O universo em suas mãos

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 11/04/2020 09:10

CONHEÇA O BUDISMO

 

REDAÇÃO

 

Em sua vastidão, o universo mistura luz e escuridão; o ser humano, porção deste universo, carrega em si esses dois pontos. Conheça o Budismo desta edição apresenta uma reflexão sobre o princípio budista de “escuridão fundamental”. Ressaltando a importância de empenhar esforços para sair dessa condição, tornar-se feliz e iluminar o caminho de outras pessoas.

 

O que é “escuridão fundamental”?

 

“Escuridão fundamental” (gampon no mumyo) é o termo utilizado pelo buda Nichiren Daishonin para designar a ignorância do ser humano sobre a essência fundamental da nossa vida, que é a iluminação. Essa condição iluminada é a manifestação, na vida diária, da recitação do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku), ou seja, da fé na Lei Mística. A iluminação é consequência do fortalecimento da fé.

“Escuridão” refere-se à incapacidade da pessoa de enxergar a realidade; e “fundamental” corresponde à força e à capacidade de cada indivíduo, aqui ancorada de forma negativa. Assim, podemos dizer que a falta de percepção aprisiona a pessoa a uma profunda ilusão, a qual a impede de enxergar valor em si assim como nos outros.

 

Natureza iluminada

 

Em contraponto, existe a “natureza fundamental da iluminação” (gampon no hossho), que corresponde à condição de vida em que o indivíduo percebe a natureza de buda intrínseca e também a dos demais. Ambas as condições fazem parte da essência humana, uma vez que todos possuem a iluminação e a escuridão. Mas qual seria o primeiro passo para manifestar a condição de iluminação? Tudo começa com a oração sincera, individualmente, recitando daimoku diante do Gohonzon, avançando a cada dia na revolução humana. É uma prática revolucionária, pois permite abrir a mente para a vastidão do universo inerente e nos demais.

 

Brilhando como o sol

 

Muito se fala da beleza do universo. Em sua plenitude, o firmamento possui duas características básicas: a matéria e o vazio. Fazendo uma relação com o tema deste texto, o vazio caracteriza a escuridão. Já a matéria se refere a todas as “coisas físicas” que estão lá, como o sol, que emana um brilho característico. O universo não existe sem as duas partes. É inegável que, para que se perceba o brilho do sol, assim como o das demais estrelas, seja imprescindível o vazio. Dessa forma, para que manifestemos nossa condição de vida iluminada, é necessário que existam as dificuldades.

 

Reflexo da luz interior

 

Portanto, vale reforçar que, para manifestar a iluminação no dia a dia, é essencial abraçar de forma concreta a prática budista, tendo como base a recitação do daimoku diante do Gohonzon. Essa é uma maneira de não permitir que a visão seja obscurecida pela escuridão fundamental. No escrito Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Nichiren Daishonin comenta sobre esse ponto:

A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado; mas, ao ser polida, tornar-se-á como um espelho límpido, que refletirá a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão recitar o Nam-myoho-renge-kyo.1

 

Luz que guia

 

Muitos não conseguem perceber por si sós sua condição de vida e como manifestar a máxima força. Isso explica a importância de se ter um bom mestre como guia dentro desse caminho — como uma luz que ilumina em plena escuridão. No budismo, a relação de mestre e discípulo é critério essencial e nos dias atuais, os membros da Soka Gakkai Internacional (SGI) têm a boa sorte de contar com os direcionamentos do presidente Daisaku Ikeda. É por meio do seu vigoroso encorajamento que os componentes da organização conseguem extrair, com base no estudo do budismo, forças para romper a escuridão da vida. Tudo está dentro de nós, a energia necessária para vencer e ainda levar esperança a outras pessoas.

 

Iluminar a vida do outro

 

Hoje, o mundo sofre por não saber lidar com situações emergenciais e inesperadas, a exemplo do Covid-19. Algumas pessoas são tomadas pelo desespero e pela falta de esperança, mas cabe aos praticantes budistas da SGI a missão de fazer despertar o sol que reside no coração de todos ao redor. Ikeda sensei declarou:

O mundo atual carece intensamente de esperança, de uma perspectiva positiva e de uma sólida filosofia. Não há nenhuma luz brilhante a iluminar o horizonte. Tudo está num impasse — a economia, a política e as questões ambientais e humanitárias. E os próprios seres humanos — a força motriz de todas essas esferas — também estão perdidos e não sabem como avançar. É por isso que nós, os bodisatvas da terra, aparecemos. É por essa razão que o Budismo do Sol de Nichiren Daishonin é tão essencial.2

 

 Brilho que aquece o coração

 

Conforme afirma Daishonin, todas as pessoas, assim como tudo no universo, possuem em si tanto a iluminação como a escuridão. Para viver realmente feliz, livre das amarras do sofrimento, é necessário perceber a verdadeira natureza iluminada da própria vida, assim como das demais pessoas. Para isso, a fé é a palavra-chave. Além de recitar Nam-myoho-renge-kyo, é importante compartilhá-lo, criando uma grande rede de luz, uma imensa constelação de budas.

 

Ikeda sensei conclama:

 

Levantamo-nos, segurando bem alto a tocha da coragem e a filosofia da verdade e da justiça. Começamos a agir para romper corajosamente a escuridão dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte, e também a escuridão da sociedade e do mundo.3

Notas:

  1. CEND, v. I, p. 4.
  2. BS, ed. 1.387, 19 out. 1996.
  3. Ibidem.

Fontes:

  • IKEDA, Daisaku. Atingir o Estado de Buda nesta Existência. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. Explanação.
  • Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. v. I. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2014.
  • Escuridão Fundamental. Terceira Civilização, ed. 538, jun. 2013, p. 58.
  • Escuridão Fundamental e Iluminação. Terceira Civilização, ed. 450, fev. 2006, p. 6.
  • Carta para os Irmãos. Brasil Seikyo, ed. 2.097, 26 ago. 2011. Explanação do trecho 3.