‘Tinha medo de me olhar no espelho’: como é viver com a esclerodermia, uma terrível doença de pele

Após 14 anos convivendo com a esclerodermia, Farah Khalech decidiu contar a sua história para inspirar as pessoas a se aceitarem e amarem a si mesmas.

ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 05/03/2019 16h09                                                                                Anne Okumu e Anthony Irungu – BBC África

A queniana Farah Khaleck tinha apenas 17 anos quando começou a perceber que algo estranho estava acontecendo no seu corpo.

Reprodução/Foto-RN176 Farah Khaleck sofre de esclerodermia, uma doença que enrijece a pele Foto: BBC News Brasil

“Os primeiros sintomas foram o enrijecimento da minha pele e do meu corpo, o que reduziu minha capacidade de movimentação”, disse ela à BBC News África.

“Eu me cansava muito e não conseguia caminhar durante muito tempo. Quando eu orava, não conseguia me ajoelhar e encostar a testa no chão (como é feita a oração muçulmana). Tinha de orar sentada na cadeira.”

Farah Khaleck tem esclerodermia, uma doença autoimune que provoca o enrijecimento e estiramento da pele e dos tecidos do corpo. É uma condição rara que atinge três em cada 10 mil pessoas.

Reprodução/Foto-RN176 Os primeiros sintomas de esclerodermia apareceram quando Khalech tinha 17 anos Foto: BBC News Brasil

A doença costuma afetar os antebraços, a parte inferior das pernas, os cotovelos, joelhos e, às vezes, o rosto e o tronco.

“Eu estava na Índia quando o médico me disse que era esclerodermia, uma doença sem cura. Ele me receitou esteroides e falou que eram para controlar os sintomas. E eu disse: ‘Como assim não tem cura? Tem que ter uma cura'”, conta.

Recuperando o ânimo

Após 14 anos convivendo com a esclerodermia, Khaleck quer inspirar outras pessoas a amarem a si mesmas.

“Antes, eu sentia muita raiva. Tinha medo de me olhar no espelho”, conta. “Perdi muito peso, meu cabelo caiu… A doença me transformou completamente.”

Os primeiros anos após a descoberta da doença foram difíceis para Khaleck. “Eu me desconectei completamente. Brigava comigo mesma e com todos que estavam ao meu redor. No início, foi horrível”, diz.

Reprodução/Foto-RN176 ‘Perdi muito peso e tive queda de cabelo. A doença me transformou completamente’, diz Khaleck Foto: BBC News Brasil

Mas, com o tempo, ela começou a mudar a forma como enxergava a doença.

“Após oito anos com a doença, deixei de me revoltar. Comecei a rezar e a usar o hijab (véu muçulmano que cobre os cabelos das mulheres). Não sei como descrever, mas quando usava o hijab eu me sentia bonita. Eu me olhava no espelho e gostava do que via”, conta ele, emocionada.

“Foi assim que me aceitei”.

Atualmente, Khaleck dá palestras e usa sua história para inspirar os outros.

Reprodução/Foto-RN176 Hoje em dia Khaleck usa a sua história para inspirar e ajudar os outros Foto: BBC News Brasil

“Quando contei minha história publicamente pela primeira vez, recebi muitas mensagens de meninas me perguntando de onde eu tirava essa confiança em mim mesma”, conta.

“Eu sinto a necessidade de ajudar as pessoas a se aceitarem e se amarem”, conclui.

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