Experimento chinês controverso implementa genes de seres humanos em macacos

ROTANEWS176 E POR IG 30/04/2019 13:20

Pesquisadores colocaram os genes os animais para que se tornem “mais como as pessoas”; estudo está sendo criticado por especialistas da área

Reprodução/Foto-RN176  Experimento chinês causou controvérsia ao implementar genes humanos em macacos – Divulgação

Um experimento conduzido pelo Instituto Chinês de Neurociência está causando polêmica na comunidade científica internacional. Os pesquisadores implementaram genes humanos no cérebro de macacos para observarem a desenvolvimento dos animais. De acordo com a própria pesquisa, o objetivo é tornar os primatas “mais como as pessoas”.

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O gene humano implementado nos macacos foi o MCPH1, que é um dosresponsáveis pelo desenvolvimento neuronal e pelo crescimento da cérebro. É uma mutação nesse gene, por exemplo, que causa a microcefalia.

Dos 11 símeos escolhidos para o experimento , apenas seis sobreviveram e só cinco viveram até a publicação do estudo, no final de março deste ano. “O tamanho do cérebro e o desenvolvimento de habilidades cognitivas são as mudanças mais acentuadas dos seres humanos durante a evolução. Neste estudo, nós conseguimos implementar o gene MCPH1 em 11 primatas da espécie  Macaca mulatta “, diz o estudo.

Ainda de acordo com o documento, os pesquisadores conseguiram observar desenvolvimento anormal no tecido cerebral dos animais. “Mais importante, os macacos transgênicos exibiram melhora na memória de curto prazo e no tempo de reação quando comparados com espécies encontradas na natureza. Esses dados são a primeira tentativa de entender a base genética dos seres humanos utilizando modelos de macacos transgênicos e a necessidade de utilizar primatas não-humanos para entender os traços únicos das pessoas”, finaliza o time de pesquisadores.

Apesar do sucesso no experimento, o estudo não foi bem aceito por boa parte da comunidade científica. O Dr. Martyn Styner, professor da Universidade da Carolina do Norte, que é inclusive citado no estudo chinês como um dos coautores, disse que se distânciou do projeto por conta do debate ético em volta da pesquisa.

“Eu desenvolvi o software para este e outros estudos que envolvem exames de ressonância magnética detalhados”, explica o cientista, em entrevista ao canal de televisão norte-americano NBC . “Talvez eu nem devesse ter entrado nos créditos como coautor”, se defende.

“A questão não é animais transgênicos , mas o fato de você colocar genes humanos em macacos apenas para torná-los mais como as pessoas”, argumenta Styner. “Existem pesquisas eticamente aceitáveis com o uso de animais transgênicos como, por exemplo, criar um potencial doador de órgãos para uma pessoa”, diz. “Na minha opinião, nós temos pouco a aprender com um experimento desses e ele não deveria ter sido conduzido”, finaliza.

Os chineses, no entanto, seguem defendendo a pesquisa. De acordo com os pesquisadores, macacos clonados e alterados geneticamente não só tornarão as pesquisas mais rápidas e mais confiáveis como também irão diminuir o uso de animais em estudos ao redor do mundo. “Sem a interferência genética, um número muito menos de animais será utilizado nas pesquisas”, explica Dr. Poo Mu-ming, supervisor do estudo.