Ultrapassar as diferenças

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 02/05/2020 10:10

Capítulo “Frescor”, volume 29

 

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

PARTE 55

Em meio às mudanças da época, a religião possui o papel e a responsabilidade de continuar proporcionando a luz da sabedoria para criar a paz e a felicidade no coração das pessoas. Para tanto, é indispensável que os religiosos continuem sempre a busca pela verdade suprema, analisando e comparando, por si sós, os ensinamentos, e dedicando os esforços diligentes para o contínuo desenvolvimento. As religiões que deixarem esse ponto de lado acabarão se isolando da sociedade.

Quais são, então, os critérios exigidos para essa análise e comparação das religiões? Expressando de forma simples, pode-se resumir: “A religião fortalece ou enfraquece o ser humano?”; “Traz o bem ou o mal?”; “Torna a pessoa sábia ou tola?”.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI

Além disso, entre as religiões, deve haver a competição de qual consegue contribuir mais para a sociedade. Em outras palavras, é empenhar-se na “competição humanitária”, tal como proposto pelo primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Não se trata da submissão por meio de armas, mas de conquistar a simpatia e a admiração, avaliando o número de valores humanos que criou, em prol da paz mundial, e o que realizou pela felicidade de si e de outras pessoas.

E também, para a paz e a felicidade da humanidade, é necessária a cooperação mútua para a criação da rede de solidariedade, ultrapassando as diferenças religiosas.

Ao pensar que nesse ano se encerraria o ciclo de “Sete Sinos”, a especulação pelo futuro se ampliava cada vez mais, e Shin’ichi não conseguia deixar de pensar sobre o caminho a ser percorrido pela Soka Gakkai e pelas religiões visando a paz da humanidade rumo ao século 21. Seu desejo era dar cada vez maior importância à troca de opiniões com o Dr. Wilson [Bryan R. Wilson] acerca da conduta das religiões.

Posteriormente, Shin’ichi e o Dr. Wilson continuaram compartilhando ideias com diálogos na Europa e no Japão, e também através de cartas. Em outono de 1984, foi publicado o diálogo Human Values in a Changing World, em inglês, pela Editora McDonald, da Inglaterra. No ano seguinte foi lançada a edição em japonês pela Editora Kodansha, e mais tarde foi traduzida e publicada em diversos idiomas.

Era um diálogo entre dois homens em situações diversas, um do Ocidente e outro do Oriente, um sociólogo das religiões e outro líder religioso. Entretanto, havia uma ressonância espiritual pelo futuro da humanidade.

 

PARTE 56

 

A cadeia de montanhas de Kirishima estava envolta pelas nuvens de inverno. Era um clima instável em que ora se via fracos raios solares, ora pequenas partículas de neve.

No dia 1o de fevereiro de 1979, Shin’ichi Yamamoto se encontrava no Centro de Treinamento de Kyushu, na província de Kagoshima. No dia 3, estava prevista sua partida de Kagoshima rumo a uma visita oficial à Índia com escala em Hong Kong.

Cinco anos antes, em 1974, nos meses de fevereiro e outubro, ele dialogou com o embaixador da Índia no Japão, S. Thiruvengada Than, discorrendo sobre amizade indo-japonesa e intercâmbio cultural. Na ocasião, houve um pedido do embaixador para que Shin’ichi visitasse a Índia. Então, em fevereiro do ano seguinte, 1975, chegou o convite oficial do Conselho de Relações Culturais da Índia por intermédio da embaixada da Índia no Japão. E em dezembro, no diálogo de Shin’ichi com o embaixador Eric Gonsalves, sucessor de Than, foi reiterado o convite oficial para visitar a Índia.

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI

 

Shin’ichi desejava corresponder à amizade e à sinceridade da Índia, e vinha fazendo os preparativos. Assim, em fevereiro desse ano, a visita seria concretizada. A Índia é uma grande nação que, ao lado da China, possui uma gigantesca população. Em termos de religião, além do hinduísmo praticado por 80% da população, há o islamismo, o cristianismo, o siquismo, o jainismo e o budismo. Além disso, há diversas etnias e línguas, e a própria Constituição da Índia admite catorze idiomas (na época) regionais oficiais.

Para Shin’ichi, a prosperidade da Índia, rica em diversidade, que pode ser considerada uma verdadeira república federativa global, poderia ser o símbolo e o modelo da paz da humanidade. Além do mais, a Índia é o berço do budismo, e Shin’ichi sentia enorme gratidão por esse país. É por isso que da posição de um civil, Shin’ichi estava decidido a abrir o caminho para a promoção de intercâmbios culturais entre Japão e Índia, contribuindo para o progresso daquele país.

O grande poeta da Índia, Rabindranath Tagore, afirmou: “O supremo feito a ser conquistado pela humanidade encontra-se no ato de se tornar o arquiteto da estrada. Porém, essa estrada não se destina a interesses pessoais nem a autoritarismo. Trata-se da estrada para transitar o coração distinto dos irmãos de diferentes países”.1

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

 

Nota:

  1. Caminho da Antiguidade, Coleção de Preleções de Tagore, tradução para o japonês de Reikichi Kita, Editora Platon.