A gratidão define a vitória

ROTANEWS176 23/03/2024 09:25                                                                                                                              RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

De Brasília, Joel dos Santos fala de seus tempos de gari, e como tornou sonhos realidade ao dizer sim à vida e despertar para o sentimento de doação.

 

Reprodução/Foto-RN176 Joel Bruno dos Santos. Na BSGI, é conselheiro de distrito na RM DF SUL, CGRE – Foto: Arquivo pessoal

Uma decisão muda a vida? Com certeza! Quem oferece essa resposta convicta é Joel Bruno dos Santos, 90 anos, residente em Brasília, DF, junto com a esposa, Maria Francisca, 78, e família. Nos idos de 1970, época em que trabalhava como gari na prefeitura local, ele ouviu de um colega que, se recitasse Nam-myoho-renge-kyo, resolveria todos os problemas. Analfabeto, cansado de bater cabeça em busca de melhores condições para a família, agarrou-se a essa prática como “última esperança”, sem mesmo entender o significado. Ao comentar com a esposa em casa, ela achou que ele havia endoidecido de vez.

Joel nos conta essa experiência e compartilha os resultados de sua decisão naquele momento crucial, que o transformou no exemplo de homem vitorioso, confiante e de esperança ilimitada. Em dezembro último, ele completou cinquenta anos de Soka Gakkai e diz orgulhosamente que aprendeu a ler para estudar o budismo. Construiu uma família harmoniosa e feliz. “Meus pais são maior orgulho e referência para nós. Transformaram uma história de sofrimentos em alegria ilimitada, com sincero espírito de doação”, resume a filha Mara Rúbia, representando os irmãos. De gari, depois que aprendeu a ler, Joel prestou concurso e atuou como agente de portaria até se aposentar. Vamos conhecer um pouco mais dos bastidores da jornada de vida de Joel dos Santos.

Reprodução/Foto-RN176 Com a esposa, Maria Francisca – Foto: Arquivo pessoal

A gente não tinha mais pra onde correr. Minha esposa veio logo junto comigo a recitar Nam-myoho-renge-kyo; trouxemos também os quatro filhos. As coisas foram acontecendo. O salário passou a render e a harmonia voltou a reinar em casa. Depois de um ano, recebi meu objeto de devoção, o Gohonzon, e esse dia foi o mais feliz de nossa vida.

Ouvi numa reunião que a felicidade somos nós quem a construímos. Para isso, é preciso agarrar essa oportunidade, agir e assumir a responsabilidade. Portanto, tudo o que me orientavam eu fazia.

No ano seguinte, 1974, a organização aqui de Brasília estava se movimentando para receber Ikeda sensei, e a luta de daimoku (recitar Nam-myoho-renge-kyo) era intensa. Infelizmente, o Mestre foi impedido de entrar no país, mas seguimos firmes pelos próximos dez anos. Nesse período, aprendi a ler para estudar as escrituras do buda Nichiren Daishonin, os princípios básicos do budismo e as orientações de sensei que saíam no Brasil Seikyo. Eu lia e chorava de emoção, pois sentia que tudo era para mim.

Reprodução/Foto-RN176 Reunido com os filhos na celebração de sessenta anos de casamento – Foto: Arquivo pessoal

Em 1984, finalmente, recebemos o Mestre em Brasília — um encontro inesquecível. Na ocasião, ele lançou a ideia de construirmos uma sede aqui na cidade. Tempos depois, soubemos que ele havia comprado e doado um terreno para construção do maravilhoso centro cultural que temos hoje.

Foi aí que despertei para o sentimento de doação. Sempre realizei o Kofu (contribuição voluntária), porém, naquele momento, senti uma profunda gratidão e o real significado dessa participação. Então, veio a decisão, junto com minha esposa, de oferecer uma sede para as reuniões do Distrito Gama, onde atuávamos. Após cinco anos, isso se tornou realidade, depois de muita oração e economias feitas, porque budismo é oração e ação. Vitória!

Nos anos seguintes, demos mais um passo, pois a organização foi crescendo e a sede ficou pequena. Determinamos encontrar um novo local, com endereço certo, numa localização privilegiada. Ampliei a recitação do daimoku para três horas e, quando terminava, eu me sentia um gigante. Em 2010, estava aberta nossa sede, nosso bem maior. Foi uma enorme alegria. Hoje, são feitas várias atividades nesse espaço.

Não vou parar!

Praticar o budismo é um aprendizado para a vida inteira. Além disso, o estudo do budismo e a sincera oração são as bases. Tudo depende da nossa fé, pois há momentos desafiadores. Comigo não é diferente. Nos últimos anos, venci a Covid-19 depois de ter os pulmões comprometidos em 90%. Não é maravilhoso sentir essa profunda fé e transformar veneno em remédio?

Reprodução/Foto-RN176 Momento após encontro de daimoku com alguns jovens da localidade. “Apoiar sempre” – Foto: Arquivo pessoal

Sou extremamente grato e feliz pela família harmoniosa que construímos. Em janeiro, minha esposa e eu completamos 62 anos de casados. Dos nossos sete filhos, seis possuem o Gohonzon consagrado no lar. Com os netos na mesma órbita, formam a terceira geração de membros da Soka Gakkai.

De analfabeto, adquiri a sabedoria para a vida. Adoro estudar o budismo. Mesmo no início, quando mal sabia ler, fiz todos os exames de budismo para participar do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) e hoje sou Grau Médio. Valorizo demais a dedicação do nosso mestre de escrever, durante 25 anos, a obra Nova Revolução Humana, com seus trinta volumes cheios de inspiração para vencermos. Compartilho esse trecho muito especial para toda a minha família:

A grandeza do budismo revela-se no princípio de que qualquer destino pode ser transformado, de que a vida pode ser fortalecida a ponto de não se abalar diante das mais severas adversidades e de que todos serão capazes de construir uma vida de absoluta felicidade.1

Joel Bruno dos Santos, 90 anos, aposentado. Na BSGI, é conselheiro de distrito na RM DF SUL, CGRE.

Nota:

  1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. v. 5. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 54.

Assista

Ao vídeo do relato do Sr. Joel

Fotos: Arquivo pessoal

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO