutando bravamente contra os que estavam do lado do templo instigando os membros da Soka Gakkai a se desligar da organização, protegeram os companheiros e vieram incentivando-os.

Trocando forte aperto de mãos com eles, Shin’ichi louvou essa árdua batalha:

— Tenho recebido uma comunicação detalhada me informando que os senhores vieram se empenhando em intensa batalha da contraofensiva com obstinada determinação de proteger os companheiros. É por existirem pessoas que lutam com todas as forças em meu lugar, com o mesmo sentimento que o meu, que a Soka Gakkai é forte. Essa é a própria imagem da união de “diferentes em corpo, unos em mente”. Existem pessoas que, quando algo acontece, logo seguem a opinião dos outros e criam dúvidas sobre a fé e criticam a Soka Gakkai. Agindo assim, um dia terão grande arrependimento.

Em sua mente veio o trecho de Abertura dos Olhos:

Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.1

Shin’ichi prosseguiu dizendo:

— Os senhores não foram derrotados. Continuaram lutando no “momento crucial” e venceram. Essa resoluta batalha brilhará resplandecentemente na história do kosen-rufu.

Um radiante sorriso se abriu no rosto de todos.

Até chegar ao Centro Cultural de Akita, Shin’ichi realizou diálogos de incentivo com os companheiros por nove vezes.

O coordenador de Tohoku, Akio Yamanaka, que estava no carro de Shin’ichi junto com o vice-presidente Susumu Aota, viu de perto essas ações e sentiu profundamente em seu coração: “Sensei incentiva incansavelmente os companheiros de maneira decisiva para despertar o es­pírito do leão em cada um. Esse é o cora­ção do sensei e da Soka Gakkai. Eu também zelarei pelos companheiros e os incentivarei do fundo do meu coração!”.

A transmissão do espírito não é algo que se faz apenas com palavras. Ela acontece por meio das ações, ensinando e mostrando como se faz.

Parte 68

Uma multidão aguardava por Shin’ichi Yamamoto no Centro Cultural de Akita. No jardim, havia sido instalado um monumento com a palavra Akita Zakura (“Cerejeira Akita”) com a caligrafia de Shin’ichi, e os preparativos para a sua inauguração e o plantio comemorativo estavam prontos.

Ao chegar ao centro cultural, Shin’ichi procedeu à inauguração do monumento e realizou o plantio banhado pelos raios do sol que passavam pelas frestas das nuvens, e também tirou foto comemorativa com todos.

Quando ele inspecionava a área interna do centro cultural, o responsável pela província, Toshihisa Komatsuda, solicitou-lhe que desse nome ao espaço em frente à entrada principal.

— Soube que ontem nevou, mas hoje está fazendo tempo bom. Que tal Seiten Hiroba (“Espaço Céu Límpido”)? Tanto as tempestades como as nevascas sem falta cessam em algum momento, e o dia ensolarado chega. E fazer com que seja assim é fé.

Komatsuda, com um sorriso, disse:

— O “céu límpido” é o nosso juramento.

Dez anos antes, em julho de 1972, a península japonesa foi atingida por fortes chuvas. Até o dia 9, data em que Shin’ichi estava em Sendai em sua orientação a Tohoku, ocorreram deslizamentos de terra na área de Shikoku, em Kyushu, ocasionando a morte de quase duzentas pessoas e deixando várias desaparecidas. Foi o “Temporal de Julho de 1972”. Caiu uma intensa chuva também em Akita, e houve danos causados pela inundação devido ao transbordamento de rios ao norte da província.

Em Akita, estava programado o registro de uma foto comemorativa com Shin’ichi no dia 12. No entanto, devido ao temporal, não houve outra forma senão cancelá-lo. Mas, após concluir as sessões de foto comemorativas na província de Yamagata, Shin’ichi entrou na província de Akita no dia 11.

“Com certeza todos estão abatidos por terem sido atingidos pela inundação. Por isso, irei a Akita de qualquer maneira, independentemen­te dos obstáculos, e incentivarei as pessoas que estão passando pelas piores dificuldades” — esse era seu sentimento.

Ao chegar à sede de Akita, ele perguntou mais detalhes dos danos provocados pelo temporal nas respectivas localidades da província, e rapidamente tomou providências como o envio de líderes e incentivos às vítimas. Também participou das reuniões realizadas na sede e frisou sobre a prática da fé de “transformação de veneno em remédio”.

Nesse dia já não chovia mais, e o céu foi envolto por um belo pôr do sol avermelhado. A partir de então, para os companheiros de Akita, o céu límpido e o pôr do sol avermelhado se tornaram símbolos da superação da adversidade chamada “temporal”.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

No topo: Ikeda sensei se encontra com membros de Akita. Ilustração de Kenichiro Uchida

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2020.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO