Dono da própria mudança

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 13/02/2021 04:40

RELATO

A cada desafio, Francis viu uma chance de desenvolvimento e construiu sua história de vitórias

Reprodução/Foto-RN176 Francis Maciel Ferreira Rosa, Resp. pela DMJ da Sub. Vale do Paraíba e coord. do grupo Gajokai da CLP, CGESP; a mãe de Francis, Nice; ele; a esposa, Letícia; e o filho, Kauã – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

Quando ingressei na Soka Gakkai, em 2009, percebi que a essência Soka é o zelo com todas as pessoas. Nesse sentido, a palavra “cuidado” me marcou muito. Além disso, sempre ouvia que os desejos mundanos são iluminação e que temos a capacidade de transformar o veneno em remédio, e assimilei que todo desafio é uma oportunidade para me tornar mais forte e independente.

Contínuo desenvolvimento

Sou de Campo Grande, MS, e há três anos moro em São José dos Campos, SP. Trabalho com tecnologia da informação (TI) há dezoito anos. E foi atuando numa renomada empresa de plano de saúde, em 2009, que tive o primeiro contato com o budismo por intermédio de um colega que trabalhava comigo. Eu, que me interessava por filosofias orientais, ao ouvir suas explicações sobre a prática budista, fiquei com os olhos brilhando. Tenho muita gratidão por ele.

Naquele mesmo ano, descobri que seria pai. Estava com 26 anos. Meu filho nasceu no ano seguinte e, com ele, também veio meu comprometimento como pai. Buscando melhoria profissional, comecei a prestar serviço de TI num órgão público federal, com o dobro do salário que ganhava antes.

Em 2011, entrei para o Gajokai [grupo de bastidores da Divisão Masculina de Jovens], com a missão de cuidar das sedes da organização, mas, acima de tudo, aprendi que o cuidado com os membros também tem o sentido de proteger e, não somente de acolher.

Esse aprimoramento me auxiliou em questões pessoais, pois, em casa, meu avô enfrentava uma doença neurológica degenerativa, ficando acamado desde 2011. Passou por traqueostomia e gastrostomia, e, apesar de termos uma cuidadora para nos ajudar, a rotina mudou completamente. A frase de Nichiren Daishonin “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”1 ecoava em minha cabeça. Rugi, gritei, determinei que não deixaria de me dedicar ao kosen-rufu nesse momento crucial. Decidi representar Ikeda sensei dignamente no local em que estivesse. Acordava às 4 horas da madrugada, recitava daimoku e ia trabalhar. Participava das atividades e atuava no Gajokai. Avançando um pouco mais, ingressei na pós-graduação. Também adquiri o primeiro carro, trazendo conforto e segurança para minha família e para os membros da organização. Por cinco anos, cuidei do meu avô junto com meu pai. Então, em maio de 2019, ele encerrou sua missão.

Expandir a vida

Em 2016, a RM Campo Grande se dividiu em três novas localidades. Com isso, assumi a liderança da Divisão dos Estudantes numa delas. Logo soube que minha missão era incutir naqueles pequenos jovens a força de um rei leão capaz de iluminar toda a humanidade. E tive apoio das demais divisões para isso. Foi uma época inesquecível!

Reprodução/Foto-RN176 Francis na Comunidade Rui Barbosa – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

Concluí essa etapa em 2018, quando me mudei para São José dos Campos, SP, em busca de oportunidades de crescimento. Algum tempo depois, fui chamado para uma entrevista para ser docente numa instituição de ensino. Sempre admirei esse ofício e pensava um dia exercê-lo. Contudo, nunca havia lecionado; e, além disso, era muito tímido. Mas agora era diferente. Lá, lembrei-me do início da prática, em que comecei a explanar matérias no bloco, e isso facilitou meu desenvolvimento na oralidade.

Até a data da seleção, recitei muito daimoku. Concorri a uma única vaga para o curso de tecnologia com mais três candidatos, todos com experiência em docência. Voltei com a certeza de que eu já fazia parte do quadro de funcionários e assim aconteceu. Iniciou-se uma fase de aprendizado e de muito trabalho. Tenho orgulho dos meus alunos e do quanto se desenvolveram.

Nesse período, eu me esforçava para estar próximo dos membros do Vale do Paraíba. Ligava, trocava mensagens e conversava com os líderes procurando estar presente de alguma forma.

Como novo desafio, no fim de 2019, encarei pela primeira vez uma demissão, com a redução do quadro de docentes devido a mudanças no plano estratégico da instituição. Fiquei desempregado quase todo o ano de 2020 – momentos de bastante preocupação. Mas aproveitei para estudar e recitar ainda mais daimoku, e realizar visitas, mantendo o juramento de atuar em prol do kosen-rufu, independentemente das circunstâncias.

Nichiren Daishonin afirma:

Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja a proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.2

Em novembro, passei numa entrevista de emprego em uma indústria; mais uma situação nova. Nunca tinha pisado numa fábrica, mas quando ainda fazia graduação, imaginei um dia atuar nesse setor. Na mesma semana, soube que participaria de um encontro on-line com os líderes da Divisão dos Jovens do Japão no dia 18, data da fundação da Soka Gakkai. É muita emoção para um coração só!

Reprodução/Foto-RN176 Em sentido horário, Eric, irmão de Francis; o pai, Etiene; o avô, Damião; ele; e o irmão, Thalis. Todas as fotos foram tiradas antes da pandemia do coronavírus – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

Fazendo uma reflexão desde o início da prática, sinto que criei uma fortaleza gigantesca em meu coração e muita gratidão pela Soka Gakkai. Em meio à revolução humana, aprendi que o mais importante é saber que a prática budista faz sentido quando somos donos da nossa própria mudança.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 431-432
  2. Ibidem, p. 296

Francis Maciel Ferreira Rosa, 37 anos. Analista de TI. Resp. pela DMJ da Sub. Vale do Paraíba e coord. do grupo Gajokai da CLP, CGESP.