David Neeleman, dono da Azul e agora da TAP, inventou o e-ticket

Brasileiro filho de americanos integra consórcio que comprou aérea TAP.
Fundador da JetBlue lançou inovações como bilhete eletrônico e TV ao vivo.

ROTANEWS176 E G1 11/06/2015 18h22

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Reprodução/Foto-RN176  David Neeleman é fundador e atual CEO da Azul
Linhas Aéreas (Foto: Divulgação/Azul)

David Neeleman, de 55 anos, o novo nome por trás da companhia aérea TAP, é um empresário americano-brasileiro que está no mercado do aviação civil há mais de 20 anos, e que reúne no seu currículo o lançamento e o comando das aéreas JetBlue Airways, nos Estados Unidos, e WestJet, no Canadá. Ele é também o fundador, dono e atual CEO da Azul Linhas Aéreas.

O governo de Portugal confirmou nesta quinta-feira (11) que escolheu o consórcio liderado por David Neeleman no processo de privatização da TAP. O grupo pagará imediatamente 10 milhões de euros a Lisboa e fará uma injeção em dinheiro 338 milhões de euros na TAP, além de assumir mais de 1 bilhão de euros em dívidas da empresa.

Várias das inovações do modelo de baixo custo são atribuídas ao empresário. Foi Neeleman quem inventou o e-ticket, bilhete eletrônico que reduziu custos operacionais e diminuiu a burocracia no embarque. Com sua equipe, criou também  a Live TV, que passou a oferecer televisão ao vivo (LiveTV) em cada um dos assentos das aeronaves.

Nascido em São Paulo em 16 de outubro de 1959, Neeleman é filho de americanos e morou no Brasil até completar sete anos de idade. Seu pai era repórter da United Press International (UPI) e trabalhava em São Paulo como correspondente estrangeiro. Logo que completou sete anos, a família voltou para os Estados Unidos, para Salt Lake City, em Utah. Anos mais tarde, retornou ao Brasil como missionário mórmon.

Fundador de aéreas

Começou sua vida profissional vendendo pacotes turísticos para o Havaí, depois foi trabalhar na Morris Travel, onde ajudou a transformar a empresa de agência de viagem a arrendadora, e, depois, operadora de aeronaves. Foi nesta época que criou o sistema de e-ticket e de TV ao vivo a bordo das aeronaves.

Com a sua equipe, lançou a Live TV, empresa que produz e opera um sistema de TV ao vivo para aviões. O executivo também tem participação na Open Skies, uma companhia voltada para a administração de receita, recursos e reservas com base na internet. A Gol, por exemplo, é cliente da Open Skies.

A Morris Air acabou sendo comprada pela Southwest. Por força de contrato, não podia atuar em outra empresa aérea norte-americana por 5 anos. Foi, então, para o Canadá onde fundou a WestJet no Canadá.

Em 2000, lançava com investidores a JetBlue Airways, que sacudiu o mercado de viação dos EUA ao oferecer baixos preços sem abrir mão de bons serviços e alguns luxos. Em 2001, a aérea já foi eleita a melhor em vôos domésticos nos Estados Unidos e mais tarde lançou ações na bolsa de Nova York e se transformou em empresa de capital aberto.

Neeleman foi afastado da JetBlue em 2007
Neeleman deixou a JetBlue e se desfez da maior parte de suas ações na companhia em 2007, após uma crise de imagem. Uma tempestade de neve em Nova York levou ao cancelamento de quase 1.200 vôos, afetando milhares de passageiros e a receita da empresa. O episódio culminou no afastamento do executivo da presidência da aérea. Apesar do desligamento, Neeleman ainda possui uma pequena participação acionária na JetBlue.

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Reprodução/Foto-RN176  Neeleman lançou a Azul em 2008, um ano após
ser afastado da JetBlue (Foto: Fabíola Glenia/G1)

Em 2008, Neeleman lançava no Brasil em parceria com outros investidores a Azul Linha Aéreas Brasileiras.

Em 2012, a Azul anunciou a fusão com a Trip. A terceira maior empresa do setor aéreo no Brasil detém hoje uma frota de 140 aeronaves, mais de 10.000 funcionários, realizando mais de 900 voos diários.

No início de junho, a Azul, anunciou que desistiu pela terceira vez de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Em agosto de 2013, a companhia havia cancelado pela primeira vez o objetivo de listar-se na bolsa de valores, dois meses após ter submetido a operação à análise da CVM, citado condições macroeconômicas desfavoráveis.

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Reprodução/Foto-RN176  Avião da TAP decola nesta quinta-feira (11) do aeroporto de Lisboa (Foto: Armando Franca/AP)

No começo do ano passado, retomou o projeto de tornar-se uma empresa aberta, mas logo o cancelou. Em dezembro, a Azul tentou de novo o IPO, que consistia de oferta primária (ações novas) e secundária de papéis preferenciais (detidos por sócios). Mas o plano foi suspenso logo no mês seguinte, diante do cenário adverso do mercado de capitais.

Neeleman é o atual controlador da Azul, com 67% das ações, informa a companhia. Entre os outros acionistas estão as famílias Caprioli e Chieppe (ex-Trip), além dos fundos de investimento Bozano, TPG, Weston Presidio e Gávea.