Lua de Júpiter é corpo mais vulcânico do Sistema Solar há bilhões de anos

ROTANEWS176 18/04/2024 19h58                                                                                                                              Por Gabriel Sérvio

Cabo de guerra gravitacional entre Júpiter e as luas vizinhas (Europa e Ganimedes), gera imensas forças de maré dentro de Io, causando intenso vulcanismo

 

Reprodução/Foto-RN176 Corpo mais vulcânico do sistema solar é a lua jupiteriana Io. (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech)

Uma lua de Júpiter em violenta turbulência há quase 4,6 bilhões de anos é o corpo mais vulcânico do nosso Sistema Solar. A descoberta foi feita por uma equipe de cientistas que examinou a lua jupteriana “Io” para rastrear enxofre e cloro na sua atmosfera.

O que foi descoberto sobre Io

  • Os pesquisadores usaram o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para observar a lua de Io.
  • Uma espécie de cabo de guerra gravitacional entre Júpiter e as luas vizinhas (Europa e Ganimedes), gera imensas forças de maré dentro de Io, causando intenso vulcanismo.
  • O que não estava claro até agora era há quanto tempo a influência de Júpiter e suas luas vinha causando estragos por lá.
  • Isso ocorre porque o fluxo constante de lava na superfície mantém a lua com aparência “jovem”.
  • “Io representa um grande mistério (…) sua superfície não mantém um registo da sua história da mesma forma que luas menos ativas o fazem”, disse Katherine de Kleer, líder da equipe e professora assistente de Ciência Planetária e Astronomia na Caltech ao Space.com.

Reprodução/Foto-RN176 A sonda Juno da NASA capturou imagens impressinantes da lua vulcânica de Júpiter, Io. (Crédito da imagem: (esquerda) NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS Processamento de imagem por Emma Wälimäki; (detalhe) NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/AndreaLuck)

A superfície de Io é muito ‘jovem’, o que significa que os fluxos de lava e os depósitos de plumas vulcânicas cobrem quaisquer características com mais de 1 milhão de anos. Portanto, anteriormente não foi possível aprender nada sobre a história vulcânica de Io para além dos últimos milhões de anos, o que é muito recente do ponto de vista geológico“, explicou a especialista ao Space.com.

O extremo vulcanismo depende exclusivamente de uma dança gravitacional rítmica das 3 luas que orbitam Júpiter. O empurrão e a atração gravitacional de Júpiter, Europa e Ganimedes em Io geram forças de maré tão intensas que podem fazer com que a superfície da Lua suba e desça em alturas de até 100 metros.

Reprodução/Foto-RN176 Juno observou a lua de Júpiter, Io, em luz visível e infravermelha em 1 de maio de 2023, produzindo uma imagem composta mostrando pontos quentes em toda a superfície. (Crédito da imagem: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM)

Desde quando isso acontece?

Para encontrar pistas, os pesquisadores usaram o ALMA, um conjunto de 66 antenas de rádio no deserto do Atacama, no norte do Chile, para procurar evidências na atmosfera de Io. Eles procuraram rádios isotópicos estáveis ​​de moléculas contendo enxofre e cloro.

A equipe descobriu que ambos os elementos estão mais presentes em variantes de isótopos pesados ​​— átomos com maior número de nêutrons — em comparação com o valor médio encontrado em todo o sistema solar.

Em Io, o vulcanismo faz com que o material seja continuamente reciclado entre o interior da lua e a sua atmosfera, como resultado disso, a lua jupiteriana perdeu entre 94% e 96% dos seus isótopos de enxofre mais leves. Isto é algo que só teria sido possível face a milhares de milhões de anos de vulcanismo que remontam ao nascimento da lua jupteriana.

“Io tem sido vulcanicamente ativo há bilhões de anos (…) Esta é uma confirmação de algumas previsões anteriores”, afirmou de Kleer. Agora, a cientista quer saber se a lua já teve um aspecto mais frio e se foi destruída pelo seu vulcanismo. “Adoraria saber se Io já teve um oceano de água e uma crosta de gelo, como seus vizinhos Europa e Ganimedes, que foram posteriormente perdidos pelo vulcanismo ou algum outro meio”, concluiu.

Com informações do Space. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (18) na revista Science.

FONTE: OLHAR DIGITAL