Cumprir a minha missão

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 06/08/2020 19:46

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Capítulo “Origem”, volume 29

 

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI

 

PARTE 13

Na época em que Ookouchi viajou para a Índia, o país vivia um clima de intranquilidade política com crescentes manifestações contra o governo em decorrência de corrupção, desemprego, alta de preços e escassez de alimentos devido à seca. E, em virtude dessa inquietação, muitas empresas estrangeiras deixavam o país. A vida de Ookouchi como estudante intercambista se iniciava nesse ambiente.

Naturalmente, as aulas e as provas eram ministradas em inglês. Embora se esforçasse, a barreira da língua era muito espessa. Nos exames de novembro, as notas dele eram as mínimas em quase todas as matérias.

“Enquanto não superar essa situação, não poderei cumprir minha missão na Índia. Não posso ser derrotado!”, refletia Ookouchi.

Ele se empenhou intensamente nos estudos até tarde da noite no alojamento da universidade. Então, concluiu o mestrado com máxima excelência, e ainda conseguiu avançar para o curso de doutorado na Universidade Federal Jawaharlal Nehru.

Ookouchi sentiu na própria pele a orientação de Shin’ichi: “Quando se conscientiza da missão abrindo as asas rumo ao futuro, o talento pode brotar e crescer em alta velocidade”.

No hotel em Nova Délhi, observando o aspecto de desenvolvimento de Ookouchi, inclusive do ponto de vista humano, Shin’ichi sentiu nele vigor e robustez. Não conseguia conter a alegria em ver o jovem leão criado com suas próprias mãos começar a percorrer o grande solo da Índia.

Shin’ichi estava fortemente convicto de que a história futura comprovaria, com certeza, o extraordinário significado de ele ter criado uma grande correnteza de “valores humanos” por meio da formação da Divisão dos Estudantes Herdeiro, do Grupo Hosu [Jovem Fênix], da Divisão do Futuro (no Brasil, Divisão dos Estudantes), do Grupo Futuro, entre outros.

Todas as pessoas possuem o próprio talento, cada qual com sua personalidade. Todos são seres humanos valorosos. Entretanto, se essa personalidade e habilidade não forem cultivadas, ficarão ocultas para sempre. Para que cada um possa manifestar a própria capacidade, são necessários diversos campos de educação. Porém, o que estabelece a base dessa educação é a inspiração espiritual que faça despertar a sua missão.

Shin’ichi dedicou um poema a Ookouchi, o qual estava decidido a viver pelo kosen-rufu da Índia:

Pico da Águia,

perfume o seu nome,

eternamente.

PARTE 14

Às 15 horas do dia 6 de fevereiro, a comitiva de Shin’ichi Yamamoto visitou a Universidade de Délhi para participar da cerimônia de doação de mil livros à sua biblioteca. Essa instituição foi fundada em 1922 e era uma das mais elevadas e prestigiosas universidades da Índia, com um departamento de estudos sobre a China e o Japão. Assim, era um importante centro de pesquisa sobre o Japão.

Nesse palácio do saber, erguia-se altiva uma torre de relógio. O vice-reitor R. C. Mehrotra recebeu a comitiva com largo e caloroso sorriso. Seus cabelos grisalhos e o uso de óculos denotavam uma aparência de profunda intelectualidade.

A entrega dos livros foi realizada de forma muito solene no auditório comemorativo Tagore nas dependências da instituição com a presença de 170 alunos e professores.

Em seus cumprimentos, o vice-reitor manifestou, inicialmente, as boas-vindas à comitiva. Em seguida, apresentou Shin’ichi como o fundador de museu de artes e de instituições educacionais, tais como a Universidade Soka. Citou também que ele é autor de diversas obras, entre as quais, o diálogo com o Dr. Arnold J. Toynbee. Disse ainda que os ensinamentos do Buda da Índia trouxeram grande influência ao Oriente e louvou o fato de que em um de seus países, o Japão, ocorreu um grande desenvolvimento da tecnologia moderna, mantendo ao mesmo tempo a própria tradição.

Sentindo-se grato, Shin’ichi ouvia atentamente tais palavras, considerando-as como um alerta para o Japão que, por trás do seu desenvolvimento científico e econômico, havia uma tendência de perda da espiritualidade.

A perda da espiritualidade acaba liberando a natureza selvagem do ser humano e cria uma sociedade escravizada pelo desejo ao materialismo. Shin’ichi achava que o Japão tinha muito a aprender com a Índia, a grande nação da espiritualidade.

O avanço da ciência e da tecnologia e a conquista da prosperidade não estão necessariamente ligados à riqueza do coração. Não é exagero dizer que os japoneses acabaram alimentando a miséria no coração a partir da abundância, da facilidade e do conforto que conquistaram. Junto com o desenvolvimento econômico e a tecnologia científica, será que houve melhora no sentimento em relação às pessoas, como também na amizade e no amor familiar? A alegria e o senso de gratidão, a satisfação e a plenitude estão preenchendo os corações? Quanto sorriso se nota nas pessoas que caminham pelas ruas?

A felicidade do ser humano floresce no solo de rica espiritualidade. O jardim de flores se expande quando se cultiva o coração.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.