Mãe de Da Vinci era escrava e foi libertada por pai do gênio

ROTANEWS176 E POR ANSA 15/03/2023 12h45

Ato de libertação de Caterina foi achado em Florença.

 

Reprodução/Foto-RN176 Autorretrato de Leonardo da Vinci, do início dos anos 1500 Foto: Wikipedia

A mãe do gênio Leonardo da Vinci (1452-1519), Caterina di Meo Lippi, foi uma escrava durante vários anos de sua vida e seu ato de liberdade foi assinado pelo notário Piero da Vinci, pai do italiano, descobriu o pesquisador Carlo Vecce.

Apresentando seu livro “Il Sorriso di Caterina” nesta terça-feira (14), Vecce informou que encontrou o “ato de libertação de escravidão” no Arquivo de Estado de Florença e que sua pesquisa começou porque rumores de que a mãe do gênio era escrava estavam sendo divulgados.

A liberdade da jovem foi dada quase sete meses após o nascimento de Da Vinci, em 2 de novembro de 1452 – o menino havia nascido em 15 de abril.

RN176 Caterina di Meo Lippi, a suposta mãe de Leonardo da Vinci, escrava durante vários anos

“Um pouco por acaso, há alguns anos, surgiram esses novos documentos e comecei a estudá-los para mostrar que essa Caterina escrava não era a mãe de Leonardo. Mas, ao fim, todas as evidências andaram na direção contrária, sobretudo esse documento de libertação”, explicou.

Segundo Vecce, “o notário que liberou Caterina é a mesma pessoa que a amou quando ela ainda era uma escrava e da qual teve seu filho”.

A história sempre apontou que Da Vinci era um filho “ilegítimo” de Piero e Caterina, indicada apenas como uma simples camponesa que ficou órfã aos 15 anos. Pesquisas iniciais indicavam que a mulher era proveniente do Oriente Médio, mas pouco se sabia sobre sua vida real.

A análise de Vecce revelou que Caterina nasceu na área do Cáucaso, e depois foi levada para a região do Mar de Azov, ainda parte da Rússia. Foi levada para Bizâncio, pouco antes da queda para os turcos, e dali foi para Itália: Veneza, Florença e depois para Vinci. A jovem virou doméstica aos 15 anos e era escrava de uma outra família local, de um homem chamado Donato. Ela foi “emprestada” para a família de Piero para ser “cuidadora” de uma das filhas do notário, Maria. Caterina recebia cerca de 18 florins por ano, um valor considerado bastante alto para vítimas da escravidão porque era “substancialmente uma escrava sexual de Piero”.

Quando esse Donato morreu, em 1466, ele deixou como doação o Monastério de São Bartolomeu de Monte Oliveto, o qual foi retratado por Leonardo já adulto na obra “Anunciação”. Já Caterina morreu, provavelmente, em 1495 “nos braços do filho” – o primeiro de seis que teve ao longo da vida.