Orgasmo feminino: como eu sei se tive um? O ponto G existe? O que é anorgasmia? Veja 15 respostas

ROTANEWS176 26/10/2021 05h01

 

Orgasmo é o pico da excitação sexual, mas é comum haver várias dúvidas sobre as etapas deste processo.

 

Reprodução/Foto-RN176 Orgasmo é o pico da excitação sexual, mas é comum haver várias dúvidas sobre etapas do processo. — Foto: Pexels

Como saber se eu tive um orgasmo? O ponto G existe? É normal fazer xixi durante o sexo?

O g1 conversou com especialistas para descobrir as respostas para essas e outras dúvidas sobre o orgasmo feminino.

Abaixo, confira a resposta para 15 perguntas sobre o orgasmo feminino:

  1. O estímulo anal pode ser prazeroso para a mulher?
  2. Existe uma maneira correta de se masturbar – ou, no caso da relação sexual, de estimular a mulher – para atingir o orgasmo?
  3. A gravidez intensifica os orgasmos?
  4. Anticoncepcional hormonal afeta a capacidade de ter orgasmo?
  5. Orgasmos múltiplos: o que são?
  6. Anorgasmia: o que é?
  7. É normal fazer xixi ao ter um orgasmo?
  8. Mulher tem ejaculação?
  9. Ponto G: existe de verdade ou é mito?
  10. Orgasmo vaginal existe?
  11. O orgasmo da mulher é mais intenso que o dos homens?
  12. Como eu sei se eu atingi o orgasmo?
  13. Orgasmo pode dar dor de cabeça?
  14. Quais os benefícios para a saúde?
  15. O que é um orgasmo?

Veja abaixo as respostas:

1) O que é o orgasmo?

Um orgasmo é o pico da excitação sexual – quando todos os músculos que foram contraídos durante a excitação sexual relaxam, conforme explica a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP).

“O orgasmo é uma fase do ciclo de resposta sexual onde acontece uma descarga de tensão – e um prazer muito característico acompanha essa descarga de tensão”, explica a psiquiatra Carmita Abdo.

Além do relaxamento, o orgasmo promove a liberação de substâncias como as endorfinas e a dopamina.

“As endorfinas dão uma sensação de mais energia, de mais conforto, enquanto que a dopamina dá uma sensação de recompensa – você percebe que valeu a pena aquela atividade”, explica Abdo.

2) Quais os benefícios para a saúde?

“É um momento em que a tensão que foi acumulada ao longo do ato sexual se desfaz – e esse relaxamento oferece uma sensação de bem-estar e uma oxigenação dos tecidos do corpo. Não só da parte genital, mas de todo o organismo, porque, uma vez relaxada, a pessoa acaba se sentindo mais confortável para respirar, para a circulação fluir de forma mais homogênea e mais intensa”, explica Carmita Abdo.

3) Orgasmo pode dar dor de cabeça?

É possível, diz a psiquiatra.

“É uma sensação que tem a ver, provavelmente, com mudanças que o organismo passa durante essa fase”, explica Abdo.

“Muitas pessoas referem que o orgasmo dá essa sensação e pode ser, inclusive, uma sensação que é bem passível de ser avaliada e tratada. Não é algo tão comum – não é uma sensação regular, frequente, habitual, mas que pode acontecer em alguns casos. Não se tem ainda uma causa definida para essa sensação, mas ela pode ser contornada através de acompanhamento – que pode ser desde um acompanhamento psicoterápico ou às vezes a pessoa vai precisar mesmo de uma medicação”, afirma.

3) Como eu sei se eu atingi o orgasmo?

A terapeuta sexual e doula de parto Juliana Thaísa explica que a dúvida sobre já ter tido ou não um orgasmo alguma vez é muito comum entre as mulheres que atende. Um dos atendimentos que ela faz é a terapia corporal – com o objetivo de que as mulheres descubram várias coisas sobre o seu próprio corpo, inclusive seu potencial de ter um orgasmo.

Ela descreve a sensação:

“A musculatura vaginal começa a contrair e pulsar – a vagina fica ainda mais lubrificada. O abdômen tende a tensionar, contrair, [você] sente uma coisa quente subindo no corpo. Os batimentos ficam mais acelerados, a respiração fica mais acelerada”, diz.

“Aí parece que vem vindo tudo junto: aquela tensão, a respiração e os batimentos cardíacos vão aumentando, e aí quando você chega no momento da descarga libidinal, é como se fosse soltando – solta a respiração, vai soltando a contração do abdômen, relaxando as pernas – é como se chegasse num nível de esforço e depois relaxasse. É basicamente essas percepções físicas que a gente consegue identificar”, completa Juliana Thaísa.

Mas ela faz algumas ressalvas:

“Quando a gente fala da sensação do orgasmo, é muito complexo, porque a gente tem uma referência de que o prazer é muito genitalizado – e falocêntrico. E o prazer gira em torno da penetração quando a gente fala de relações héteros. Vindo da referência da pornografia, a gente vai aprendendo que sentir prazer é aquilo ali”, pontua.

“Tem muito a coisa da penetração, mas a gente esquece que o nosso playground, das pessoas com vulva, é o clitóris, não é o canal vaginal – embora muitas mulheres sintam o orgasmo com o estímulo vaginal, o nosso maior ponto de sensibilidade é o clitóris”, lembra a terapeuta.

Em entrevista ao podcast “Prazer, Renata”, a médica ginecologista e ex-BBB Marcela McGowan descreve o momento, do ponto de vista fisiológico, de forma semelhante ao da terapeuta sexual:

“Você vai sentindo um acúmulo de tensão ali no corpo seguido de uma sensação de relaxamento. Isso é marcante em todo mundo. Você sente que vai acumulando uma tensão, uma excitação, e depois chega num pico e sente uma sensação de relaxamento no corpo todo. Em geral é isso o que marca a percepção do orgasmo para as mulheres”, diz.

Ela comenta, ainda, que o orgasmo não precisa ser algo “surreal”:

“Acho que o mais marcante é você sentir que sobe uma sensação e depois ela alivia, ela descansa. Nem todos são super intensos, nem todos têm um ápice muito grande, mas você percebe essa diferença. E aí cada pessoa sente uma coisa. Tem gente que sente contração no pé da barriga, tem gente que sente escorrer algum tipo de líquido, mas aí é muito, muito pessoal. Eu diria que essa sensação de estar acumulando e relaxando é a mais marcante”, afirma Marcela.

Ouça o podcast para a íntegra da entrevista:

Para a psiquiatra Carmita Abdo, uma dica que pode ajudar a entender se o orgasmo foi atingido ou não é prestar atenção em se há necessidade de continuar o ato sexual:

“Como o orgasmo dá uma satisfação bastante plena, a necessidade de dar sequência ao ato sexual se esvai. A mulher sente que já chegou ao final daquele ato. Essa é uma possibilidade de se avaliar se o orgasmo foi atingido ou não – porque, uma vez atingido o orgasmo, há necessidade de um descanso, de um relaxamento, até a possibilidade de uma nova estimulação, um novo início de ato sexual”, comenta.

5) O orgasmo da mulher é mais intenso que o dos homens?

Não necessariamente.

“O orgasmo pode ser intenso, menos intenso, variar de intensidade, de homem pra homem, de mulher pra mulher, depende. Até de relação pra relação. Às vezes, em um determinado relacionamento, em uma determinada ocasião, o orgasmo é muito intenso, porque a pessoa está mais concentrada, mais estimulada, e em outra situação pode não haver orgasmo tão intenso – na mesma parceria, por exemplo”, diz Abdo.

Juliana Thaísa, terapeuta sexual, lembra, entretanto, que as mulheres têm o dobro de terminações nervosas no clitóris do que os homens têm na cabeça do pênis (a glande):

“A glande do clitóris tem em torno 8 mil terminações nervosas. A do pênis tem a metade: 4 mil. Quando a gente fala de sensibilidade nesses dois lugares, que são os lugares mais sensíveis, as mulheres são muito mais sensíveis. Se receberem o devido estímulo, aquele orgasmo pode ser muito mais intenso”, explica.

6) Orgasmo vaginal existe?

Há divergências.

Em entrevista ao podcast, Marcela explica que é muito difícil uma mulher ter um orgasmo apenas com o movimento de penetração, por causa da anatomia da vulva – a parte externa do órgão sexual feminino.

“Até se estuda que é muito possível que elas [as mulheres que têm orgasmo com penetração] tenham as enervações do clitóris mais próximo da entrada da vagina, então seja mais fácil para elas estimular durante a penetração – a própria fricção da penetração estimularia essas terminações. Mas é muito importante as mulheres saberem tirar esse peso, porque é um peso social também: “nossa, preciso gozar na penetração'”, lembra.

Por outro lado, Juliana Thaísa afirma que é possível – por causa do chamado “ponto G” (veja detalhes na pergunta 7).

“Se você está estimulando o ponto G, ele fica bem na entrada do canal vaginal. Então eu posso falar ‘eu tive um orgasmo com um estímulo no ponto G’, ou ‘eu tive um orgasmo com um estímulo vaginal’. E, aí, lá dentro do canal vaginal, quase chegando bem perto do colo do útero, tem um lugarzinho chamado ponto A, e que explica também como que às vezes algumas mulheres sentem muito prazer na penetração”, explica. “Para definir um orgasmo, tem muitas coisas que precisam ser analisadas”, diz.

Já Carmita Abdo defende que não existem “categorias” de orgasmos – e sim apenas um orgasmo, provocado por tipos diferentes de estímulo.

“A gente não fala em orgasmo vaginal, orgasmo clitoridiano. O mais correto é você dizer orgasmo com estímulo intravaginal, orgasmo com estímulo clitoridiano. O orgasmo é um só – apenas o que varia é o local em que a estimulação se dá”, afirma.

7) Ponto G: existe de verdade ou é mito?

Cientificamente falando, não há consenso, explica Carmita Abdo.

“Não é algo já comprovado, que já tem uma definição. Os especialistas se dividem quanto a essa questão. Até hoje, é um assunto controverso. Muitos acreditam que ele existe, outros negam a sua existência. Na verdade, ele corresponderia a uma confluência de enervação da parte interna [da vagina] que refletiria exatamente naquele ponto que fica na parte anterior, no ponto mais externo”, explica.

Juliana Thaísa defende que essa parte do corpo existe e a descreve como uma região muito sensível que fica na entrada do canal vaginal.

“Para achar o ponto G, você tem que introduzir no máximo só a metade do dedo, e ficar bem ali na parte de cima da entrada do canal vaginal. É como se você fosse fazer o sinal de ‘vem cá’ com o dedo, tipo chamando alguém com o dedinho. Esse é meio que o movimento que ajuda a estimular essa região e encontrar”, explica.

Mas, atenção: o ponto G “não é um interruptor de lâmpada, que se aperta para ligar ou desligar”, explica Edson Ferreira, ginecologista do Hospital das Clínicas da USP e professor da pós-graduação em ginecologia endócrina do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

“O prazer oriundo da relação sexual não depende exclusivamente dele, mas sim de um contexto em que haja conexão, confiança, multiplicidade de estímulos – sonoros, táteis, olfativos. Cobranças por performance e buscas incessantes pelo ponto G podem reduzir a espontaneidade do encontro sexual, que é base para a obtenção do prazer”, enfatiza.

8) Mulher tem ejaculação?

Reprodução/Foto-RN176 A ciência ainda não chegou a um consenso sobre a possível ejaculação feminina (foto mostra pessoa com dois dedos dentro de uma fruta aberta, semelhante a uma vulva, com substância parecida com a ejaculação escorrendo do meio). — Foto: Pexels

A ciência ainda não chegou a uma conclusão, explicam os especialistas ouvidos pelo g1.

Isso porque, quando a mulher tem um orgasmo, ela pode liberar um líquido das chamadas glândulas de Skeene, que ficam ao lado da uretra.

Reprodução/Foto-RN176 Anatomia da vulva com as glândulas de Skeene — Foto: Arte g1

“Há uma suposição de que essa glândula seria capaz de liberar um líquido esbranquiçado ou até transparente, que estaria representando uma ejaculação feminina. Mas por que algumas mulheres têm e outras não têm essa ejaculação, já que todas têm essa glândula?”, questiona Carmita Abdo.

Já o ginecologista Edson Ferreira avalia que as mulheres podem, sim, ejacular – apesar de reconhecer que a resposta para essa pergunta é “controversa” na literatura médica.

“Nem sempre isto acontece e não é um fenômeno essencial para que a mulher tenha prazer. É também difícil saber exatamente qual é a sua função biológica: no passado, acreditou-se que poderia estar ligada à fertilidade; hoje, sabemos que não. Ainda assim, muitas dúvidas permanecem”, avalia o médico.

O que já se sabe é que esse líquido é diferente da lubrificação vaginal.

“A lubrificação vai acontecer antes do orgasmo. Essa lubrificação não é pelas glândulas de Skeene – é por um outro tipo de glândula, que são as glândulas de Bartholin. E essa ejaculação acontece durante o orgasmo, não é antes”, explica Abdo.

Seja quais forem os fluidos envolvidos na relação sexual, o mais importante é entender que é normal que eles apareçam, diz Ferreira.

“O que eu acho realmente importante é que nós normalizemos a ocorrência de fluidos e secreções durante as relações sexuais: algumas mulheres se sentem constrangidas e podem até deixar de se relacionar pelo receio de expelir líquidos, o que não deveria acontecer”, pondera o médico.

9) É normal fazer xixi ao ter um orgasmo?

“É normal – mas não obrigatório – que haja uma liberação de fluidos quando a mulher atinge um orgasmo. Às vezes, lubrificação vaginal e ejaculação podem ser confundidas com urina. Em outros casos, pode realmente ser urina: é uma manifestação possível de uma incontinência urinária”, afirma Edson Ferreira.

Caso haja dúvida, diz Ferreira, é importante conversar com um médico ginecologista para avaliação do caso.

Já Carmita Abdo explica que mulheres jovens, quando hiperestimuladas, podem ter perda de urina, mas isso é mais comum de acontecer em mulheres mais velhas – que tendem a perder urina durante todo o ato sexual, não só no orgasmo.

“A urina sai em mulheres jovens quando elas estão excitadas? Pode sair. Uma excitação maior, uma excitação mais descontrolada, pode liberar urina numa mulher que não tem fragilidade de esfíncter, mas que está hiperexcitada – como também há a hipótese de que ela produza uma secreção, que é da glândula de Skeene, e isso sai na hora do orgasmo. São hipóteses que estão sendo estudadas”, diz a psiquiatra.

“Agora, certeza se tem que a mulher mais velha pode ter uma fragilidade do esfíncter da uretra e perder urina durante o ato sexual – como também quando ri, tosse, faz qualquer esforço”, completa.

Há, ainda, o questionamento sobre o que é o líquido liberado pelas glândulas de Skeene no orgasmo.

“Como sai tanto o conteúdo da glândula de Skeene como a urina pela uretra, são duas possibilidades que estão sendo ainda aventadas, estudadas, cogitadas. E ninguém pode ainda afirmar com toda a categoria que é urina ou que seja secreção da glândula de Skeene. São duas hipóteses para justificar por que algumas mulheres – algo em torno de 10% – têm uma liberação de líquido no momento do orgasmo”, afirma Abdo.

10) Anorgasmia: o que é?

Anorgasmia significa a falta de capacidade de ter um orgasmo.

Mas atenção: não se pode dizer que uma mulher tem anorgasmia porque uma vez ou outra ela não atingiu o orgasmo. Isso precisa acontecer de forma sistemática.

“É uma possibilidade, ela vai ter um acompanhamento e resolver esse limite, esse bloqueio. Uma terapia sexual pode ajudar uma mulher que não tem orgasmo a conseguir ter”, explica Carmita Abdo.

Na experiência de Juliana Thaísa, até mulheres que chegam a ela com diagnóstico de anorgasmia feito por ginecologistas conseguem, por meio da terapia corporal, ter um orgasmo.

“Essa disfunção existe, mas é muito difícil acontecer de a mulher receber um estímulo devido e ela não conseguir chegar no orgasmo. Às vezes ela pode até demorar bem mais, às vezes precisa de um estímulo bem mais forte, vai precisar de um vibrador bem mais potente, mas é uma questão de treino – de trabalhar o emocional, o psicológico”, diz.

“Então, na verdade, ela não tem uma disfunção sexual, só não teve uma escuta um pouco mais sensível e não foi tocada do jeito certo”, pontua.

11) Orgasmos múltiplos: o que são?

Carmita Abdo explica que os orgasmos múltiplos – vários orgasmos sucessivos – são uma questão controversa.

“Alguns autores consideram que as mulheres podem ter vários orgasmos sucessivos, em uma mesma relação sexual, que seria o chamado orgasmo múltiplo. Outros autores questionam esse orgasmo múltiplo, dizendo que são sucessivas etapas de estímulo que vão acontecendo até que se atinja o clímax”, explica.

12) Anticoncepcional hormonal afeta a capacidade de ter orgasmo?

Ainda não há uma conclusão definitiva. Algumas pesquisas apontam que a pílula pode diminuir a libido feminina, enquanto outras apontam o oposto. E ainda há as que não viram efeito de um lado ou de outro.

Carmita Abdo pontua que outros fatores simultâneos ao uso da pílula podem estar associados à capacidade de ter um orgasmo.

“Uma mulher pode tomar anticoncepcional e isso afetar a sua capacidade de orgasmo não exclusivamente pelo anticoncepcional, mas por outros fatores que podem estar interferindo – dificuldades relacionais ou doenças que ela tenha – que vão desde depressão até alterações hormonais”, lembra.

Em entrevista ao podcast do “Bem-Estar”, a psiquiatra lembrou que alguns antidepressivos podem retardar o orgasmo, por exemplo. Nesses casos, é sempre bom conversar com o psiquiatra.

“A gente sabe que antidepressivos podem levar a um retardo da ejaculação, um retardo do orgasmo, tanto no homem quanto na mulher. Isso deve ser levado em consideração. Tanto que alguns homens que estão fazendo tratamento para depressão e que estão tomando antidepressivos e, por coincidência, são ejaculadores precoces, ficam muito felizes porque acabaram retardando a sua ejaculação como um efeito secundário dessa medicação”, explicou.

Escute a íntegra da entrevista:

13) A gravidez intensifica os orgasmos?

Não necessariamente – isso varia de mulher para mulher. Depende desde fatores como o tamanho da barriga até se a gravidez foi desejada ou não, dizem as especialistas ouvidas pelo g1.

“A mulher durante a gestação tem fases. Tem todas essas oscilações hormonais – além de tudo o que acontece no corpo. Tem a questão emocional e psicológica – a gestação era desejada ou indesejada? Queria estar gestando ou não queria estar gestando? Como é a rede de apoio, a pessoa parceira, que vai ser o pai ou a outra mãe? Está sobrecarregada? Tudo depende da estrutura, do ambiente”, comenta Juliana Thaísa.

Se a mulher estiver feliz com a gravidez, isso pode se refletir positivamente na vida sexual, afirma Carmita Abdo. Por outro lado, mudanças hormonais próprias da gravidez podem fazer com que a mulher não tenha tanto prazer ou interesse sexual.

Seja como for, diz a psiquiatra, o melhor período da gestação para a atividade sexual tende a ser o segundo trimestre.

“A última fase da gestação – pelo volume da barriga e pela indisposição próprias desse momento – a mulher está mais cansada, mais pesada, [o que] torna a relação sexual menos satisfatória em geral. O primeiro, pelas muitas mudanças que ela passa, até se adaptar”, diz.

14) Existe uma maneira correta de se masturbar – ou, no caso da relação sexual, de estimular a mulher – para atingir o orgasmo?

Em resumo, sim, diz Juliana Thaísa. Apesar de cada corpo ser único, “de fato existe um caminho geral que é bom pra todo mundo e que todo mundo gosta. E existe o que absolutamente ninguém gosta”, diz a terapeuta.

Ela lista algumas técnicas para não fazer:

  • Morder

“Clitóris e cabeça do pênis não foi feita pra ser mordida”, frisa.

  • Fazer ‘língua de cobra’

“É péssimo – é quando a pessoa coloca aquela pontinha da língua, não encosta o lábio, não encosta nada. Fica só com aquela pontinha da língua fazendo bem rápido pra cima e pra baixo no clitóris”, explica.

  • Chupar com força

“Não pode dar aquela chupada insuportável que parece que vai arrancar o clitóris”, reforça.

  • ‘Seguir o script’

“Uma coisa é fazer sexo oral pra seguir o script, outra coisa é fazer com gosto, com vontade, porque você gosta, porque você também sente prazer. A questão não é se você faz, é como você faz. Tudo isso vai acrescentando, agregando para proporcionar prazer”, explica.

“Você vai tocar no seio? Não é só dar uma apertadinha, dar uma chupadinha. É pra passar a língua no seio todo, e ficar um tempo ali. E no corpo inteiro também. Quando for fazer sexo oral, não pode ser rapidinho”, continua.

“Quando a gente fala de sexo oral, tem que pensar em muita língua, saliva – não para cuspir, mas tem que ser uma boca molhada, não pode ser uma boca seca. Muito estímulo, sem pressa. O sexo não é a penetração ou o orgasmo, é o caminho inteiro. É o que acontece durante toda aquela troca ali – desde o beijo até a hora que acaba”, diz.

Em entrevista ao podcast “Prazer, Renata”, a ginecologista Marcela McGowan explica que muitas mulheres podem não gostar da estimulação direta na glande do clitóris, por exemplo – a “bolinha” que fica embaixo do “capuz”.

Reprodução/Foto-RN176 Anatomia da vulva — Foto: Arte g1

“O clitóris tem até 10 cm de comprimento. É um órgão que desce pela nossa vulva, então ele tem como se fosse duas perninhas que vão descendo pelos lábios, ficam atrás dos nossos lábios – um material que é super enervado, que também é uma região muito prazerosa. É muito importante explorar tudo quando você tá falando de masturbação e de excitação, e não ir direto ali na glande. Para algumas mulheres, tocar direto a glande é incômodo, é desconfortável”, diz.

Na masturbação, o ideal é ir estimulando o corpo aos poucos.

“Você não pode começar [a se masturbar] super intenso se ainda não está super excitada. Precisa haver uma excitação e um contexto. Se você só colocar a mão lá, provavelmente não vai sentir nada nos primeiros minutos, até começar a se sentir excitada ou até fantasiar, ou até o seu corpo começar a responder” diz.

Ela também frisa a importância da lubrificação.

“Se você não está lubrificada, usar alguma coisa que te ajude antes de tocar é importante. Minha dica é não tocar direto a glande – é sempre explorar tudo ali pra achar qual é o ponto melhor pra você. Pode passar pela glande, pela pontinha em algum momento, mas explora toda a vulva, porque às vezes a sua região de prazer é em outro lugar ali no clitóris”, conclui.

15) O estímulo anal pode ser prazeroso para a mulher?

Sim, diz Juliana Thaísa, mas ele precisa ser feito devagar, com cuidado e lubrificante.

“O ânus é um canal que tem uma musculatura muito mais rígida, então esse corpo precisa de muito estímulo. Através de muito estímulo vai ter muita sensibilidade, excitação, e isso vai resultar num relaxamento. Se a pessoa está excitada, está relaxada, ela não está tensionando o corpo”, explica.

“É muito toque, muito estímulo, para poder ficar muito excitada, e aí usar muito lubrificante também. Tem que usar lubrificante. Saliva não é lubrificante. Primeiro tem o beijo grego [língua no ânus], depois vai botar o dedo, para depois botar o pênis. E, quando for botar, tem que botar devagar”, diz a terapeuta.

Mesmo assim, se o pênis for muito grande, pode ser que a penetração anal não seja possível, ressalta a terapeuta.

“Tem homem que vai lá e já vai enfiando o dedo, botando o pênis, nem avisa, nem sabe se a mulher quer. Aquela ‘foi sem querer’, ‘botei no lugar errado’, não, você sabia exatamente o que você estava fazendo. É cada coisa que você ouve que é um absurdo. Primeiro a mulher tem que querer – e tem que querer por ela, não é para agradar o homem”, reforça.

FONTE: G1