Após candidatura única, Xi Jinping segue para 3º mandato

ROTANEWS176 E POR CORREIO BRAZILIENSE 11/03/2023 06:00

Presidente tem assegurado mais cinco anos de mandato pelo Congresso Nacional do Povo, em votação unânime. Aos 69 anos, ele se torna o líder mais poderoso em décadas, num momento de grande tensão com os EUA.

 

RN176 Xi Jinping candidato único é reeleito pelo seu terceiro mandato a presidente da China, por mais cinco-anos em juramento ao Partido Comunista (PCC) – Foto: AFP

Em eleição protocolar, na qual era candidato único, o presidente da China, Xi Jinping, teve assegurado, ontem, um histórico terceiro mandato de cinco anos no comando do país. A recondução do mandatário de 69 anos, no poder desde 2013, ratifica sua condição de líder mais poderoso em décadas. Como esperado, a reeleição de Xi na plenária do Congresso Nacional do Povo, em Pequim, foi respaldada pela unanimidade dos votos dos 2.952 deputados, que aplaudiram, entusiasmados, o resultado.

Na prática, a votação de ontem é uma mera consequência da deliberação do Partido Comunista (PCC), que, em outubro do ano passado, já havia designado Xi para mais um mandato de cinco anos como secretário-geral da legenda e comandante da comissão militar, os dois cargos mais importantes do país. Xi inicia o novo governo em meio à grande tensão com o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos.

Após o anúncio do resultado, três militares uniformizados desceram as escadas do enorme Grande Salão do Povo para colocar um exemplar da Constituição sobre uma mesa. “Juro ser leal à pátria e ao povo e trabalhar duro na construção de um grande país socialista moderno, que seja próspero, forte, democrático, mais civilizado e harmonioso”, prometeu o presidente com o punho levantado durante o juramento, exibido pela televisão estatal para todo o país.

Os últimos meses foram difíceis para Xi, com grandes manifestações no fim de novembro passado contra sua política de “covid zero” e uma onda de mortes pela doença após o abandono da estratégia. Essas questões foram evitadas durante a sessão anual do Congresso.

Nesse “novo” governo, Li Qiang, aliado de Xi, deverá substituir Li Keqiang como primeiro-ministro. A Assembleia Popular Nacional (APN) também escolheu o até agora vice-primeiro-ministro Han Zheng como vice-presidente, sucedendo Wang Qishan, e Zhao Leji como presidente do comitê permanente do Parlamento.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, cujo país é um aliado econômico e diplomático muito próximo da China, expressou rapidamente “sinceros parabéns” a Xi Jinping. “A Rússia aprecia muito sua contribuição pessoal para o fortalecimento das relações entre nossos países”, afirmou, em uma mensagem divulgada pelo Kremlin.

A reeleição de Xi coroa a notável ascensão política de um funcionário público antes desconhecido para o grande público. Durante décadas, a República Popular da China, escaldada pelo caos político e o culto à personalidade durante o reinado de seu fundador Mao Tsé-Tung (1949-1976), promoveu um sistema de governo mais colegiado nos escalões superiores do poder. Por esse modelo, os antecessores de Xi — Jiang Zemin e Hu Jintao — deixaram a presidência após 10 anos no cargo.

Xi Jinping, no entanto, acabou com a regra ao abolir em 2018 o limite constitucional de dois mandatos presidenciais, enquanto alimentava um incipiente culto a sua personalidade. Dessa forma, será o governante com mais anos de poder na história recente do gigante asiático, podendo, inclusive, aspirar outros cinco anos como presidente se nenhum sucessor confiável surgir neste período.

Mas a segunda maior economia mundial tem muitos desafios pela frente: desaceleração do crescimento, queda da taxa de natalidade, dificuldades no setor imobiliário, além de uma imagem internacional abalada.

As relações com os Estados Unidos estão no pior momento em décadas, com várias disputas, que vão do status de Taiwan ao tratamento da minoria muçulmana uigur, passando pela rivalidade no setor de tecnologia. Sem contar a guerra na Ucrânia. No início da semana, de forma direta, Xi Jinping acusou Washington de liderar o Ocidente em uma “política de contenção, cerco e supressão contra a China”.