Guia do sexo lésbico seguro: tudo o que você precisa saber para se proteger

ROTANEWS176 E POR DELAS 09/03/2021 07:00                                                                                                                    Por Rafaela Bonilla

Confira como se proteger e quais são as infecções que podem ser transmissíveis durante uma relação entre duas mulheres

Reprodução/Foto-RN176 Lésbicas e bissexuais devem ter um atendimento ginecológico de qualidade – Pexels/ Cottonbro

No sexo entre um homem e uma  mulher cis existe um item fundamental para proteger contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs): a camisinha . Já na relação entre  duas mulheres cis o sexo e a  anatomia são bem diferentes. Por isso, o sexo seguro deve levar em conta como se prevenir de infecções durante o sexo oral, penetração e na famosa tesourinha.

  • Relações entre mulheres podem transmitir ISTs
  • Evite fazer sexo durante o período menstrual
  • Higienize os sex toys e use com camisinha; as unhas devem estar sempre cortadas e limpas
  • Não existem produtos à venda no mercado para a proteção no sexo oral, mas é possível realizar exames periódicos

Primeiramente, é necessário desmentir a ideia de que apenas relações com pênis estão suscetíveis a ISTs. A ginecologista, obstetrícia e sexóloga-terapeuta Ana Lúcia Cavalcanti explica que as mulheres podem transmitir infecções durante as relações lésbicas. O mesmo ocorre numa relação hétero entre uma mulher cisgênera e um homem trans .

“A prática sexual de pessoas com vulva é suscetível a transmissão de IST, por meio de sangue, troca de secreções, sexo oral, contato entre os genitais e compartilhamentos de brinquedos”, diz. Apesar disso, há pouquissímas ferrramentas disponíveis sexo seguro para pessoas que tem vagina.

“Nós vivemos numa sociedade patriarcal, de padrão heteronormativo. A invisibilidade das mulheres lésbicas se expressa no cotidiano. Isso explica as poucas pesquisas sobre a sexualidade e produtos para prevenção de IST para mulheres que fazem sexo com mulheres”, explica a ginecologista.

Quais são os riscos?

A ginecologista explica que durante o sexo lésbico (ou entre pessoas com vulva) podem ser transmitidos sífilis, hepatite, clamídia, gonorreia, herpes, HPV e HIV. O sexo oral também está sucetível à transmissão de ISTs, entretanto a transmissão de HIV e a Hepatite B é baixa. Já no contato vulva-vulva, podem ser transmitidos herpes, sífilis, HPV e HIV, além de verrugas genitais.

O contato de dedo-vulva ou dedo-ânus, há a possibilidade de transmissão de infecções como HIV e hepatite B ou C. “Quando há contato entre o sangue das parceiras, causado por pequenos traumas na introdução do dedo, pode haver transmissão de hepatite B ou C”, explica.

Confira os sintomas e o modo de transmissão de cada ISTs:

Sífilis 

Causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios. A sífilis primária apresenta uma ferida única, na vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, pênis  ou outros locais da pele, que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias, não dói, não coça, não arde e não tem pus. Meios de contaminação: sangue, posição tesoura, oral e brinquedos sexuais (vibradores e outros sex toys).


Clamídia 

Clamídia é uma bactéria, que na maioria das vezes atinge os órgãos genitais, mas pode afetar também a garganta e os olhos. É a principal causa do incômodo inflamatório pélvico. Meios de contaminação: posição tesoura e sex toys.


Gonorreia

A gonorreia é causada por uma bactéria, a Neisseria gonorrhoeae. Causa infecções na uretra, ânus, colo do útero e vagina. Meio de contaminação: posição tesoura e brinquedos sexuais.


Hepatite

A hepatite B causada pelo vírus HBV no geral não apresenta sintomas e evolui lentamente. Atinge maior transmissão através do sexo e contato sanguíneo e secreção vaginal. Meio de contaminação: sangue e brinquedos.